Hepatite A, B e C: previna-se da doença que coloca o fígado em perigo
A hepatite é uma inflamação provocada por vírus, que podem ser do tipo A, B ou C. Saiba como se prevenir - seja com a vacina ou com cuidados na higiene
Se não tratada, a hepatite pode evoluir para cirrose
Foto: Getty Images
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O ABC da hepatite
Os médicos classificam a hepatite de acordo com as diferenças entre os vírus que provocam a doença, veja:
Tipo A
É contraído por meio de água e alimentos contaminados, caso de verduras mal lavadas. Ou transmitido pela saliva.
Tipo B
É transmitido por secreções e sangue, por contato sexual, por meio de transfusões e utilização de agulhas infectadas.
Tipo C
Também é adquirido por contaminação sanguínea, seringas, manicure e tatuagem, mas raramente.
Um chega pra lá no vírus
Para prevenir os tipos A e B há vacinas que fazem parte do calendário de vacinação. Infelizmente, para o tipo C, ainda não existe, isso porque este vírus é muito mutante e tem dado um baile na ciência. Quando a doença já está instalada, o tratamento é feito com medicações modernas que inativam o microorganismo e evitam sua replicação. No caso da hepatite A, o vírus é eliminado naturalmente depois de 30 dias ou mais. Daí uma grande dose de paciência ser bem-vinda.
Pele amarela
Quem está com hepatite fica meio amarelo pelo acúmulo de bilirrubina, uma substância que ajuda na digestão. Se o fígado está doente, não consegue eliminá-la, e a tal viaja na corrente sanguínea e tinge partes do corpo.
Pode sair da cama?
Antigamente, recomendava-se que o doente ficasse em casa sem se mexer, caso contrário, acreditava-se, o fígado se desmancharia. Hoje, sabe-se que não é preciso tanto repouso. Mas quem está com hepatite, seja a A, a B ou a C, deve conversar com o médico antes de fazer qualquer atividade física.
Você sabia?
A hepatite pode ser transmitida na manicure. Se um bife é arrancado, o sangue contaminado pode ficar no alicate. A dica é levar seus próprios materiais ao salão.
HEPATITES
Sinônimos/nomes populares
Amarelão, derrame de bile
O que é?
É qualquer inflamaç do fígado. Pode ser
causada por infecções (vírus, bactérias), álcool, medicamentos, drogas,
doenças hereditárias (depósitos anormais de ferro, cobre) e doenças
autoimunes.
Como se adquire?
Existem vários tipos de hepatite e a causa difere conforme o tipo.
Hepatite Viral A: | |
via fecal-oral, ou seja, fezes de pacientes contaminam a água de consumo e os alimentos quando há condições sanitárias insatisfatórias | |
Hepatite Viral B: | |
as relações sexuais e a injeção de drogas ilícitas são as principais preocupações atuais. A aquisição pela transfusão sanguínea e derivados deixou de ser o principal motivo, desde a implantação dos rigorosos cuidados vigentes nos bancos de sangue e a extinção de pagamento a doadores. O bebê pode adquirir hepatite na hora do parto quando a mãe tiver o vírus | |
Hepatite Viral C: | |
a transfusão de sangue e derivados, a injeção de drogas ilícitas, o contato desprotegido com sangue ou secreções contaminadas são as principais vias. | |
Ocorrem casos de transmissão mãe-bebê na hora do parto. | |
Suspeita-se da via sexual e da aspiração nasal de drogas para explicar uma parte dos 20 a 30% de casos nos quais não se conhece a forma de contaminação. | |
Hepatite Viral D: | |
é um vírus que só causa doença na presença do vírus da hepatite B. Sua forma de transmissão é a mesma do vírus B | |
Hepatite Viral E: | |
fecal-oral, igual à hepatite A. É mais descrita em locais subdesenvolvidos após temporadas de enchentes | |
Álcool: | |
uso abusivo de qualquer tipo de bebida alcoólica. A quantidade que causa doença hepática é variável de pessoa para pessoa, sendo necessário, em média, menor dose para causar doença em mulheres do que em homens. | |
