Uma equipe de cirurgiões do Hospital Angelina Caron, na região metropolitana de Curitiba (PR), realizou no mês passado o primeiro transplante de fígado com dois doadores vivos no país.
A operação, feita em 25 de novembro, durou 15 horas. Tanto o transplantado quanto os doadores passam bem.
"É mais uma forma de aumentar o número de transplantes no país", afirma o médico João Eduardo Nicoluzzi, chefe do serviço de transplantes do Angelina Caron.
A técnica, usada pela primeira vez na Coreia do Sul, há 11 anos, ajuda a "driblar" a espera na fila para o transplante de órgãos no Brasil.
Hoje, cerca de 93% dos transplantes de fígado no país são feitos com doadores cadáveres, segundo dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).
A espera por um órgão compatível (de mesmo tipo sanguíneo e do tamanho adequado) pode ultrapassar um ano.
"O resultado do transplante hepático com cadáver tem sido tão bom que ele é vítima do próprio sucesso: a fila aumentou brutalmente e há poucas pessoas doando", afirma Nicoluzzi.
O uso de dois doadores facilita a busca por um órgão. O transplantado precisa receber um órgão que tenha, no mínimo, 1% do seu peso corporal. O doador, por sua vez, pode retirar no máximo 70% de seu fígado, que se regenera após a cirurgia.
Com dois órgãos, a chance de atingir o volume mínimo para o transplantado, sem precisar chegar ao limite dos doadores, é maior.
O doente também tem a vantagem de receber um órgão mais saudável do que o fígado de um cadáver.
PROCEDIMENTO
A cirurgia com dois doadores é mais complexa, já que os dois pedaços de fígado precisam ser ligados cuidadosamente para formar um órgão só. "É possivelmente a cirurgia mais complicada do corpo humano", diz Nicoluzzi.
Só depois de costurados é que os pedaços de fígado são transplantados no paciente.
Para o médico, a técnica deve ser uma medida de exceção, apesar do sucesso dessa cirurgia. O ideal ainda é envolver o mínimo de pessoas sadias no transplante.
"Se houvesse mais doações de cadáveres, não haveria por que fazer [o transplante com doadores vivos]", diz.
O uso de dois doadores, para o médico, é uma boa alternativa para quem está na espera por um fígado há bastante tempo e tem fatores de risco que não pontuam na escala que determina a ordem dos transplantados -como hemorragia digestiva e encefalopatia hepática (quando a pessoa entra em coma por falência aguda do fígado).
"A mortalidade na fila para quem está esperando fígado chega a 40%. Temos de começar a criar alternativas", afirma o cirurgião.
O médico Silvano Raia, que fez o primeiro transplante hepático entre vivos em 1985, afirma que o risco de rejeição é baixo, mas que o paciente deve ser acompanhado.
A operação, feita em 25 de novembro, durou 15 horas. Tanto o transplantado quanto os doadores passam bem.
Editoria de arte/folhapress | ||
A técnica, usada pela primeira vez na Coreia do Sul, há 11 anos, ajuda a "driblar" a espera na fila para o transplante de órgãos no Brasil.
Hoje, cerca de 93% dos transplantes de fígado no país são feitos com doadores cadáveres, segundo dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).
A espera por um órgão compatível (de mesmo tipo sanguíneo e do tamanho adequado) pode ultrapassar um ano.
"O resultado do transplante hepático com cadáver tem sido tão bom que ele é vítima do próprio sucesso: a fila aumentou brutalmente e há poucas pessoas doando", afirma Nicoluzzi.
O uso de dois doadores facilita a busca por um órgão. O transplantado precisa receber um órgão que tenha, no mínimo, 1% do seu peso corporal. O doador, por sua vez, pode retirar no máximo 70% de seu fígado, que se regenera após a cirurgia.
Com dois órgãos, a chance de atingir o volume mínimo para o transplantado, sem precisar chegar ao limite dos doadores, é maior.
O doente também tem a vantagem de receber um órgão mais saudável do que o fígado de um cadáver.
PROCEDIMENTO
A cirurgia com dois doadores é mais complexa, já que os dois pedaços de fígado precisam ser ligados cuidadosamente para formar um órgão só. "É possivelmente a cirurgia mais complicada do corpo humano", diz Nicoluzzi.
Só depois de costurados é que os pedaços de fígado são transplantados no paciente.
Para o médico, a técnica deve ser uma medida de exceção, apesar do sucesso dessa cirurgia. O ideal ainda é envolver o mínimo de pessoas sadias no transplante.
"Se houvesse mais doações de cadáveres, não haveria por que fazer [o transplante com doadores vivos]", diz.
O uso de dois doadores, para o médico, é uma boa alternativa para quem está na espera por um fígado há bastante tempo e tem fatores de risco que não pontuam na escala que determina a ordem dos transplantados -como hemorragia digestiva e encefalopatia hepática (quando a pessoa entra em coma por falência aguda do fígado).
"A mortalidade na fila para quem está esperando fígado chega a 40%. Temos de começar a criar alternativas", afirma o cirurgião.
O médico Silvano Raia, que fez o primeiro transplante hepático entre vivos em 1985, afirma que o risco de rejeição é baixo, mas que o paciente deve ser acompanhado.
ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
Folha
DE CURITIBA
Folha
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