OCDE alerta para o risco da desigualdade de renda
O Brasil é citado como uma das nações que tem adotado estas políticas com a redução da desigualdade:“A redistribuição de renda é um dos pilares do modelo de crescimento do Brasil. Desde o início dos anos 1990, o país fez um enorme progresso ao tirar milhões de pessoas da pobreza e reduzir a desigualdade.
A contrapartida exigida na distribuição de dinheiro pelo Bolsa Família se tornou um modelo bem-sucedido de programa de redução de pobreza e um paradigma de medidas anti-pobreza para outros países”, aponta a OCDE.
- Para entidade, países precisam adotar já políticas de redução de pobreza
Paulo Thiago de Mello (Email)
RIO - A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
(OCDE) alertou que a desigualdade de renda e as divisões sociais podem
piorar se os governos não agirem rapidamente por meio de políticas de
apoio às parcelas mais vulneráveis da sociedade. Segundo o estudo
“Society at a Glance 2014” (Sociedade de relance 2014), divulgado nesta
terça-feira, apesar da gradual melhora da economia global, as políticas
de austeridade fiscal a médio prazo representarão desafios para as
nações enfrentarem os desequilíbrios sociais provocados pela crise
econômica.
Na fase inicial da crise, em 2008, os gastos públicos em medidas sociais e benefícios como seguro-desemprego chegaram a avançar, porém esses setores encontram-se hoje sob pressão devido às políticas de ajuste orçamentário.
O estudo da OCDE também aponta para as distintas iniciativas regionais, revelando que enquanto alguns países adotaram programas sociais que amorteceram os impactos da crise, outros fizeram muito pouco pelos mais necessitados, especialmente no Sul da Europa.
Por isso, adverte a OCDE, os governos devem avaliar quaisquer cortes de gastos sociais de forma bastante cuidadosa. Novos apertos fiscais podem piorar a já difícil situação das parcelas mais afetadas pela crise, gerando risco de conflitos sociais.
A entidade alerta que, embora o compromisso a longo prazo com as finanças públicas deva ser mantido, ele não pode se dar às custas do aumento da desigualdade social. Nesse sentido, a OCDE ecoa um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado na semana passada, com alerta semelhante.
“A recuperação econômica sozinha não será suficiente para sarar as divisões sociais e ajudar os mais atingidos a se recuperar”, afirmou em nota o secretário geral da OCDE, José Angel Gurría. “Os governos precisam pôr em marcha políticas sociais mais eficazes para ajudar seus cidadãos a lidar com crise futuras. Eles também precisam insistir em seus esforços de reforma à medida que a recuperação se consolida.”
A OCDE sugere que os governos evitem cortes em programas de transferência de renda, especialmente aqueles destinados à habitação e os benefícios sociais e escolaridade para famílias pobres e crianças.
Em vez disso, os governos devem destinar seus gastos e investimentos para os mais necessitados. Cortes em gastos sociais podem representar um impacto a longo prazo, especialmente para os mais jovens, com efeitos nocivos ao desenvolvimento dos países.
Balanço do estudo
O Society at a Glance 2014 apontou os seguintes impactos da crise econômica, segundo uma série de indicadores:
- O número de famílias sem renda de trabalho dobrou em Grécia, Irlanda e Espanha; e subiu 20% ou mais em Estônia, Itália, Letônia, Portugal, Eslovênia e Estados Unidos.
- As famílias mais pobres perderam uma parcela maior da renda do que aquelas com poder aquisitivo maior. Elas também foram menos beneficiadas com a recuperação da economia — especialmente em Estônia, Grécia, Irlanda, Itália e Espanha.
- A população mais jovem corre hoje maior risco de cair na pobreza do que antes da crise: a parcela dos jovens de 18 a 25 anos em famílias com renda inferior à média nacional cresceu na maior parte dos países — em cinco pontos percentuais em Estônia, Espanha e Turquia; em quatro pontos, em Irlanda e no Reino Unido; e em três, em Grécia e Itália.
- A parcela das pessoas que reclamaram não conseguir comprar alimentos suficientes cresceu em 23 países, especialmente em Grécia e Hungria, mas igualmente nos Estados Unidos.
- Gastos em educação caíram em relação ao Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) pela metade nos países da OCDE desde o início da crise. Os custos foram especialmente agudos em Estônia, Hungria, Islândia, Itália, Suécia, Suíça e Estados Unidos. Tais cortes, aponta o estudo da OCDE, terão um impacto maior entre os mais pobres, e, a longo prazo, poderá levar a uma redução na participação escolar, aumento da pobreza e redução da mobilidade social para crianças das famílias com baixa renda.
