O que ninguém conseguiu entender foi os 34% da presidenta. Quem vota no PT não muda de lado, pois é um voto ideológico, ao contrário do PSDB, que é um voto de protesto (fora Lula e Dilma).
Impossível analisar o 1º debate entre os presidenciáveis, promovido pela
Rede Band até a madrugada de hoje, separado da pesquisa IBOPE divulgada
ontem, porque ambos provocaram um novo rearranjo, montaram um novo
cenário no quadro da eleição presidencial a 39 dias do 1º turno dia 5 de
outubro.
A pesquisa IBOPE trouxe o mais importante
fato político da campanha depois da trágica morte dia 13 pp. do primeiro
candidato do PSB ao Planalto, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo
Campos. O IBOPE simplesmente confirmou que o senador candidato Aécio
Neves e o PSDB podem ficar fora do 2º turno, que tudo indica, será
disputado entre a candidata do PSB, Marina Silva e a do PT, a presidenta
Dilma Rousseff.
Como vocês podem ver pela pesquisa, o cenário é de que a candidata do
PSB-Rede Sustentabilidade, Marina, vença no 2º turno a presidenta,
possibilidade que Aécio já não tem mais, caso fosse ele a chegar a 2ª
etapa da disputa. Ele, sim, seria derrotado pela presidenta Dilma. Mas,
em se tratando da pesquisa, a principal pergunta a ser feita é: por que
não foi feita uma simulação de 2º turno Marina x Aécio nesta pesquisa
do IBOPE? Tudo indica que, se realizada, Aécio perde e feio.Por que não houve simulação de 2º turno entre Marina x Aécio?
De qualquer forma, como sempre lembrava aqui o ex-ministro José Dirceu quando analisava levantamentos de opinião pública, a pesquisa IBOPE é uma pesquisa a mais. Vale como foto do momento e seu principal resultado já era esperado uma vez que Marina já atingira essa votação antes do fracasso da REDE e da aliança com Eduardo Campos do PSB.
Não se pode esquecer, também, que na disputa eleitoral de 2002, o candidato a presidente Ciro Gomes estava com 28% em agosto, mas teve 11% no dia da eleição. O mesmo vale, portanto, para a hipótese de 2º turno este ano, no dia 27 de outubro.
Sem esquecer um ponto importante trazido pela pesquisa: ela deve servir de alerta ao PT e à sua candidata, a presidenta Dilma. Tampouco deve provocar desânimo, porque o quadro, como sabemos, depende ainda da forma como vai se desdobrar daqui para a frente disputa eleitoral e política e de fatos e acontecimentos que, como já vimos, não podem ser antecipados pelas pesquisas.
Um debate de alto nível
A Rede Band merece hoje todos os elogios por ter patrocinado o debate – e proporcionado as condições para que ele fosse de alto nível, como se viu. O debate que se estendeu até a madrugada de hoje, ao contrário do que geralmente dizem os eternos críticos da política, das campanhas e até das eleições, deu aos telespectadores a oportunidade de avaliar os candidatos e suas propostas – ou a falta delas -, as respostas ou a falta delas.
Aliás, como está acontecendo, como está sendo proporcionado pelos programas da propaganda eleitoral no rádio e TV, e pelos demais debates promovidos, como os da parceria Folha de S.Paulo-UOL-SBT-Rádio Jovem Pan. A exceção fica, como sempre com a Rede Globo e o simulacro de entrevista que ela tem promovido na bancada do seu Jornal Nacional.
No debate da Rede Band, a presidenta Dilma Rousseff saiu-se bem e respondeu a todas questões. Não se intimidou com as perguntas nem com as acusações de Aécio e Marina, expôs as realizações do governo e sua gestão econômica, realçando a criação de empregos e a manutenção da renda, as obras de infra estrutura, os avanços na educação e em inovação.
Foi bem, da mesma forma ao rebater as críticas aos principais programas de sua gestão, como por exemplo ao Mais Médicos. A presidenta defendeu a Petrobras tão violentamente atacada pela oposição nos últimos tempos e pelo candidato Aécio neste debate. A presidenta Dilma pode, assim, comemorar seu desempenho. Ela respondeu à altura as críticas sem qualquer agressão aos adversários. Expôs com precisão e objetividade as realizações do governo e não deixou pergunta sem resposta.
Marina e sua estratégia de se apresentar como a 3ª Via
No debate a candidata Marina Silva manteve sua postura e objetivo de se apresentar como 3ª Via a polarização PSDB-PT. Por isso, não deixou de criticar, também, Aécio Neves. Foi incapaz, no entanto, de apresentar uma única proposta de governo. Mesmo cobrada de forma direta e objetiva pelo candidato do PV ao Planalto, Eduardo Jorge.
E, pelo que deu para se perceber no debate, a candidata Marina Silva, tudo indica que ainda não se definiu como tratar agora seu principal adversário. Aécio Neves, da mesma forma que passava a impressão de que temia passar recibo de que ela o retirou – sejamos condescendentes… – o está retirando do 2º turno.
Na verdade, de certa forma, Marina também ainda não se definiu sobre seu principal adversário já que manteve Aécio na mira, batendo duro no sucateamento e descalabro administrativo que encontramos quando chegamos ao governo federal em 2003 - começando, lembrou, pelo ministério que ela ocupou, o do Meio Ambiente, que sequer tinha funcionários para ela começar a trabalhar.
O sorriso irônico de Aécio
Marina não poupou tampouco vitrines mineiras de Aécio, como o tal choque de gestão (que ele gosta de propagandear de um lado pra outro) e triste quadro do Vale do Jequitinhonha, bem como a situação do servidor público mineiro.
Já da parte de Aécio nenhuma novidade. Ele repetiu durante todo o debate meramente o seu discurso da TV e das entrevistas, criticando o PT e o governo, apoiando-se no exemplo de seu governo em Minas e reivindicando a herança de FHC. Aécio manteve um sorriso irônico em todo debate. Aí, não se sabe se por estilo ou se arrasado diante dos números da pesquisa.
Por isso anunciou, com uma antecedência jamais vista em uma campanha presidencial, Armínio Fraga como seu futuro Ministro da Fazenda. O anúncio foi feito como vacina à pesquisa IBOPE, deixando evidente que os tucanos sentiram o golpe.
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