7.15.2013

Ministro da Saúde promete infraestrutura a médicos

  • Em coletiva para imprensa internacional, protestos também foram tema
  • Para Padilha, revalidação do diploma poderia prejudicar brasileiro
  • Em dez anos, Brasil formou 50 mil médicos a menos do que precisa
Larissa Ferrari
Alexandre Padilha em coletiva para correspondentes internacionais
Foto: Divulgação
Alexandre Padilha em coletiva para correspondentes internacionais Divulgação
RIO - Em uma coletiva de imprensa direcionada à mídia internacional, o ministro Alexandre Padilha (PT) enfatizou, na manhã dessa quinta-feira (11), que os médicos estrangeiros encontrarão infraestrutura para trabalhar no sistema público de saúde. Esse tema foi alvo de curiosidade pelos correspondentes presentes, assim como as manifestações no país. Padilha explicou aos estrangeiros que os protestos ocorreram justamente para uma melhoria do serviço público. Ele reconheceu que o acesso à rede de saúde no país ainda precisa avançar muito.
Durante a conferência, realizada na capital do Rio, o ministro não mostrou o lado precário dos hospitais brasileiros, mas apresentou imagens de um posto de saúde modelo, localizado na cidade de Humaitá, no interior do Amazonas. Segundo ele, há muitos postos de mesmo padrão, mas não estão funcionando devido à ausência de médicos. O ministro justificou a importação de mão de obra, sob a alegação de que o país teria formado 90 mil médicos nos últimos dez anos, 50 mil a menos do que o necessário hoje.
Uma equipe do Ministério da Saúde já está divulgando o programa Mais Médicos em Portugal e na Espanha. De acordo com o ministro, R$ 7,4 bilhões de investimentos já estão em execução na área de saúde do Brasil, e R$ 7,5 bilhões ainda serão destinados ao setor.
Além disso, os correspondentes internacionais questionaram como o programa verificará a competência do médico e como este teria de provar a fluência na língua portuguesa. Alexandre Padilha contou que as universidades federais terão participação fundamental nessa avaliação dos profissionais selecionados pelo Mais Médicos.
— Ao chegar ao país, antes de ir trabalhar no município escolhido, o profissional estrangeiro será avaliado por três semanas nessas instituições de ensino. Além de ele ter uma complementação na formação e conhecer o funcionamento do sistema de saúde no Brasil, haverá uma análise da capacidade de o médico falar português. Na primeira semana, será feito um atestado de que esse profissional consegue se comunicar no idioma — explicou Padilha.
Quando o referido programa foi anunciado pela presidente Dilma Rousseff, entidades médicas brasileiras criticaram a não revalidação do diploma desses estrangeiros, assunto que também entrou na pauta da coletiva internacional. Alexandre Padilha afirma que a decisão foi tomada dessa forma para não criar oportunidade de o profissional oriundo de outro país vir a concorrer demais vagas na saúde com os médicos brasileiros.
— O Ministério da Saúde não quer trazer médico estrangeiro para disputar emprego com brasileiros. Ele obterá somente uma autorização exclusiva para trabalhar com atenção primária no Sistema Único de Saúde [SUS], nas periferias e no interior — garantiu o ministro.
Alexandre Padilha esclareceu que o conjunto de especialidades clínicas também podem ter papel importante na estrutura da atenção básica. Ele informou que o deslocamento internacional do médico estrangeiro será custeado pelo governo e que 70% do valor do deslocamento nacional oferecido será dado já no ato da seleção. O profissional, assim como seus dependentes legais e companheiro(a), terá direito a um visto especial emitido pelo Itamaraty, com validade de três anos, prorrogável por igual período. A família do médico estrangeiro também poderá tirar a Carteira de Trabalho. Ademais, o período de atuação dele terá cobertura previdenciária.
Por fim, quando um correspondente estrangeiro indagou a contratação de médicos cubanos, Padilha foi incisivo. Disse que o Ministério da Saúde não tinha preconceito com país algum no mundo e abominava qualquer tentativa de ideologização quando se trata de salvar vidas. Ele lembrou que o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) apresentou o primeiro convênio para trazer médicos cubanos.
A assessoria do Ministério da Saúde não revelou ainda um balanceamento da adesão ao programa Mais Médicos, com inscrições abertas de 9 a 25 de julho, porque considera cedo. Os municípios enquadrados na lista de prioridades para receber o envio de profissionais de saúde não estão automaticamente inscritos. Isso dependerá do interesse das prefeituras.

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