FIOCRUZ
Brasil já integra rede da OMS
Laboratório da Fiocruz é referência para monitorar a resistência
O Brasil passou a integrar esta semana a rede da Organização Mundial de Saúde de monitoramento da resistência do vírus HIV aos medicamentos disponíveis atualmente. O Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) é o primeiro a ser credenciado como centro de referência na América do Sul.
Um dos maiores desafios encontrados atualmente no tratamento da Aids é a resistência aos medicamentos disponíveis. Para buscar formas para driblar o problema, a OMS criou a rede global de monitoramento, chamada HIVResnet.
Atualmente estima-se que, no Brasil, 1% das pessoas infectadas pelo vírus apresentem multirresistência às drogas, ou seja, nenhum dos 24 remédios do coquetel surte efeito. Um percentual inferior a 5%, no entanto, pode apresentar resistência a uma ou algumas das drogas. Por isso, explicam os especialistas, o monitoramento é fundamental para a determinação do tratamento mais eficiente.
Desde 2002 o laboratório da Fiocruz faz testes de genotipagem do vírus — indicados para indivíduos que não respondem à terapia convencional. O objetivo é, justamente, determinar a quais drogas o paciente é resistente, para tratá-lo da forma mais eficiente possível.
— Na prática, vamos integrar essa rede recebendo dados de outros países da América do Sul e também de outras regiões do Brasil para estudarmos também de forma ampla e sistemática a resistência transmitida, ou seja, em que a pessoa já se infecta com um vírus resistente — explica o coordenador do Serviço de Referência da OMS e pesquisador titular do Laboratório do IOC, José Carlos Couto Fernandez, responsável também pelo comitê assessor em genotipagem do HIV do Ministério da Saúde.
Escolha entre mais de 30 centros
O laboratório da Fiocruz foi escolhido dentre mais de 30 centros da América Latina. Como integrante da rede da OMS, o laboratório receberá também demandas específicas, como, por exemplo, determinar níveis de resistência transmitida em crianças e gestantes, casos considerados prioritários. O grupo estudará também as formas de transmissão da resistência. Tais informações são cruciais, explica Fernandez, para a determinação de políticas públicas nacionais e internacionais.
— Por exemplo, em função da constatação de um aumento da prevalência da resistência transmitida, pode-se alterar políticas de tratamento e de diagnóstico — disse o especialista. — A grande vantagem é que, com a coordenação da OMS, teremos um estudo global.
O Brasil monitora a resistência às drogas do coquetel de forma sistemática desde 2003, por meio do laboratório e também de iniciativas individuais de outros grupos de pesquisa.
— No Brasil, os níveis de resistência são considerados baixos, não chegam a 5% — afirmou o pesquisador. — Níveis altos são aqueles acima de 15%.
Entretanto, os últimos levantamentos mostraram, por exemplo, que, para algumas categorias de drogas amplamente utilizadas, a resistência no país chega a 11%.
— Isso é esperado em razão do largo uso dessas drogas na terapia brasileira — disse Fernandez. — Mas é também um alerta para o ministério de que o uso maciço desses remédios pode vir a ser comprometedor. É um dado importante também para que o ministério busque novos alvos.
Cada país do mundo tem um perfil diferente de resistência. Na Espanha e na Itália, por exemplo, a resistência transmitida do vírus é bem alta, chegando a 20%. (R.J.)
Matéria no site original
Simone Marinho
O Globo
Brasil já integra rede da OMS
Laboratório da Fiocruz é referência para monitorar a resistência
O Brasil passou a integrar esta semana a rede da Organização Mundial de Saúde de monitoramento da resistência do vírus HIV aos medicamentos disponíveis atualmente. O Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) é o primeiro a ser credenciado como centro de referência na América do Sul.
Um dos maiores desafios encontrados atualmente no tratamento da Aids é a resistência aos medicamentos disponíveis. Para buscar formas para driblar o problema, a OMS criou a rede global de monitoramento, chamada HIVResnet.
Atualmente estima-se que, no Brasil, 1% das pessoas infectadas pelo vírus apresentem multirresistência às drogas, ou seja, nenhum dos 24 remédios do coquetel surte efeito. Um percentual inferior a 5%, no entanto, pode apresentar resistência a uma ou algumas das drogas. Por isso, explicam os especialistas, o monitoramento é fundamental para a determinação do tratamento mais eficiente.
Desde 2002 o laboratório da Fiocruz faz testes de genotipagem do vírus — indicados para indivíduos que não respondem à terapia convencional. O objetivo é, justamente, determinar a quais drogas o paciente é resistente, para tratá-lo da forma mais eficiente possível.
— Na prática, vamos integrar essa rede recebendo dados de outros países da América do Sul e também de outras regiões do Brasil para estudarmos também de forma ampla e sistemática a resistência transmitida, ou seja, em que a pessoa já se infecta com um vírus resistente — explica o coordenador do Serviço de Referência da OMS e pesquisador titular do Laboratório do IOC, José Carlos Couto Fernandez, responsável também pelo comitê assessor em genotipagem do HIV do Ministério da Saúde.
Escolha entre mais de 30 centros
O laboratório da Fiocruz foi escolhido dentre mais de 30 centros da América Latina. Como integrante da rede da OMS, o laboratório receberá também demandas específicas, como, por exemplo, determinar níveis de resistência transmitida em crianças e gestantes, casos considerados prioritários. O grupo estudará também as formas de transmissão da resistência. Tais informações são cruciais, explica Fernandez, para a determinação de políticas públicas nacionais e internacionais.
— Por exemplo, em função da constatação de um aumento da prevalência da resistência transmitida, pode-se alterar políticas de tratamento e de diagnóstico — disse o especialista. — A grande vantagem é que, com a coordenação da OMS, teremos um estudo global.
O Brasil monitora a resistência às drogas do coquetel de forma sistemática desde 2003, por meio do laboratório e também de iniciativas individuais de outros grupos de pesquisa.
— No Brasil, os níveis de resistência são considerados baixos, não chegam a 5% — afirmou o pesquisador. — Níveis altos são aqueles acima de 15%.
Entretanto, os últimos levantamentos mostraram, por exemplo, que, para algumas categorias de drogas amplamente utilizadas, a resistência no país chega a 11%.
— Isso é esperado em razão do largo uso dessas drogas na terapia brasileira — disse Fernandez. — Mas é também um alerta para o ministério de que o uso maciço desses remédios pode vir a ser comprometedor. É um dado importante também para que o ministério busque novos alvos.
Cada país do mundo tem um perfil diferente de resistência. Na Espanha e na Itália, por exemplo, a resistência transmitida do vírus é bem alta, chegando a 20%. (R.J.)
Matéria no site original
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O Globo
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