4.22.2013

Parlamentares criticam FBI após atentado

  • Opositores de Obama questionam por que investigações sobre jovens em 2011 não prosseguiram
  • Segundo TV americana, suspeito capturado está consciente e respondeu a perguntas de investigadores por escrito

Em Boston, pessoas se reúnem para observar memorial em homenagem às vítimas dos atentados na maratona da cidade, ornado com bandeiras dos Estados Unidos
Foto: MARIO TAMA/AFP
Em Boston, pessoas se reúnem para observar memorial em homenagem às vítimas dos atentados na maratona da cidade, ornado com bandeiras dos Estados Unidos MARIO TAMA/AFP
Boston - A captura, na sexta-feira, de um dos suspeitos de terem cometido o atentado na Maratona de Boston — o outro morreu horas antes — foi celebrada por americanos de diversos setores. Mas, depois de atingido o objetivo, as críticas ao fato de o FBI (polícia federal americana) ter interrogado em 2011 Tamerlan Tsarnaev, morto em confronto com a polícia, e não ter descoberto nenhuma atividade terrorista ligada a ele, têm sido numerosas, principalmente vindas de parlamentares da oposição ao governo do presidente Barack Obama. Também vêm do Congresso dos Estados Unidos avaliações de políticos dos partidos Democrata (o de Obama) e Republicano a favor de que Dzhokar Tsarnaev, o suspeito detido, seja julgado em um tribunal federal. Com isso, há a possibilidade de que seja condenado à morte, pena não prevista no estado de Massachusetts, onde foram cometidos os crimes dos quais os irmãos Tsarnaev — que estariam planejando mais ataques, segundo autoridades — são suspeitos.
Completa o cenário de ansiedade americana diante do que pode ter sido a maior ameaça terrorista ao país desde os atentados de 11 de setembro de 2001 o fato de Dzhokar Tsarnaev estar impossibilitado de falar devido ao seu grave estado de saúde. Fontes disseram ao “New York Times” e à rede CBS que o suspeito teria tentado cometer suicídio ao atirar contra o próprio pescoço. Apesar disso, segundo informantes da CNN e da ABC, o suspeito estava consciente e começou a responder, por escrito, algumas perguntas das autoridades na noite de domingo.
O depoimento do suspeito ganha especial importância devido às perguntas sobre o atentado na maratona que ainda não têm resposta. Ainda falta saber, por exemplo, quais as motivações dos suspeitos de terem cometido o ataque; e se agiram sozinhos ou atendendo aos interesses de algum grupo, notadamente organizações ligadas à luta pela independência da república russa da Chechênia — nascidos no Quirguistão, os irmãos Tsarnaev (Tamerlan, de 26 e Dzhokar, de 19) são muçulmanos de etnia chechena e viviam há cerca de dez anos nos Estados Unidos.
— Até o momento, a informação que tenho é de que eles agiram sozinhos — disse Menino.
Grupo islamista nega ligação com o caso
O secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, disse que os investigadores ainda não tinham informações sobre motivações e planejamento do atentado. Já o comissário de polícia de Boston, Edward Davis, comentou que os irmãos são suspeitos também de planejar outros ataques. Segundo Davis, isso se deve à quantidade de explosivos encontrada no local do tiroteio em que Tamerlan morreu: havia mais de 250 cartuchos de munição e o chão estava cheio de dispositivos improvisados ​​não detonados. Outro explosivo foi encontrado dentro de um carro que os irmãos haviam roubado. Investigadores tentam agora rastrear todas as armas usadas pelos irmãos.
— Temos razões para acreditar que, com base no poder de fogo que eles tinham, que eles iam atacar outras pessoas — disse Davis.
Dzhokar não é o único sob pressão a dar satisfações sobre o que aconteceu em Boston. O FBI está sob pressão para dizer por que Tamerlan não foi detido quando interrogado em 2011. A resposta de que nada foi descoberto, então, sobre supostas atividades terroristas do suspeito não tem sido suficiente para acalmar os ânimos nos EUA, principalmente dos republicanos no Congresso.
— Se ele (Tamerlan) estava no radar, se estava no radar dos russos, e o deixaram ir, por que não havia nenhum tipo de aviso sobre ele? — questionou o deputado republicano Michael McCaul, presidente da comissão de segurança nacional da Câmara dos Representantes.
A menção do deputado à Rússia diz respeito à informação, não confirmada oficialmente, de que Moscou foi o governo estrangeiro em busca de dados sobre Tamerlan, pedido que levou ao interrogatório do FBI. A convocação da polícia também teria despertado preocupações no Departamento de Segurança Interna quando Tamerlan entrou com o pedido de cidadania americana no ano passado. A solicitação ainda estava sob análise no dia do atentado em Boston.
O também deputado republicano Mike Rogers, presidente da Comissão de Inteligência da Câmara, defendeu o FBI ao dizer que a polícia não obteve cooperação do país que fez o pedido de investigação. Mas Rogers levantou outra questão em aberto: o que fez Tamerlan durante os seis meses que passou na Rússia em 2012. Especula-se que possa ter recebido treinamento para ataques terroristas.
— Esse período é muito importante. É provavelmente quando ele se radicalizou — disse Rogers, contra as declarações de parentes de Tamerlan segundo os quais ele teria se radicalizado nos EUA.
Um dos principais grupos islamistas que atuam na região da Chechênia e do Daguestão, república russa na qual os irmãos também viveram, negou envolvimento no caso. “Estamos lutando contra a Rússia”, diz o comunicado do Emirado do Cáucaso, que assumiu a responsabilidade por inúmeros atentados anteriores, mas em território russo.
Até domingo, Dzhokar não havia sido formalmente acusado pelos crimes dos quais é suspeito de ter cometido. E, assim como pressionaram o FBI por sua atuação no caso de Boston, parlamentares como os senadores democratas Charles Schumer e Dianne Feinstein, além do republicano Lindsey Graham, marcaram posição a favor de que o suspeito seja levado a um tribunal federal em vez de uma corte militar.
— Dados os fatos, seria apropriado usar a pena de morte neste caso e eu espero que ela seja aplicada em uma corte federal — disse Schumer, que também pediu respostas sobre a atuação do FBI.

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