A dose de alto risco é de 80g de álcool por dia, o que equivale a 5-8 doses de uísque (240 ml), pouco menos de 1 garrafa e meia de vinho (800 ml) ou 2 litros de cerveja. | |
Quanto maior o tempo de ingestão (anos), maior é o risco de hepatite alcoólica e cirrose. Certas pessoas podem adoecer mesmo com doses e tempo bem menores do que a média acima mencionada | |
Medicamentosa: | |
vários remédios de uso clínico podem causar hepatite em indivíduos suscetíveis. Não se pode prever quem terá hepatite por determinada droga, porém, indivíduos que já têm outras formas de doença do fígado correm maior risco. | |
Alguns medicamentos relacionados com hepatite são: paracetamol (Tylenol®, Dôrico®); antibióticos e antifúngicos como a eritromicina, tetraciclina, sulfas, cetoconazol e nitrofurantoína; anabolizantes (hormônios usados para melhorar o desempenho físico - dopping); drogas antipsicóticas e calmantes, como por exemplo, a clorpromazina (Amplictil®), amiodarona (antiarrítmico), metildopa (Aldomet® - anti-hipertensivo) e antituberculosos. Anticoncepcionais orais (pílula) também são ocasionalmente mencionados | |
Autoimune: | |
algumas doenças fazem com que as substâncias de defesa do próprio indivíduo (anticorpos) causem inflamação e dano ao fígado. Não se sabe porque isso acontece | |
Hepatites por causas hereditárias: | |
doenças como a hemocromatose e a doença de Wilson levam ao acúmulo de ferro e cobre, respectivamente, no fígado, causando hepatite | |
Esteatohepatite não alcoólica (esteatose hepática, fígado gorduroso): | |
é o acúmulo de gordura no fígado. Ocorre em diversas situações independentes do consumo de álcool, como obesidade, desnutrição, nutrição endovenosa prolongada, diabete melito, alterações das gorduras sanguíneas (colesterol ou triglicerídeos altos) e alguns remédios. |
O que se sente e como se desenvolve?
No caso das hepatites infecciosas, há um
período sem sintomas, chamado de incubação. A duração dessa fase depende
do agente causador. Depois, aparecem sintomas semelhantes, por exemplo,
a uma gripe, com febre, dores articulares (nas juntas) e de cabeça,
náuseas (enjôo), vômitos, falta de apetite e de forças. É comum que a
melhora dessas queixas gerais dê lugar ao aparecimento dos sintomas
típicos da doença, que são a coloração amarelada da pele e mucosas
(icterícia), urina escura (cor de Coca-Cola) e fezes claras. Pode-se
notar o aumento do tamanho do fígado, com dor quando se palpa a região
abaixo das costelas do lado direito. A duração dessa fase varia de 1 até
4 meses.
De forma geral, a hepatite A costuma ter evolução benigna, não deixando seqüelas.
A hepatite B torna-se crônica em até 5% dos casos e a hepatite C em mais de 80%.
Dos indivíduos com hepatite B crônica, 25 a 40%
evoluem para cirrose e/ou câncer de fígado, enquanto que na hepatite
crônica C, isso ocorre em cerca de 20%.
A hepatite D piora a evolução da hepatite B por estar associado a formas fatais.
A hepatite E é geralmente benigna, exceto nas
gestantes, nas quais há maior risco de formas graves levando a óbito
materno e fetal.
A hepatite alcoólica, assim como as
medicamentosas e autoimunes, pode evoluir para cronicidade e cirrose se a
exposição ao agente causador persistir.
A hemocromatose pode evoluir, com o passar dos
anos, para a cirrose e o câncer de fígado. A doença de Wilson quando não
tratada, pode evoluir para cirrose, degeneração cerebral e óbito.
Como o médico faz o diagnóstico?
O médico, além da história e do exame clínico,
pode testar sua hipótese diagnóstica de hepatite, principalmente,
através de exames de sangue. Entre esses, há os chamados marcadores de
hepatites virais e autoimunes.
