Executiva do partido decidirá na próxima quarta-feira sobre sucessão de Eduardo Campos
Brasília - Passado o funeral de Eduardo Campos,
no domingo, o PSB pedirá à Marina Silva que desista da Rede
Sustentabilidade e permaneça no partido caso vença as eleições para
presidente. O DIA apurou que a proposta será feita oficialmente na
quarta-feira em reunião em Brasília, quando a legenda pretende
anunciá-la candidata a cabeça de chapa da coligação Unidos pelo Brasil. O
medo é que, se eleita, abandone a sigla e parta, com seu peso
institucional, para a formação definitiva da Rede.
Ontem, no encontro entre a ex-senadora, em São Paulo, com o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, nada foi dito a respeito, porém. “As conversas só começarão após o enterro, no domingo mesmo”, explicou Beto Albuquerque.
No encontro, decidiram apenas que haverá consulta sobre o nome dela entre os socialistas já no domingo.Marina aceitou. E combinaram que a reunião definitiva será na quarta-feira.
“O encontro foi elegante e emocional”, descreveu Walter Feldman, porta-voz e amigo de Marina Silva. Segundo disse, a ex-senadora considera um desrespeito a Eduardo Campos a discussão sobre sucessão neste momento. Ele também negou que ela tenha sugerido o nome da viúva Renata Campos como vice, conforme revelou a revista ‘Piauí’. “Um absurdo! Isso nunca foi falado”, reagiu.
Logo depois, Amaral afirmou à reportagem que Marina será mesmo “a provável candidata” pelo partido e negou que tenha rejeição ao seu nome. Os dois têm divergências ideológicas e, quando era conselheiro de Campos, defendeu a manutenção da aliança pela reeleição da presidenta Dilma Rousseff.
O DIA apurou que ele, ao lado de Maurício Rands, que era um dos coordenadores da então campanha de Campos, o deputado Beto Albuquerque, candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, além da amiga e deputada Luiza Erundina, de São Paulo, e Delgado, de Minas, são os nomes mais cotados nas apostas internas como vices de Marina.
Sem outro grande nome
Sem um grande nome nacional, o PSB não está em condições de impor dificuldades à Marina Silva, caso queira segurar a ascensão dos últimos anos.
Nas eleições de 2010 e 2012, por exemplo, o partido, sob o comando de Eduardo Campos, dobrou seus governadores e aumentou em 30% o número de cadeiras na Câmara Federal. Saltou de 27 para 35.
As administrações municipais também foram bem. O partido saltou de 174 prefeituras em 2004 para 440, em 2012 — uma diferença de 153%.
A interpretação interna, no entanto, muda, a depender da ala em que se encontra o observador. Se mais próxima ao PT, o aumento é creditado à ascensão petista ao Palácio do Planalto. Se mais próximo ao PSDB, à capacidade de Campos.
Fato é que, agora, como adversário do PT, o ex-governador via com preocupação seu partido neste pleito. Ao menos nas administrações estaduais, nenhum dos candidatos estava bem nas pesquisas de intenção de voto.
Em Pernambuco, Ceará, Espírito Santo, Amapá e Paraíba, o PSB está atrás em todas as pesquisas. E, no Piauí, o candidato do PMDB, que tem o apoio dos socialistas, não vai bem.
A esperança era de que a exposição da aliança com Marina Silva rendesse frutos no Congresso. Agora, “tudo mudou”, diz um membro do diretório nacional, para quem, “é hora de ficar nem mais aos tucanos ou aos petistas, é ficar à Marina.”
Documento estabelece regras de convivência
A possibilidade de Marina aceitar desistir, ao menos por hora, da Rede vai contra o termo de compromisso firmado na aliança do grupo com o PSB, em outubro de 2013. No documento, a executiva nacional da Rede afirmava que seus militantes deixariam o PSB assim que conseguissem obter o registro da legenda na Justiça Eleitoral. Segundo nota publicada no site do grupo em junho daquele ano, isso ocorrerá nos próximos meses.
“A filiação transitória democrática permite que, tão logo a Rede obtenha seu registro na Justiça Eleitoral, o que deve ocorrer nos próximos meses, seus militantes formalmente vinculados ao PSB poderão se transferir para a legenda de origem sem o risco de qualquer tipo de sanção partidária”, disse a nota. A executiva também destacou no termo que “ambos os partidos são independentes e com identidades próprias que devem ser respeitadas”. “Isso lhes assegura autonomia política sem comprometimento da aliança programática-eleitoral firmada em 5 de outubro passado”, reforçou.
Caso aceite disputar a presidência entrando de cabeça na campanha da PSB, Marina também terá outra dificuldade para cumprir o documento. A Rede havia condicionado a participação de Marina em eventos relativos às candidaturas aos governos estaduais apenas nos locais nos quais o grupo estivesse vinculado.
Isso gera problema em São Paulo, onde Marina foi contra o apoio do PSB a candidatura de reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e defendeu o lançamento de candidatura própria. O porta-voz da Rede, Walter Feldman, afirmou na época que a aliança era uma contradição. (Constança Rezende)
“Nós achamos que Marina tem que
abraçar o PSB como seu partido. E ela precisa compreender que não pode
ser candidata para se eleger e depois mudar”, opinou o deputado federal
Beto Albuquerque, do PSB gaúcho, confirmando a movimentação. Ele — um
dos líderes nacionais da legenda — garante, entretanto, que não será uma
condição para que ela tenha a sigla para concorrer à Presidência da
República.
