"Não ame simplesmente o que você
faz, ame o próximo! Ame a pessoa que está à sua frente, que o procura
com seus dramas e desejos. Existe um ser humano à sua frente que precisa
se sentir importante. Quem trabalha com amor e por amor jamais vai
tratar os outros como coisas ou como partes de uma engrenagem."
"Harmonizar nossas personalidades é
o maior desafio que podemos encarar. As três qualidades que nos
permitem melhor alcançar este desafio são: amor, misericórdia e perdão.
Primeiro e mais do que tudo, para nós mesmos. Seja misericordioso e
perdoe a si mesmo. E com amor, esqueça as coisas do passado e siga
adiante. Então você será capaz de ter sentimentos reais de perdão e amor
pelos outros. Esta é a forma mais verdadeira de ajuda"
SOBRE A CONSCIÊNCIA DA PARTILHA
“quem atingiu alguma sabedoria tem obrigação de a partilhar”.
(Dr. Daniel Serrão - frase localizada via consulta aleatória no google)
Hoje, passei a tarde refletindo sobre esta frase que achei ao buscar algo sobre a graça divina que experimento e sinto presente ao partilhar algo.
Muito já se falou sobre a importância do dar e receber.
Desde
a observação do mandamento sagrado “amar ao próximo como a ti mesmo”
aos inúmeros discursos que giram em torno da expressão ‘é dando que se
recebe’, presente na oração franciscana e outras tantas colocações do
dia-a-dia quando é possível perceber que quando imaginamos doar algo,
ultrapassamos os limites deste gesto e muitas vezes recebemos mais do
que pensamos ter oferecido. Na esfera do pensamento positivo também é
possível acreditar que tudo que oferecemos ao outro ou a alguém retorna a
nós multiplicado.
Todas estas elucubrações ou observações cotidianas a respeito do ato da partilha sempre me levam de volta ao mesmo olhar.
A
vida e as diferenças são feitas de pontos de vista entre os seres
humanos. Neste tema, pode ser, para alguns que, minha intenção ao não
abrir mão deste olhar seja mera tradução de intransigência diante de
pragmatismos consolidados através dos tempos.
Mas, a cada dia considero mais sagrado o ato de partilhar.
Expandindo
o pensamento, por exemplo, acerca do sagrado universo feminino, suas
peculiaridades, heranças por muito esquecidas, passíveis ou não de serem
resgatadas, em aspectos positivos que podem trazer à mulher uma
compreensão imediata e sensatez em relação a posturas, escolhas e até
mesmo capacidade de lidar com a vida e suas nuances – desde as mudanças
no corpo, o afeto com masculino, a criação dos filhos ou a ausência do
exercício maternal, suas transitórias e muitas vezes tempestivas ações cíclicas como as fases da lua, das estações, do tempo medido pelo homem e do imaginário - nuances
estas e lida diária, repetidas ou não entre gerações que nos
precederam, versando em nós tempos futuros para nossas descendentes,
aprendo diariamente com mulheres sábias ou mais experientes que eu:
musas inspiradoras que sopram brisas de conhecimento e vida à construção
do meu existir. São mestras, as avós, minhas ou não, bisavós, mães,
filhas, amigas, mulheres distantes que cruzam meu caminho, em escolas,
viagens, cursos, grupos de estudo, palestras, seminários... através de
livros que ultrapassam continentes, idiomas, culturas e me chegam como
raios de luz. Personagens bíblicas, porta-vozes do sagrado ou do
profano, que com sua conduta, me sopram o vento que moldará o pó que me traduz. E, assim, nesta grande teia, formada por mulheres irmãs sem se ver ou se tocar, sedimenta-se
a espiralada escultura de uma sabedoria invisível que nos liga ao
aprendizado profundo da intuição, da luz e do amor, que por si, quando
exercido na saúde do feminino sagrado, alcança o ágape, o incondicional.
Se, como um presente
desta terra pela qual passamos e dela nada levamos a não ser os valores
em nós amalgamados, nos chega a chance de um conhecimento, como
instrumento primário da busca de sabedoria, o único e mais valioso
objeto de gratidão que me cabe é, pois, a partilha. Compartilhar
um saber que é fruto de estudos humanos ou inspirações do além terra,
passa a ser algo de simples compreensão na era da internet e da imediata
circulação das informações. Reter é ato de egoísmo que não condiz com a
busca da consciência que integra. Partilhar não me deixará jamais
menor, nem me fará vulnerável diante do outro.
Pois,
diante das premissas sagradas a nós reveladas acerca da essência do que
o divino nos reserva é sabido que cada um de nós possui seu propósito
de vida, independente do outro e que a abundância é inquestionável para
quem esperimenta a entrega ao conhecimento, busca ou exercício da sua
própria missão, com verdade, confiança, esperança e porque não dizer:
fé.
Sabendo
disso, podemos ir além, na certeza de que o mundo é mesmo grande (bem
maior que nós, aliás) e que cabe todos os seres, cada qual com seu
espaço, querer e possibilidade de oferecer, compartilhar, doar,
integrar-se, sem qualquer medo de tornar-se menor, pior, menos sagrado, especial.
O
exercício de partilhar assemelha-se ao do educador: quando ensina,
percebe o quanto já caminhou e aprendeu. E, nos degraus da sabedoria
plena, o quanto é necessário e, melhor, possível avançar.
E,
então, o buscador, mestre ou aprendiz se lança, novamente ao caminho,
sabendo que conquistas não são, em verdade, linhas de chegada, pois, na
vida, só temos a certeza do caminho.
E,
então, o buscador, mestre ou aprendiz compreende o lugar sagrado da
partilha e, se permite, ao seu próprio tempo, oferecer, fazer chegar,
como a ele chegou, um livro, um poema, uma canção, um verso, uma oração,
que uma vez impressos, ditos ou soprados pelo vento da existência, não
pertence ao seu emissor, é instrumento que flutua pelos ares e séculos,
construindo histórias, alicerces e gerando sementes de uma existência
infinita a olhos nus.
A experiência de partilhar é capaz de nos ensinar a gratidão.
Sou grata pelo exercício diário da busca de me tornar melhor e aprender no amor, a caminhar pela vida.
Por isso, sigo partilhando e, a cada partilha, reverencio internamente o sagrado em tudo e em todos que antes, partilharam comigo.
Por isso, sigo partilhando e, a cada partilha, reverencio internamente o sagrado em tudo e em todos que antes, partilharam comigo.
Me comprometo em tornar-me ponte que não retem, deixa fluir por si, para que a integração se faça.
Não
tenha medo, não tenha pressa, não se feche, deixe fluir e compreenda
que somos o mesmo mar. Esvazie-se e experimente pulsar algo novo no
coração.
(Márcia Francisco, 9 de novembro de 2012)
NOTA:
aproveitando a imagem que encontrei para ilustrar esse texto, menciono
um 'sonho' que tive, quando uma mestra sagrada neste mesmo gesto,
deslizava a mão sobre a minha desde os punhos, o gesto, que compreendi
com 'selar as mãos' se amplia, agora, em minha reflexão, como simbologia
simples do conceito de partilhar, algo com alguém, algo mais além, por
que não, a sabedoria? Acredito nesta partilha, abençoada pela divindade
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