Piloto teria mudado direção bruscamente em função de ‘ilusão’ gerada por mau tempo
Outra manobra brusca, feita em
seguida para corrigir o impacto da colisão com um corpo estranho, fez o
avião perder altitude e cair. A suspeita coloca sobre o experiente
comandante Marcos Martins (com ele na cabine estava o também piloto
Geraldo Cunha ) a responsabilidade pelo acidente. Cunha reunia mais de
três mil horas de voo, e era bastante responsável. O Cessna 560XL que
conduzia, também conhecido como Citation XLS+, é dotado de um sistema
anticolisão, que rastreia aeronaves próximas.
O avião exibe informações sobre o
tráfego aéreo nas redondezas e evidencia qualquer ameaça de colisão. Foi
graças a esse sistema que se levantou a suspeita, logo descartada pela
FAB, de que um Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) teria sido o objeto
identificado por Martins que o levou à manobra final.
Vídeo: Campos reclamou de problema em avião
Com tempo muito ruim (chovia de forma
moderada e o teto de voo, que é a distância na vertical, de apenas 250
metros e a visibilidade, a chamada distância na horizontal, de três mil
metros), o piloto teria sido surpreendido por uma imagem estranha
(possivelmente uma imagem decorrente da repentina piora do tempo) e como
já fizera antes e estava com altura suficiente, desviou.
O inusitado teria sido o choque com
um objeto que, mesmo sendo inofensivo inicialmente (uma ave ou algum
objeto que tenha se desprendido), levou a mais um movimento, esse sim,
para baixo. “É o chamado ‘estol de asa’, uma perda de sustentação ligada
ao ângulo do avião, provavelmente com as asas na vertical já para
desviar de prédios altos operando quando a visibilidade já permitia ver
as construções”, opina o especialista ouvido pelo
DIA
. Ele não se surpreenderam com o fato de a caixa-preta não ter
registrado as conversas das últimas horas do voo. “Quando se transporta
autoridades o próprio contratante pede que não se grave o áudio
interno”, explica.
PSB reclama de investigação e ameaça ir à Justiça
O líder do PSB na Câmara, Beto
Albuquerque, ligou ontem para o ministro da Defesa, Celso Amorim, para
por em dúvida a investigação da Força Aérea Brasileira sobre as causas
do acidente do avião Cessna que caiu na quarta-feira em Santos com a
comitiva do presidenciável Eduardo Campos.
A revelação é do jornalista Josias de
Souza em seu blog no site UOL. Ele informa que o deputado, falando em
nome do partido, pediu explicações sobre a notícia, divulgada pelo
Cenipa, órgão encarregado das investigações, de que o áudio disponível
na caixa-preta do avião não é o do voo de Eduardo Campos.
“O ministro me disse que também ficou
surpreso com a informação”, contou Beto ao blog. “Eu informei que
telefonaria para o comandante da Aeronáutica, mas o ministro afirmou que
ele mesmo ligaria, para pedir maiores explicações. Nós, do PSB, estamos
achando tudo muito esquisito”, disse o deputado para Josias.
Beto Albuquerque conversou com o
jornalista pelo telefone enquanto almoçava em um restaurante de São
Paulo com parlamentares: Márcio França e Júlio Delgado, deputados como
ele; além de Lídice da Mata e Antonio Carlos Valadares, senadores. Mais
tarde, falando ao DIA
, o deputado Júlio Delgado disse que o partido vai à Justiça com pedido
de liminar para acompanhar as investigações. “Estamos todos muito
desconfiados”, justificou Beto.
Piloto escolheu bambuzal
Os pilotos do avião Cessna podem ter tentado pousar em um bambuzal, para minimizar os efeitos da queda. No caminho, escaparam de atingir uma igreja e um prédio residencial. A hipótese foi apresentada pelo delegado Aldo Galeano, que conduz as investigações pela Polícia Civil.
"A explosão a gente praticamente acredita que foi em solo. O piloto procurou um bambuzal vizinho a uma piscina. Jogou o avião no meio do bambuzal, talvez para amortecer e ter alguma chance de sobrevivência", afirmou.
O delegado supôs o que pode ter acontecido no trajeto do avião, que, na queda, não atingiu tantas casas. "Na minha pouca experiência na Aeronáutica, classifico como ato extremamente heroico. Tínhamos uma igreja, uma academia, várias casas e prédios. Ele teve uma atitude extremamente heroica", acredita o delegado.
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