Em condição de anonimato, membros do
diretório nacional afirmaram, porém, que o PSB tentará fazer “certa
pressão” para que Marina se comprometa. Na opinião de um deles, “as
coisas mudaram com a morte de Eduardo Campos”.
“É claro que, hoje, o partido precisa
muito da sua força política, mas é do jogo não entregar as fraquezas
logo de cara”, relatou.
Perguntado pela reportagem sobre a estratégia, o
deputado federal Júlio Delgado, do diretório mineiro, foi lacônico:
“Procede a informação”. Ele afirmou, no entanto, que o momento é de
luto. “Não gostaria de me estender no assunto”, pediu.
Ontem, no encontro entre a ex-senadora, em São Paulo, com o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, nada foi dito a respeito, porém. “As conversas só começarão após o enterro, no domingo mesmo”, explicou Beto Albuquerque.
No encontro, decidiram apenas que haverá consulta sobre o nome dela entre os socialistas já no domingo.Marina aceitou. E combinaram que a reunião definitiva será na quarta-feira.
“O encontro foi elegante e emocional”, descreveu Walter Feldman, porta-voz e amigo de Marina Silva. Segundo disse, a ex-senadora considera um desrespeito a Eduardo Campos a discussão sobre sucessão neste momento. Ele também negou que ela tenha sugerido o nome da viúva Renata Campos como vice, conforme revelou a revista ‘Piauí’. “Um absurdo! Isso nunca foi falado”, reagiu.
Logo depois, Amaral afirmou à reportagem que Marina será mesmo “a provável candidata” pelo partido e negou que tenha rejeição ao seu nome. Os dois têm divergências ideológicas e, quando era conselheiro de Campos, defendeu a manutenção da aliança pela reeleição da presidenta Dilma Rousseff.
O DIA apurou que ele, ao lado de Maurício Rands, que era um dos coordenadores da então campanha de Campos, o deputado Beto Albuquerque, candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, além da amiga e deputada Luiza Erundina, de São Paulo, e Delgado, de Minas, são os nomes mais cotados nas apostas internas como vices de Marina.
Sem outro grande nome
Sem um grande nome nacional, o PSB não está em condições de impor dificuldades à Marina Silva, caso queira segurar a ascensão dos últimos anos.
Nas eleições de 2010 e 2012, por exemplo, o partido, sob o comando de Eduardo Campos, dobrou seus governadores e aumentou em 30% o número de cadeiras na Câmara Federal. Saltou de 27 para 35.
As administrações municipais também foram bem. O partido saltou de 174 prefeituras em 2004 para 440, em 2012 — uma diferença de 153%.
A interpretação interna, no entanto, muda, a depender da ala em que se encontra o observador. Se mais próxima ao PT, o aumento é creditado à ascensão petista ao Palácio do Planalto. Se mais próximo ao PSDB, à capacidade de Campos.
Fato é que, agora, como adversário do PT, o ex-governador via com preocupação seu partido neste pleito. Ao menos nas administrações estaduais, nenhum dos candidatos estava bem nas pesquisas de intenção de voto.
Em Pernambuco, Ceará, Espírito Santo, Amapá e Paraíba, o PSB está atrás em todas as pesquisas. E, no Piauí, o candidato do PMDB, que tem o apoio dos socialistas, não vai bem.
A esperança era de que a exposição da aliança com Marina Silva rendesse frutos no Congresso. Agora, “tudo mudou”, diz um membro do diretório nacional, para quem, “é hora de ficar nem mais aos tucanos ou aos petistas, é ficar à Marina.”
Documento estabelece regras de convivência
A possibilidade de Marina aceitar desistir, ao menos por hora, da Rede vai contra o termo de compromisso firmado na aliança do grupo com o PSB, em outubro de 2013. No documento, a executiva nacional da Rede afirmava que seus militantes deixariam o PSB assim que conseguissem obter o registro da legenda na Justiça Eleitoral. Segundo nota publicada no site do grupo em junho daquele ano, isso ocorrerá nos próximos meses.
“A filiação transitória democrática permite que, tão logo a Rede obtenha seu registro na Justiça Eleitoral, o que deve ocorrer nos próximos meses, seus militantes formalmente vinculados ao PSB poderão se transferir para a legenda de origem sem o risco de qualquer tipo de sanção partidária”, disse a nota. A executiva também destacou no termo que “ambos os partidos são independentes e com identidades próprias que devem ser respeitadas”. “Isso lhes assegura autonomia política sem comprometimento da aliança programática-eleitoral firmada em 5 de outubro passado”, reforçou.
Caso aceite disputar a presidência entrando de cabeça na campanha da PSB, Marina também terá outra dificuldade para cumprir o documento. A Rede havia condicionado a participação de Marina em eventos relativos às candidaturas aos governos estaduais apenas nos locais nos quais o grupo estivesse vinculado.
Isso gera problema em São Paulo, onde Marina foi contra o apoio do PSB a candidatura de reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e defendeu o lançamento de candidatura própria. O porta-voz da Rede, Walter Feldman, afirmou na época que a aliança era uma contradição. (Constança Rezende)
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