PM dispersa manifestantes na Lapa com bombas
Cerca de 50 ativistas faziam protesto no bairro. Ao longo do dia, cenas de guerra ocorreram no Centro e na Zona Sul do Rio.
"O pior de tudo é que hoje eu deixei de ir a um restaurante em Laranjeiras porque estava perigoso lá e optei por vir à Lapa no aniversário de uma tia. Acabou sendo até pior", afirma a manicure Iris Fernandes.
O produtor Renato Abdalla, que faz um evento com bandas de rock aos sábados num bar na Mem de Sá, tentava contabilizar os prejuízos. "Aqui geralmente dá 100 pessoas por edição e hoje só temos 10. Alguns manifestantes tentaram entrar aqui, mas não deixei. Vai rolar o show assim mesmo, mas está sendo um problema", lamenta.
Os manifestantes se dispersaram pelas
ruas da Lapa. Momentos antes, os ativistas estavam concentrados nas
esquinas da Avenida Mem de Sá com a Rua João Pessoa. O trânsito no local
ficou complicado, já que os presentes se sentaram no asfalto. Após
alguns instantes o protesto seguiu em marcha até os Arcos, momento em
que os policiais recuaram para, 20 minutos depois, reprimirem a ação.
Até o momento, 77 pessoas foram detidas durante os protestos no Dia da
Independência e 14 ficaram feridas, de acodo com a Secretaria Municipal
de Saúde.
Entre os detidos, uma pessoa foi
presa por porte de arma; 15 foram autuadas e liberadas — uma delas, um
homem com três passagens pela polícia. Entre as autuações, estão crimes
de lesão corporal, desacato, resistência e posse de material explosivo.
Com os detidos, foram apreendidos um estilingue, um spray de gás
lacrimogêneo, pedras, canivete, bolas de gude, bombas artesanais e
toucas. Alguns foram encaminhados para a 17ª DP (São Cristóvão) e para a
9ª DP (Catete). Segundo a PM, outros foram transferidos para a 21ª DP
(Bonsucesso).
Um jovem identificado apenas como
Gabriel foi levado para a 21ª DP para averiguações. Ele estava com a
máscara atrás da cabeça e entregou documentos aos PMs e, ainda assim,
foi conduzido pelos policiias. O assessor jurídico do Instituto de
Defesa dos Direitos Humanos, Gabriel Aquino, 24 anos, disse que a ação
foi incostitucional. "O que ficou estabelecido é que se os manifestantes
tirassem as máscaras e apresentassem documentos, não poderiam ser
detidos, já que não existe o flagrante. Além disso, agora estão levando
os jovens para delegacias que ficam longe, para que os manifestantes não
possam acompanhá-los ou protestar", afirmou.
De acordo com os PMs, um homem de
camisa branca foi detido por estar roubando na área. Ele foi perseguido
pelos policiais e colocaram em uma viatura. No entanto, os PMs não
revelaram se o suspeito foi levado para as delegacias citadas.
O fotógrafo Alessandro Costa, do DIA
, foi agredido com um chute por um policial identificado com o número 3,
do Grupamento de de Ações Táticas, quando fotografava um dos detidos
Confronto em desfile
Quando o Desfile Cívico na Avenida
Presidente Vargas chegava ao fim, mais de cem manifestantes — alguns
mascarados — entraram em confronto com a polícia na área das
arquibancadas, em frente ao palanque principal do evento. Balas de
borracha e bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas pela PM para
dispersar ativistas, que revidaram atirando latas de lixo e pedras.
A confusão durou pouco mais de 15
minutos. Enquanto o corre-corre tomava conta da pista lateral, o desfile
transcorria em frente ao Pantheon Duque de Caxias. A Polícia do
Exército fez um cordão de isolamento para impedir a entrada de
manifestantes no local. Mais de 200 policiais mantiveram-se perfilados,
munidos de escudo e spray de pimenta, e alguns com extintores de
incêndio. Mesmo com a mobilização do Exército, o confronto foi contido
apenas pela PM.
No tumulto, famílias que assistiam o
desfile da arquibancada se feriram. Grades que isolavam a área foram
abertas pelos policiais para a passagem do público. Luiz Fernando Diogo
Dumas, de 29 anos, no evento com o filho, Luiz Eduardo, 8, entrou em
estado de choque. “Meu filho não para de chorar. Ele vai ficar
traumatizado para sempre. Nunca vi tanta covardia. O que eles
(manifestantes) querem? Vão acabar com a cidade”, desabafou,
lacrimejando por causa do spray de pimenta.
Em Laranjeiras, o tumulto começou às
17h, nos arredores do Palácio Guanabara. Manifestantes saíram do Largo
do Machado e seguiram para a Rua Pinheiro Machado, onde havia uma
barreira de policiais. A PM atirou bombas de gás lacrimogêneo e balas de
borracha. Houve correria e a confusão se espalhou por ruas próximas.
Integrantes do protesto atearam fogo em lixeiras e depredaram agências
bancárias.
Mulher foi atingida pela PM e idosa se feriu
Dos 14 feridos que foram atendidos no Hospital Municipal Souza Aguiar, apenas três seguiam em observação. A aposentada Nair Rosa, de 69 anos, deu entrada na unidade com escoriações no corpo após cair da arquibancada durante o tumulto. “Não consegui escapar, acabei caindo e passei mal”, contou Nair.
Já a autônoma Francisca Barbosa, de 37 anos, foi atingida por um taser (arma de choque) de um policial, na Avenida Senhor dos Passos. “Um PM estava revistando e batendo em um rapaz. Fui com um grupo lá e pedi para ele parar. Daí ele disparou o taser na minha cabeça”, denunciou Francisca, que ficou com um grampo alojado na cabeça. Ela foi submetida por uma tomografia e liberada.
Mais de dez policiais do esquadrão
antibombas da Polícia Civil precisaram entrar em ação durante as
manifestações pela manhã. Quatro bombas caseiras foram recolhidas ainda
sem serem deflagradas, na Avenida Presidente Vargas.
“As bombas ofereciam ameaças à população.
Iremos analisar se elas pertencem aos policiais ou se foram fabricadas
pelos manifestantes”, explicou o inspetor Cassiano Martins, chefe do
esquadrão.Desfile foi como planejado, diz Comando Militar do Leste
Em nota, o Comando Militar do Leste lamentou os incidentes no Desfile Cívico, mas reforçou que ele transcorreu de acordo com o planejado. O evento durou duas horas e teve mais de 11 grupamentos, entre entidades civis e forças militares. No palanque, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP) dividiu espaço com dezenas de autoridades. O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes não compareceram.
No início da marcha, a população que lotou as sete arquibancadas reclamou da distância do público em relação ao desfile. “Eu comprei um binóculo, porque não dá para enxergar”, criticou a professora Marize dos Santos, de 37 anos.
Um comentário:
Malditos vandalos! Essa oposiçao travestida de manifestante, deviam ser presos... o unico interesse deles é gerar o caos, para desestabilizar o governo Cabral
Essa lei das mascaras é providencial!
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