Escassez atingirá 26 cidades, se for mantida redução da vazão de afluente do Paraíba do Sul
Segundo informação obtida pelo DIA , no dia 28 de outubro, as cidades do Norte e Sul Fluminense, incluindo Região Metropolitana e Baixada, sofreriam o problema caso a estiagem no Sudeste continue. Para evitar a crise no abastecimento, São Paulo deve triplicar o volume de vazão do Jaguari para o Paraíba do Sul dos atuais 10 metros cúbicos (m³/s) por segundo para 30 m³/s. O nível antes da crise era de 40 m³/s.
“A questão central não é o risco de faltar energia elétrica no Rio, mas a possibilidade bastante grande de desabastecimento de água nas cidades do Rio e São Paulo”, ressalta o diretor-presidente da Agência Nacional das Águas (ANA), Andreu Guillo.
Um ofício do Instituto Nacional do
Ambiente (Inea) à ANA e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
confirma a apreensão das autoridades. No documento, declara uma
“profunda preocupação” com a segurança hídrica dos 17 municípios
fluminenses que dependem exclusivamente do Paraíba do Sul. A
justificativa do governador Geraldo Alckmin é que a vazão precisa ser
mantida para abastecer o município de Santa Isabel, que correria o risco
de ficar sem água. Técnicos da ANA, porém, não constataram nenhum
problema nos reservatórios da cidade, de 50 mil habitantes.
A agência deu cinco dias para que a Companhia
Energética de São Paulo (Cesp) apresente laudos técnicos que comprovem a
necessidade de baixar a vazão. Por não ter cumprido ordem da ONS, a
empresa e o Departamento de Água, Esgoto e Energia de São Paulo terão 15
dias para se justificar. Após o prazo, a Cesp pode ser multada em até
2% da sua receita anual. Para Hélio Vanderlei, ex-diretor do Comitê da
Bacia Hidrográfica do Rio Guandu, a medida foi uma estratégia do governo
paulista. “São Paulo diminuiu a vazão para fazer volume no reservatório
e socorrer o sistema Cantareira”, analisa.De cada 10l captados, 4l se perdem
O drama da falta d’água enfrentado hoje pelos paulistanos será o de amanhã para os fluminenses se, até março, nada for feito para recuperar o volume dos reservatórios do Sistema Cantareira que abastece São Paulo. “Se nos próximos sete meses, o abastecimento não for normalizado pelas chuvas, a crise será no Rio”, alerta Hélio Vanderlei, gerente de Políticas Públicas da Ong Onda Verde.
Segundo ele, tanto Rio quanto São Paulo não montaram plano B para não depender exclusivamente do Guandu e do Cantareira. “São Paulo deveria ter racionado o consumo de água há um ano. O Rio também terá que fazer”, advertiu o ambientalista, lembrando que, de cada 10 litros captados no Rio, quatro ficam pelo caminho. As populações mais afetadas serão as do Sul e do Norte Fluminense. “É como uma mangueira com 100 litros d’água. Quando diminui o volume, alguém na ponta vai ficar sem”.
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