Evento foi combinado pelas redes sociais e direcionado principalmente ao público LGBT, que veio de todos os bairros da cidade
Rio -Uma festa, que levou seis mil pessoas ao
Arpoador na noite do último sábado, prova mais uma vez o poder da
Internet em promover eventos que reúnem milhares de jovens em locais
públicos. Estudante recém-saída do Ensino Médio, Thay Morena, 18 anos,
moradora da Zona Norte da cidade, teve a ideia de criar o Luau Sem
Controle durante um passeio com os amigos Larissa Vasconcellos, 19, e
Felipe Fonte, 19, no Parque Madureira. Para ser o cenário desses
encontros, eles elegeram o território mais democrático do Rio: a praia. A
festa já aconteceu nas orlas do Flamengo e do Leme.
O evento, que reuniu milhares de
pessoas nas areias do Arpoador e só terminou neste domingo às 9h da
manhã, foi combinado pelas redes sociais e direcionado principalmente ao
público LGBT, que veio de todos os bairros da cidade. O policiamento
precisou ser reforçado, mas não houve registros de incidentes, mesmo com
a grande movimentação na área, que ficou lotada.
Segundo Thay e seus amigos, a
prefeitura foi informada do evento, mas não foi dada autorização para
instalação de sistemas de som. “Foi a nossa maior edição. Na última, no
Leme, tivemos que improvisar por conta da chuva, mas, mesmo assim,
contabilizamos cerca de 1.500 pessoas”, contou ela.
A palavra de ordem da noite era
diversão, com a mistura dos ingredientes mais tradicionais de um luau:
rodas de violão, clima de paquera e muita bebida. Alegria que, além de
contagiar os frequentadores, podia ser traduzida no frenesi das centenas
de selfies — todos queriam ter no celular recordação da festa.
Para enriquecer ainda mais a animação da
galera, os organizadores da festa incluíram no cardápio do luau
atividades apimentadas, como a ‘roda do beijo’ com ‘passa camisinha’. Em
círculo, os participantes deveriam passar um preservativo para o colega
do lado, usando os lábios para isso. Se a camisinha caísse... beijo na
boca! Também não faltaram brincadeiras com bebida, como ‘tiro de
tequila’ e ‘vira-vira’.
A atmosfera de liberdade animou
simpatizantes da causa LGBT, como Wanderson David, 25 anos. “É um evento
muito propício para conhecer novas pessoas. Amanhecer na areia com esse
visual é melhor ainda”, opinou.
O amor estava no ar e contagiou o
casal Anderson Ricardo, 18, e Vitor Knowles, 19. “Aqui a gente brinca,
se diverte, tudo entre nós”, disse Anderson. Segundo Thay Morena, uma
das vantagens da festa é que os participantes sabem que não vão ser
recriminados.
“Se um gay beija outro numa festa, pode ser
vítima de preconceito. Mas no Luau Sem Controle não tem isso, todos são
amigos”, ressaltou ela. Para Thay, o Rio de Janeiro ainda é uma cidade
preconceituosa: “As pessoas precisam aceitar que existem várias formas
de diversão e alegria. Essa é a nossa festa.”
Próximo luau na praia será à fantasia
Neste domingo, no Parque Madureira, os
organizadores do Luau Sem Controle, Thay Morena, Larissa Vasconcellos e
Felipe Fonte, encontraram-se para decidir como será o próximo. “Estamos
planejando fazer à fantasia em uma praia ainda não definida. Fora isso,
também pretendemos encontrar um clube para realizarmos uma festa”,
revelou Thay.
O surgimento e o sucesso do evento
devem muito às redes sociais. Foi lá que os amigos Thay e Felipe
conseguiram, na base do boca a boca, encontrar mais seguidores. