Decisão foi tomada na quinta (20), após reunião com o gabinete de crise.
Noite de quinta foi marcada por ataques em três áreas pacificadas do Rio.
O governador do Rio, Sérgio Cabral, e o secretário de Segurança Pública
do estado, José Mariano Beltrame, foram até Brasília na manhã desta
sexta-feira (21) para solicitar à Presidência da República o apoio das
Forças Federais para conter ataques em áreas pacificadas da cidade. Como
mostrou o Bom Dia Rio, a decisão foi tomada durante a madrugada, depois
que as autoridades se reuniram por mais de duas horas com o gabinete de
crise, convocado em caráter de urgência após ataques em três áreas de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP),
ocorridos na noite de quinta-feira (20). O mais grave deles aconteceu
em Manguinhos, na Zona Norte, onde o comandante da UPP do Mandela foi
baleado e a base da unidade ficou completamente incendiada.Cabral disse que ainda não sabe quais tropas deverão atuar no Rio, nem por quanto tempo. Os detalhes serão discutidos em uma reunião agendada para as 11h desta sexta-feira no Palácio do Planalto.
"A presidenta Dilma me atendeu esta noite [por telefone] depois de uma viagem pelo Norte do Brasil. De imediato, ela se colocou à disposição de nos receber na parte da manhã em Brasília, afirmou o governador.
Ele voltou a enfatizar que o estado não irá recuar diante dos constantes ataques em áreas já pacificadas. Segundo Cabral, a situação "é uma evidência do enfraquecimento do tráfico", e o apoio das Forças Federais servirá "para continuarmos avançando em nossa política de pacificação". Sem adiantar detalhes da atuação federal, o governador do Rio disse que a operação "será uma coisa absolutamente objetiva, pois são forças que já trabalharam juntas aqui para o bem comum da população".
'Vamos passar a vida resolvendo crises'
Terminada a reunião, o secretário de Segurança Pública do Rio fez severas críticas ao tratamento que se dá à segurança pública no Brasil. Beltrame qualificou como "arcaico" o sistema penal e prisional do país, falou sobre o problema do crescente uso de crack, a falta de controle das fronteiras, a maioridade penal e o uso de armas de fogo por parte da população civil.
"Se não discutirmos isso tudo de forma ampla, vamos passar a vida inteira resolvendo crises e não efetivamente resolvendo o problema da segurança pública", destacou o secretário.
Em relação aos ataques às UPPs, Beltrame voltou a enfatizar os problemas de segurança que beneficiam os criminosos. "Pessoas atiram contra agentes públicos porque, sem dúvida alguma, o crime vale a pena para elas. As pessoas agem sem o menor temor às leis. Diante dessa crise que se avizinha, que ameaça o Rio de Janeiro, nós viemos aqui e propomos um torniquete a ela. Mas, se não sanarmos o problema, não haverá solução", disse.
Quanto à atuação das Forças Federais, Beltrame afirmou que o governador pediu sigilo e que os detalhes da operação só serão anunciados após a reunião com a presidente Dilma Rousseff. Porém, o secretário adiantou que as polícias Civil e Militar estão de prontidão para garantir a segurança da população.
Sem recuo
Antes da reunião com o gabinete de crise, o governador do Rio informou, por meio de nota, que não irá recuar. Segundo ele, esse tipo de atentado equivale a "uma tentativa da marginalidade de enfraquecer a política vitoriosa da pacificação, que retomou territórios historicamente ocupados pela bandidagem para o controle do poder público". De acordo com Cabral, o governo do estado mantém o firme compromisso assumido com as populações das comunidades e com a população de todo o estado do Rio de não sair, em hipótese alguma, desses locais ocupados e manter a política da pacificação".
'Alerta total'
O comandante das UPPs do Rio, coronel Frederico Caldas, disse em entrevista à GloboNews que a Polícia Militar está em estado de "alerta total" após os ataques a três comunidades com UPPs em pontos distintos da cidade – entre elas, duas sedes – na noite de quinta-feira. "A partir de agora, a gente entra em um regime de atenção total, de alerta total", afirmou Caldas.
Em Manguinhos, ocorreu o pior ataque. Criminosos atearam fogo à UPP Mandela, o que consumiu completamente os contêineres da unidade. O comandante da UPP, capitão Gabriel Toledo, foi baleado, e outro policial levou uma pedrada na cabeça. Tiros também foram registrados na UPP do Alemão.
"Na região de Manguinhos, a UPP Mandela teve os registros mais graves. O estado de saúde dele [capitão Gabriel Toledo] é muito bom. Ele foi baleado na perna com um tiro de pistola. Eu acabei de visitar o outro policial [atingido] que está com um ferimento na cabeça, alvo de uma pedra", completou Caldas.
O comandante das UPPs disse ainda que o policiamento foi reforçado em todas as bases dessas unidades no Rio e que a PM está "com uma mobilização grande para evitar que novas ações aconteçam".
"A gente está muito atento para evitar que aconteçam novas ações por parte de marginais. Não há dúvidas de que a gente vai retomar [o controle]. Não há a menor possibilidade de recuo na pacificação", concluiu Caldas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário