Técnica pode poupar pacientes transplantados de muitos remédios |
Cientistas da Universidade de
Schleswig-Holstein, na Alemanha, desenvolveram um novo procedimento que
pode diminuir a necessidade
dos fortes medicamentos contra rejeição em casos de
transplante de órgãos.
O novo procedimento envolve a mistura de glóbulos brancos do sangue do paciente com glóbulos brancos do doador.
Atualmente os pacientes que passam por transplante precisam tomar um coquetel de medicamentos para o resto de suas vidas,
para diminuir a reação de seu sistema imunológico e evitar que o novo órgão seja rejeitado.
Estes medicamentos podem causar efeitos colaterais e não evitar a lenta rejeição do órgão com o tempo.
Mas um dos pacientes que participaram do estudo ficou oito meses sem tomar os imunossupressores e outros pacientes passaram
a tomar doses mais baixas.
Segundo James Hutchinson, chefe da
pesquisa, a nova técnica ainda está num estágio preliminar, mas os
resultados nos 17 pacientes
testados foram promissores.
"(A nova técnica) pode, eventualmente oferecer a pacientes que passaram por um transplante uma qualidade de vida muito maior,
livre de complicados regimes de medicamentos", afirmou.
A pesquisa foi divulgada na publicação científica Transplant International.
Células especializadas
O novo procedimento prevê que os
pacientes que passaram pelo transplante recebam uma mistura de células
especializadas, conhecidas
como células indutoras de aceitação de transplantes
(TAICs, na sigla em inglês).
Os cientistas criam as TAICs isolando um tipo de glóbulo branca do sangue do doador e modificando estas células, quimicamente,
no laboratório.
Uma vez modificadas, as células
ganham a habilidade de matar células do sistema imunológico que
desencadeiam o processo de
rejeição. Estas células modificadas também aumentam a
ação de outro tipo de célula imunológica, que tem um papel benéfico
contra a rejeição.
As células então vão para uma cultura, junto com células do paciente que vai receber o órgão.
A técnica foi testada em pacientes de transplante de rim. Alguns deles tinham recebido a mistura de células antes da cirurgia
e outros, depois do transplante, como uma terapia adicional.
Efeitos
No primeiro estágio dos testes clínicos, 12 pacientes receberam rins de doadores que já tinham morrido e receberam também
as TAICs junto com remédios tradicionais contra a rejeição.
Em dez pacientes o coquetel de
remédios convencionais foi retirado do tratamento gradualmente. Seis
pacientes, eventualmente,
receberam apenas uma dose baixa de um único remédio,
diminuindo de forma substancial o risco de efeitos colaterais.
No segundo estágio dos testes, cinco pacientes que receberam rins de doadores vivos receberam a mistura das TAICs antes da
cirurgia de transplante.
Um destes pacientes conseguiu ficar
oito meses sem tomar nenhum dos imunossupressores e outros três tiveram o
tratamento diminuído
até chegar, com sucesso, a uma terapia baseada em uma
única dose, mais baixa.
"Nossa pesquisa mostra claramente que fornecer as TAICs a pacientes antes do transplante de rins, ou depois do procedimento,
é uma opção clínica prática e segura", afirmou James Hutchinson.
Keith Rigg, especialista em
transplantes e vice-presidente da Sociedade Britânica de Transplantes,
afirma que "como os autores
(da pesquisa) falaram, ainda é um trabalho preliminar,
e é necessário mais desenvolvimento e apuro do processo, mas este
procedimento
parece ter potencial".
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