Brasil reduziu a desigualdade
A OCDE aponta que países emergentes, como o Brasil, focalizaram suas políticas na redistribuição de renda, como parte de suas estratégias para reduzir a pobreza a desigualdade. Essas nações foram menos afetadas pela crise e puderam adotar políticas menos rigorosas do ponto de vista fiscal.
Mesmo assim, ressalta o estudo, a redução da pobreza nesses países não pode ser explicada apenas pela relativa imunidade à crise. As políticas sociais de redução de pobreza tiveram um papel crucial nesse processo. Apesar disso, essas nações ainda enfrentam grandes desafios na luta contra a pobreza e a desigualdade.
Na fase inicial da crise, em 2008, os gastos públicos em medidas sociais e benefícios como seguro-desemprego chegaram a avançar, porém esses setores encontram-se hoje sob pressão devido às políticas de ajuste orçamentário.
O estudo da OCDE também aponta para as distintas iniciativas regionais, revelando que enquanto alguns países adotaram programas sociais que amorteceram os impactos da crise, outros fizeram muito pouco pelos mais necessitados, especialmente no Sul da Europa.
Por isso, adverte a OCDE, os governos devem avaliar quaisquer cortes de gastos sociais de forma bastante cuidadosa. Novos apertos fiscais podem piorar a já difícil situação das parcelas mais afetadas pela crise, gerando risco de conflitos sociais.
A entidade alerta que, embora o compromisso a longo prazo com as finanças públicas deva ser mantido, ele não pode se dar às custas do aumento da desigualdade social. Nesse sentido, a OCDE ecoa um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado na semana passada, com alerta semelhante.
“A recuperação econômica sozinha não será suficiente para sarar as divisões sociais e ajudar os mais atingidos a se recuperar”, afirmou em nota o secretário geral da OCDE, José Angel Gurría. “Os governos precisam pôr em marcha políticas sociais mais eficazes para ajudar seus cidadãos a lidar com crise futuras. Eles também precisam insistir em seus esforços de reforma à medida que a recuperação se consolida.”
A OCDE sugere que os governos evitem cortes em programas de transferência de renda, especialmente aqueles destinados à habitação e os benefícios sociais e escolaridade para famílias pobres e crianças.
Em vez disso, os governos devem destinar seus gastos e investimentos para os mais necessitados. Cortes em gastos sociais podem representar um impacto a longo prazo, especialmente para os mais jovens, com efeitos nocivos ao desenvolvimento dos países.
Balanço do estudo
O Society at a Glance 2014 apontou os seguintes impactos da crise econômica, segundo uma série de indicadores:
- O número de famílias sem renda de trabalho dobrou em Grécia, Irlanda e Espanha; e subiu 20% ou mais em Estônia, Itália, Letônia, Portugal, Eslovênia e Estados Unidos.
- As famílias mais pobres perderam uma parcela maior da renda do que aquelas com poder aquisitivo maior. Elas também foram menos beneficiadas com a recuperação da economia — especialmente em Estônia, Grécia, Irlanda, Itália e Espanha.
- A população mais jovem corre hoje maior risco de cair na pobreza do que antes da crise: a parcela dos jovens de 18 a 25 anos em famílias com renda inferior à média nacional cresceu na maior parte dos países — em cinco pontos percentuais em Estônia, Espanha e Turquia; em quatro pontos, em Irlanda e no Reino Unido; e em três, em Grécia e Itália.
- A parcela das pessoas que reclamaram não conseguir comprar alimentos suficientes cresceu em 23 países, especialmente em Grécia e Hungria, mas igualmente nos Estados Unidos.
- Gastos em educação caíram em relação ao Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) pela metade nos países da OCDE desde o início da crise. Os custos foram especialmente agudos em Estônia, Hungria, Islândia, Itália, Suécia, Suíça e Estados Unidos. Tais cortes, aponta o estudo da OCDE, terão um impacto maior entre os mais pobres, e, a longo prazo, poderá levar a uma redução na participação escolar, aumento da pobreza e redução da mobilidade social para crianças das famílias com baixa renda.
Brasil reduziu a desigualdade
A OCDE aponta que países emergentes, como o Brasil, focalizaram suas políticas na redistribuição de renda, como parte de suas estratégias para reduzir a pobreza a desigualdade. Essas nações foram menos afetadas pela crise e puderam adotar políticas menos rigorosas do ponto de vista fiscal.
Mesmo assim, ressalta o estudo, a redução da pobreza nesses países não pode ser explicada apenas pela relativa imunidade à crise. As políticas sociais de redução de pobreza tiveram um papel crucial nesse processo. Apesar disso, essas nações ainda enfrentam grandes desafios na luta contra a pobreza e a desigualdade.
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