8.26.2010

Brasil tem 78 casos suspeitos de bactéria que causou surto hospitalar

Casos se concentram em unidades particulares em Manaus e interior do RS.
Investigação indica que instituições não seguiram protocolo de esterilização.

Dois anos após provocar no País um surto de infecção hospitalar de proporções inéditas no mundo, a micobactéria de crescimento rápido volta a contaminar dezenas de pessoas no Brasil. Nesta nova onda, foram registrados 78 casos suspeitos de contaminação, concentrados em pacientes atendidos em dois hospitais particulares: um em Manaus e outro em Carazinho (RS), município a 292 km de Porto Alegre.

O controle de infecções hospitalares continua
precário no País"Margareth Dalcolmo, diretora do Centro de Referência Professor Hélio FragaAs informações são da repórter Lígia Formenti, do jornal "O Estado de S. Paulo".

Embora os estudos não estejam concluídos, autoridades sanitárias não hesitam em afirmar que a origem das novas contaminações é a mesma que provocou o surto entre 2006 e 2008: o uso de equipamentos de videoscopia sem esterilização e desinfecção adequada.

"É uma crônica de morte anunciada", afirmou a diretora do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, Margareth Dalcolmo. "O controle de infecções hospitalares continua precário no País." Margareth contou que, nos casos recentes, a micobactéria apresenta uma resistência maior aos remédios usados para tratamento. "Uma parte dos pacientes tem de ser tratada com drogas endovenosas, algo que requer um cuidado maior."

Atualmente, a terapia necessária é mais cara e longa - no mínimo seis meses. "É um problema que preocupa: pelas características do agente da doença, pelo sofrimento humano, pela duração do tratamento." A pneumologista deverá fazer o sequenciamento genético dos agentes que causaram infecção nos dois hospitais. Em Manaus, o problema está concentrado no Hospital Santa Júlia. O nome do hospital de Carazinho não foi informado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Após o surto registrado até 2008, a Anvisa divulgou novas regras para desinfecção dos aparelhos. Algo que, para Margareth, não foi adotado em todo o País. "O paciente teoricamente escolhe a técnica por ser menos invasiva e, por causa do material não esterilizado, acaba sendo vítima de infecção grave. Muitas vezes, cirurgias são necessárias para tratar a contaminação."

Ag. Estado

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