Uma nova vacina pode combater o vírus da hepatite E. A descoberta foi anunciada ontem no periódico médico "Lancet",após estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Xiamen, na China, país em que a doença é endêmica.
O levantamento testou a eficácia da vacina HEV 239 em mais de 11 mil adultos de ambos os sexos, na província chinesa de Jiangsu. Após a terceira dose, a prevenção chegou ao patamar de 100%.
O estudo, porém, ainda está em fase de experimentação. Não chegou a ser testado em gestantes e maiores de 65 anos, grupos em que a fatalidade da doença é maior.
A hepatite E é transmitida por via fecal-oral. Em geral, acomete habitantes de regiões com condições precárias de saneamento básico.
Ao ingerir a água contaminada pelo vírus, a pessoa pode desenvolver a inflamação no fígado que, eventualmente, leva à morte.
NO BRASIL
O primeiro caso de hepatite E detectado aqui foi confirmado neste mês pelo Instituto Oswaldo Cruz.
O presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Raymundo Paraná, não descarta a possibilidade de existirem mais pessoas infectadas no Brasil. Os exames para diagnosticar o vírus estão sendo reformulados, lembra.
"Não temos boas condições de saneamento básico e, com gente viajando o tempo todo, não há por que pensar que as pessoas não possam trazer o vírus de fora", diz.
Esper Kallás, professor de imunologia clínica e alergia da Faculdade de Medicina da USP, diz que a doença é rara aqui, e essa não seria uma vacina primordial, comparada "à que previne hepatite C conjugada com meningite".
Para Edna Strauss, professora de hepatologia da Faculdade de Medicina da USP, os resultados da pesquisa são positivos. "A China tem um problema endêmico com a hepatite E. Aqui, ela existe, mas nunca se provou que tivesse grande repercussão."
Folha
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