8.24.2013

Oito em cada dez pessoas tiveram ou terão dor nas costas



Duilo Victor 


Encontro na Casa do Saber O Globo lotou auditório para debate sobre dor nas costas
Foto: Paula Giolito / Paula Giolito



Encontro na Casa do Saber
RIO- Sofrer pelo menos uma vez na vida com dor nas costas só é menos inevitável que pagar impostos. A Organização Mundial de Saúde estima que 80% da população mundial teve ou terá o problema alguma vez na vida, e não é diferente no Brasil. A edição deste mês dos Encontros Saúde e Bem-Estar informou sobre o tema e mostrou ao público que a dor passageira, causada por uma bolsa pesada, não é tão alarmante. Mas a dor prolongada pode ser um sinal de danos em outros órgãos, como rins e pulmão.
O coordenador dos Encontros, o cardiologista Cláudio Domênico, recebeu na Casa do Saber na Lagoa, o fisiatra Luiz Felipe Guimarães e o ortopedista Luiz Cláudio Schettino.
— Em termos de saúde ocupacional (aquela que trata da aptidão clínica para o indivíduo trabalhar), as dores nas costas representam a segunda maior causa de incapacitação para o trabalho, só perdem para a dor de cabeça — explica Domênico, que descreve um erro comum do paciente ao procurar o especialista. — Às vezes, as pessoas invertem. O paciente chega querendo um raio-X ou uma tomografia, mas primeiro tem que se investigar a história deste paciente, fazer exames físicos e só depois os complementares.
Metade dos pacientes melhora com RPG
Dor nas costas associada à perda de peso pode ser sinal de uma doença maligna, como um câncer espalhado por vários órgãos, a metástase. Mas, antes de se assustar, saiba que, de acordo com Guimarães, metade das pessoas com dor aguda nas costas, não importa se cervical, dorsal ou lombar, consegue eliminar o problema com exercício de reeducação postural — em que uma de suas versões é conhecido como RPG —, manter o peso ideal e ainda colocar o estresse sob controle.
— Tudo ou quase tudo pode dar dor na coluna. Viajar de avião, carregar o neto, ficar muito tempo sentado... É importante não valorizar porque, às vezes, os problemas que se apresentam em um exame complementar não são os que a pessoa tem de fato — pondera o fisiatra. — Todos nós, depois dos 30, vamos ter nossas artroses, bicos de papagaio, mas muitas vezes não nos queixamos disso.
E quem nunca procurou uma massagista de preço camarada indicada pela amiga, ou deitou no chão porque soube que superfície dura melhora a dor nas costas? O médico alerta que o barato e aparentemente mais simples pode ficar bem caro:
— Há cinco tipos diferentes de massagem e, para cada um, há uma indicação. Uma massagem mal feita pode aumentar as contraturas e causar mais dor. Fazer apenas um amassamento, por exemplo, pode dar uma boa sensação, mas pode também levar o paciente ao médico.
O médico Luiz Schettino, cirurgião do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) no Rio, explicou à plateia quais são as principais categorias de dores nas costas, quando provocadas de fato por problemas na coluna.
As dores mecânicas, que quase todos já tiveram em algum momento, são aquelas que variam de acordo com a posição do paciente — melhoram quando deitado, por exemplo, ou pioram com a atividade física. As inflamatórias, por sua vez, têm como característica serem piores pela manhã e melhorarem durante o dia, causam enrijecimento e podem envolver outras articulações além da coluna. Já as tumorais são diferentes, doem à noite e não melhoram em situações de repouso ou movimento, assim como as infecciosas, que podem estar associadas ao suor excessivo. Há ainda as traumáticas, estas bem fáceis de identificar, pois o início fica marcado pelo momento da queda ou acidente que provocou o problema. Com o avanço da idade, a degeneração óssea, como a que acontece com o desenvolvimento da osteoporose, pode causar dores e até fraturas.
Uma dor para cada fase da vida
Para cada fase da vida há um dos tipos de dores de coluna mais frequentes. Nas crianças e nos adolescentes, as dores em decorrência de tumores, infecções e doenças do desenvolvimento são mais comuns.
Os jovens adultos já começam a apresentar os sintomas reumáticos e estão mais expostos ao trauma, seja pela prática de esportes ou situações de risco, como andar de moto. Já adultos a partir dos 30 anos apresentam o desgaste discal, dos chamados “amortecedores da coluna”, que podem levar às hérnias e são a causa de dor mais frequente nesta fase da vida. Os idosos passam a precisar de mais atenção e, em geral, voltam aos cuidados comuns às crianças, já que as dores causadas por infecções e tumores tornam a ser o motivo de lombalgia, acompanhadas das dores decorrentes de fraturas causadas pela osteoporose.
— A cirurgia tem indicação quando o tratamento conservador (com medicamentos) não tem mais efeito, quando a dor é persistente, não se consegue mais andar ou há aval para enfrentar o risco da cirurgia. Cada vez se faz cirurgia em pacientes mais idosos, pois a medicina já permite essa possibilidade e as pessoas estão vivendo mais — completa Schettino


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