3.21.2014

Governo prepara medidas para conter alta dos alimentos

Na próxima semana, membros do Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos (Ciep) e discutirá ações em alimentos básicos, corroborando o alerta do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini

O governo avalia lançar uma linha de financiamento para estufas que cobrem hortigranjeiros, o que ajudaria a reduzir estragos das chuvas, além de incentivar o setor de sementes.
O governo avalia lançar uma linha de financiamento para estufas que cobrem hortigranjeiros, o que ajudaria a reduzir estragos das chuvas, além de incentivar o setor de sementes. (Thinkstock)
O festival de aumentos dos preços dos alimentos levará o governo a tomar medidas para atenuar a alta da inflação. Em reunião prevista para a terça-feira, a câmara técnica do Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos (Ciep) determinará a venda de estoques de milho para abastecer algumas regiões, sobretudo o Nordeste, e discutirá ações em alimentos básicos, como o feijão, afetado pelo clima nas principais áreas produtoras do país.
O movimento do conselho corrobora o alerta do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, aos senadores nesta semana, sobre o impacto do choque de preços nos alimentos na inflação. Em plena safra dos grãos, esperava-se recuo nos preços. Mas as cotações seguem trajetória ascendente pela terceira vez nos últimos anos.
No governo, avalia-se que a escalada dos principais itens de alimentação continuará nos próximos dois meses. "Temos essa preocupação, sim. Por isso, vamos tomar medidas", disse o novo ministro da Agricultura, Neri Geller, ao jornal O Estado de S. Paulo.
Os elementos que sustentam a previsão reservada do governo vão desde a seca prolongada até as chuvas que afetaram hortigranjeiros, gerando a "inflação da salada". Nessa conta também está a demora na recomposição dos estoques globais, a redução da oferta mundial de produtos básicos, incluindo milho nos Estados Unidos e trigo na Ucrânia. A origem da escalada, avalia-se, está na quebra histórica da safra americana de 2012 e na mudança estrutural do padrão de consumo na Ásia, especialmente na China.
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Crédito — O governo avalia lançar uma linha de financiamento para estufas que cobrem hortigranjeiros, o que ajudaria a reduzir estragos das chuvas, além de incentivar o setor de sementes. "A qualidade é baixa e os preços estão altos", diz o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Osmar Dias. "Sem semente, não tem recuperação da safra." Os preços internos se mantêm elevados por algumas razões. E os estoques finais dos grãos no Brasil, à exceção do milho, estão abaixo da média histórica das últimas cinco safras.
A cesta básica está em alta: o índice Ceagesp, referência nacional para 150 produtos, subiu 3% em 2013 e quase 8% em janeiro e fevereiro - 34% em legumes e 61% em verduras.
A cotação da soja, avalia o governo, deveria estar 20% mais baixa, o que ajudaria a conter o preço das carnes, em franca disparada nos últimos dias - a arroba do boi passou de 95 para 120 reais e os preços do leite subiram 7,3% sobre janeiro de 2013. O milho, prejudicado pela seca, tem safras menores a cada ano. Base da ração de bovinos, suínos e aves, saltou de 26,54 para 33 reais a saca só neste ano.
No arroz, produtores capitalizados seguram o produto à espera de cotações mais altas. Mesmo com safra nova, a saca subiu de 33 para 36 reais neste ano. O preço do feijão passou de 80 para 130 reais a saca. E o trigo subiu forte, de 307 para 338 dólares a tonelada. 
(com Estadão Conteúdo)

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