Rio - Enquanto a Polícia Federal prendia o
chefão do tráfico de 11 das 15 favelas do Complexo da Maré, Marcelo
Santos das Dores, o Menor P, na quarta-feira, a Secretaria de Segurança
Pública começava a caçada a comparsas dele em outras 30 comunidades.
Três delas contam com Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) e as
outras foram cercadas pela PM por tempo indeterminado. A medida é para
tentar capturar criminosos do Terceiro Comando Puro (TCP) e evitar novas
alianças que levem pânico a outros bairros do Rio e a cidades da Região
Metropolitana.
Menor P foi preso em seu apartamento
duplex em Jacarepaguá por agentes da Delegacia de Repressão a
Entorpecentes da Polícia Federal. Os policiais entraram pela cobertura e
pela porta. Com oito mandados de prisão pendentes por tráfico,
associação para o tráfico e homicídio, o acusado estava desarmado e não
resistiu.
As chamadas Operações de Ações
Repressivas são realizadas com objetivos específicos: vasculhamento da
área para reprimir qualquer tipo de crime; captura de criminosos; e
revista de suspeitos e veículos. As ações estão sendo feitas desde as
primeiras horas de quarta-feira por policiais dos batalhões das áreas
onde estão localizadas as comunidades, consideradas prioridades para a
Secretaria de Segurança, por terem sido identificadas como possíveis
rotas de fuga dos bandidos da Maré.
Dos 27 locais que ainda não possuem
UPPs, 19 são dominados pela facção criminosa Comando Vermelho (CV) e
seis pelo Terceiro Comando Puro (TCP). Nos complexos do Lins, da
Mangueirinha (Duque de Caxias) e do Caju, o reforço está por conta de
policiais das Unidades de Polícia Pacificadoras vizinhas.
Ontem, a atenção da polícia também se
voltou para comunidades da Ilha do Governador, principalmente a Boogie
Woogie. Os setores de Inteligência receberam informações que integrantes
das quadrilhas da Maré buscaram refúgio naquela comunidade, que
amanheceu com barricadas em seus principais acessos. Na Nova Holanda,
homens do Batalhão de Ações com Cães (BAC) apreenderam drogas e
carregadores.
No início da madrugada de domingo,
horas antes da ocupação da Maré, homens dos batalhões de Choque e de
Grandes Eventos também farão operações em vias expressas, como Avenida
Brasil e linhas Vermelha e Amarela. Enquanto isso, policiais do Batalhão
de Operações Especiais (Bope), com apoio dos fuzileiros navais e de
batalhões de área, estarão retomando as 15 comunidades do complexo. Por
determinação da Secretaria de Segurança, os policiais que vão participar
da operação não poderão usar mochilas, bolsas, entre outros. A ordem é
para evitar que maus agentes fiquem com materiais apreendidos, o chamado
‘espólio de guerra’, como ocorreu no Complexo do Alemão, em 2010.
Vídeo: Vídeo mostra momento da prisão do traficante Menor P
Menor P se escondia até em esgoto
A vida de Menor P era o luxo no lixo,
segundo o delegado Fábio Andrade, da Delegacia de Repressão a
Entorpecentes da Polícia Federal (PF). Ele afirmou que o traficante não
tinha ponto fixo na Maré e, para fugir da polícia, dormia em carros, na
rua e até na rede de esgoto.
O superintendente regional da PF,
Roberto Cordeiro, informou que a investigação durou um ano. Policiais
identificaram o apartamento duplex, em Jacarepaguá, onde o traficante se
esconderia e ficaram o dia inteiro esperando.
Menor P estava sozinho e não reagiu. O
imóvel foi escolhido por estar em rota de fuga privilegiada. Desarmado e
com R$ 4 mil, o traficante se mostrou prepotente ao corrigir um
policial que perguntou se ele era o ‘de frente da Maré’. O acusado
respondeu que era o ‘dono’. Ele foi transferido para Bangu 1. A
Secretaria de Segurança vai pedir a transferência dele para um presídio
federal. Ontem, a Justiça autorizou o pedido para a ida de Adair Marlon
Duarte, o Aldair da Mangueira, para penitenciária federal. Ele é acusado
dos confrontos antes da ocupação da Vila Kenned, em Bangu.
Colaborou Athos Moura e Felipe Freire
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