Outros testes mostram a fase e gravidade da
doença. Em alguns casos, poderá ser necessária uma biópsia hepática
(retirada de um pequeno fragmento do fígado com uma agulha) para que, ao
microscópio, se possa descobrir a causa.
Como se trata?
Para as hepatites agudas causadas por vírus não
há tratamento específico, à exceção dos poucos casos de hepatite C
descobertos na fase aguda, na qual o tratamento específico pode prevenir
a evolução para a doença crônica.
O repouso total prolongado e a restrição de
certos tipos de alimentos, nas hepatites, não ajudam na recuperação do
doente e também não diminuem a gravidade da doença.
De forma geral, recomenda-se repouso relativo
conforme a capacidade e bem-estar do paciente, bem como alimentação de
acordo com a tolerância.
Excepcionalmente, é necessária a administração de líquidos endovenosos.
Bebidas alcoólicas são proibidas até algum tempo após a normalização dos exames de sangue.
Remédios só devem ser usados com específica liberação do médico para evitar o uso daqueles que possam piorar a hepatite.
Na hepatite autoimune, quando diagnosticada
pelo médico, o uso de corticóides (assemelhados da cortisona) estão
indicados e modificam favoravelmente o curso da doença.
As hepatites por álcool e por drogas são
tratadas basicamente com o afastamento das substâncias lesivas. Além
disso, com medidas de suporte, como hidratação, nutrição e combate aos
sintomas da abstinência ao álcool ou drogas.
Quando a doença é por acúmulo de ferro ou
cobre, faz-se uma dieta pobre nesses minerais. Sangrias programadas na
hemocromatose e a penicilamina, na doença de Wilson, são os tratamentos
principais.
Como se previne?
As hepatites A e B podem ser prevenidas pelo uso de vacina.
Para prevenção da hepatite A é importante o uso
de água tratada ou fervida, além de seguir recomendações quanto à
proibição de banhos em locais com água contaminada e o uso de
desinfetantes em piscinas.
A hepatite B também é prevenida da mesma forma
que a AIDS, ou seja, usando preservativo nas relações sexuais e não
tendo contato com sangue ou secreções de pessoas contaminadas
(transfusões de sangue, uso de agulhas e seringas descartáveis não
reutilizadas).
A hepatite C é prevenida da mesma forma, porém o risco de contágio sexual não está bem estabelecido.
Trabalhadores da área da saúde (médicos,
enfermeiros) devem usar luvas, óculos de proteção e máscara sempre que
houver possibilidade de contato (ou respingos) de sangue ou secreções
contaminadas com vírus da hepatite B ou C com mucosas ou com lesões de
pele.
A hepatite alcoólica ocorre pela ingestão
repetitiva de grandes quantidades de bebida, sendo o consumo moderado a
melhor forma de evitá-la. As quantidades lesivas são as mencionadas
acima, cabendo destacar que para certas pessoas doses bem menores podem
deixá-las doentes. Pessoas que "agüentam" maiores quantidades de álcool
antes de ficarem bêbadas, estão igualmente arriscadas à doença grave.
Indivíduos com outras doenças hepáticas sofrem mais facilmente de
hepatite alcoólica.
Não se conhecem até hoje formas de prevenção da hepatite autoimune.
Tampouco sabe-se prever os indivíduos que terão
hepatite com uso de certos remédios que não fazem mal para a maioria
das pessoas.
Perguntas que você pode fazer ao seu médico
Qual o tipo de hepatite que eu tenho?
Como se pega? Há risco para as pessoas que vivem perto de mim?
Quanto tempo vou levar para ficar bom?
Essa doença tem cura ou vou ficar com hepatite crônica?
O tratamento com remédios é necessário?
O remédio funciona em todos?
Quais os efeitos adversos (colaterais) do tratamento?
Há risco de cirrose? E de câncer?
Existe vacina para hepatite? Adiantaria eu ou as pessoas próximas a mim fazerem agora?
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