Em um trabalho histórico, cientistas identificam os processos que levam às mutações genéticas associadas aos 30 tipos mais comuns da doença. A informação deverá servir de base para a criação de novos métodos de prevenção e de tratamento
Mônica Tarantino
COMEÇO
Um tumor é gerado a partir de transformações no DNA das
células provocadas por agentes internos ou externos ao corpo
Um tumor é gerado a partir de transformações no DNA das
células provocadas por agentes internos ou externos ao corpo
É sabido que todos os tumores são causados
por mutações no material genético presente nas células. Também é
conhecido que a ação de agentes internos e externos pode deflagrar
essas alterações. Mas o que a medicina ainda não conseguiu compreender
são os caminhos pelos quais ocorrem essas mudanças no DNA, fortes o
suficiente para transformarem uma célula saudável em um tecido tumoral.
Na semana passada, um time internacional composto por 25 pesquisadores
deu um passo fundamental para superar esse desafio. Após analisar
milhares de mutações encontradas no código genético de 7.042 pessoas com
as 30 formas mais comuns de câncer, a equipe conseguiu caracterizar
vários processos biológicos que dão origem às alterações do DNA que, por
sua vez, impulsionam o desenvolvimento da doença. Ou seja, chegaram à
raiz da enfermidade. “Achamos dentro do genoma dos tumores os vestígios
arqueológicos das mutações que dão início ao desenvolvimento da maioria
dos cânceres”, afirmou o professor Mike Stratton, que participou do
estudo e é diretor do Wellcome Trust Sanger Institute, da Inglaterra. O
trabalho, de importância histórica, foi divulgado pela renomada revista
científica “Nature”.
Outros padrões, muito frequentes nos de maior incidência, estão relacionados a uma família de enzimas que protege as células de infecções virais. As células respondem a esse gênero de infecções ativando essa classe de enzimas. Sua função é a de infligir modificações nos vírus de modo que não funcionem mais. “Acreditamos que quando a célula ativa essas enzimas há efeitos colaterais”, explicou Stratton. “Seu próprio genoma se modifica também e ela fica muito mais propensa a se tornar uma célula cancerígena, já que tem uma série de mutações. É uma espada de dois gumes.”
Foto: National Institutes of Health/ap; Joao Castellano/Ag. Istoé
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