Três anos depois do acidente que matou seis passageiros, moradores protestam nas ruas
Embora o modelo novo já esteja exposto desde terça-feira no Largo do Curvelo, a frota renovada, com 14 bondes, só estará circulando em dezembro de 2015. O cronograma inicial previa que em março de 2014, o sistema já estivesse em operação, a tempo da Copa do Mundo.
Mas, este ano, apenas um trecho de cerca de um quilômetro, na Rua Joaquim Murtinho, vai entrar em operação. A linha completa terá 10,5 quilômetros de extensão — 3 quilômetros a mais do que na época do acidente. Os protestos desta quarta começaram de manhã cedo, quando uma faixa gigante foi estendida nos Arcos da Lapa. A tarde foi marcada por uma caminhada até o ponto onde o bonde descarrilou, na Rua Joaquim Murtinho. À noite, foi celebrada uma cerimônia ecumênica, em memória das vítimas, na Igreja Anglicana do bairro.
Durante a passeata, que reuniu cerca
de 70 moradores, o presidente da Associação de Moradores e Amigos de
Santa Teresa (Amast), Paulo Saad, homenageou o motorneiro Nelson Correa
da Silva, que morreu no acidente. “Nelson era muito gentil e educado,
ajudava os mais velhos a embarcar. Ele fez o que pôde para evitar uma
tragédia ainda maior”, disse Saad, no local do acidente, onde flores
foram depositadas.
Na terça-feira, o primeiro dos novos bondes foi
apresentado aos moradores. Puxado por um caminhão, subiu a Rua Joaquim
Murtinho e está agora estacionado no Curvelo. Ele será testado durante
cerca de 30 dias, quando começará a fazer o transporte de passageiros no
trecho que já está pronto. “Vamos testar à exaustão. A prioridade é a
segurança”, declarou o subsecretário da Casa Civil, Rodrigo Vieira.
Em 27 de agosto de 2011, um bonde descarrilou e tombou na Rua Joaquim Murtinho, na altura do número 273. Além das seis vítimas fatais, mais de 50 pessoas ficaram feridas.
Atraso nas obras causa transtornos no bairro
Para os que vivem em Santa Teresa, a
falta do bondinho, além de descaracterizar o bairro, traz uma série de
inconvenientes. “Nossas ruas não são preparadas para receber um trânsito
tão intenso, com veículos pesados como esses ônibus que substituem o
bonde. Eles abrem muitos buracos nas vias, causando vazamentos de água e
de gás”, reclamou o engenheiro José Rabelo, de 62 anos, que vive há 50
no bairro.
Segundo ele, as concessionárias CEG e Cedae
fazem reparos e, em seguida, surgem outros buracos. Questionada sobre se
há alguma ação para prevenir a abertura dos buracos nas ruas, a
Secretaria Municipal de Obras informou que “não possui ações previstas
para a área”.
Outro transtorno relatado pelos moradores é a irregularidade na frequência do ônibus com tarifa subsidiada, conhecidos como Florzinha, que custam o mesmo preço dos antigos bondinhos, R$ 0,60. “São apenas dois veículos que deviam passar de meia em meia hora, mas não passam. E também não circulam nos fins de semana”, lamentou o produtor cultural Paulo Vasconcelos, de 49 anos. O comércio local também sofre com as obras. “As vendas caíram muito”, comentou a vendedora Fernanda Fagundes, 37.
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