Chanceler sírio disse que sugestão de colocar armas químicas sob controle internacional é "bem-vinda"
O secretário de estado americano, John Kerry, durante coletiva de imprensa em Londres
(Susan Walsh/Pool/Reuters)
Caio Blinder: Tudo parece uma tática diversionista
O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, anunciou a proposta feita ao regime do ditador Bashar Assad para entregar todas as suas armas químicas à comunidade internacional, a fim de evitar uma intervenção militar americana na guerra civil síria.
Mesmo com proposta russa, o Congresso americano ainda deve aprovar uma ação militar para manter a pressão sobre Damasco, defendeu um membro da cúpula da Casa Branca. Em entrevista coletiva, o vice-conselheiro de Segurança Nacional Tony Blinken, também destacou que a proposta russa foi apresentada “no contexto da ameaça de uma ação dos Estados Unidos”. “Sendo assim, é ainda mais importante que nós não deixemos de exercer essa pressão e que o Congresso dê ao presidente a autoridade que ele solicitou”.
O chanceler sírio, Walid al-Mualem, disse que considerava a sugestão “bem-vinda”. Afirmou que aguarda uma "resposta rápida e positiva" sobre o assunto. Segundo a agência Reuters, al-Mualem sinalizou que Damasco não encontraria objeções para cumprir as demandas da proposta. “Comunico que a Síria considera a iniciativa russa bem-vinda, motivado pela preocupação dos líderes sírios com as vidas de nossos cidadãos e a segurança do país, e pela confiança na sabedoria da liderança russa, que está tentando prevenir uma agressão americana contra nossa população”, declarou.
Refugiados
sírios caminham perto da fronteira com a Turquia para tentar deixar o
país. A ONU divulgou na terça-feira (3) que o número de refugiados
sírios chegou a 2 milhões - Gregorio Borgia/AP
Brincadeira? – Mais cedo, em entrevista coletiva, o secretário de Estado John Kerry disse que Assad “poderia entregar cada uma de suas armas químicas para a comunidade internacional na próxima semana”. Acrescentou, em seguida, que esse cenário é impossível. “Ele não fará isso e isso não pode ser feito, obviamente”.
O Departamento de Estado tentou esclarecer os comentários do secretário dizendo classificando-os de “argumento retórico”. Um funcionário do governo descreveu as declarações como “uma grande brincadeira”. “Não há ninguém na administração que está considerando a proposta síria seriamente”.
A porta-voz do Departamento de Estado Jen Psaki, também tentou contornar a situação depois da fala de Kerry. “A questão é que não se pode confiar que esse ditador brutal, que tem um histórico de brincar com os fatos, vá entregar armas químicas, caso contrário ele já teria feito isso há muito tempo”.
Hillary – A ex-secretária de Estado Hillary Clinton também resolveu comentar o tema nesta segunda. Ela avaliou que uma entrega do armamento químico sírio para controle internacional será um “passo importante”, mas acrescentou que isso não pode servir como “outra desculpa para demora e obstrução”.
Apontada como provável candidata democrata à disputa presidencial em 2016, Hillary fez os comentários depois de se encontrar com Obama. Um assessor afirmou na última semana que ela apoia a decisão do presidente de ouvir o Congresso sobre a ofensiva contra a Síria.
Intervenções do ocidente que ocorreram sem aval da ONU
Caso os EUA e seus aliados decidam bombardear a Síria sem o apoio de
uma resolução, não será a primeira vez que uma intervenção ocorre
ignorando a ONU
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A falta de aval
Reunião do Conselho de Segurança da ONU
Uma semana depois de terem surgido os primeiros indícios de um ataque
com armas químicas na Síria, parece iminente a possibilidade de uma
intervenção militar das potências ocidentais para punir o ditador sírio
Bashar Assad. Se a decisão for tomada, é provável que os Estados Unidos e
seus aliados bombardeiem o território sem um aval do Conselho de
Segurança das Nações Unidas. Entre os desafios para legitimar a ação
estão a possibilidade de um veto da Rússia e da China – que são aliadas
do ditador e tem o poder de bloquear qualquer resolução – e a morosidade
costumeira da ONU– o secretário-geral Ban Ki-Moon já pediu mais tempo
para o trabalho dos inspetores que estão na Síria e “mais diplomacia”
para tratar a crise. Se isso de fato ocorrer, não será a primeira vez
que a falta de aval da ONU impede uma ação militar.
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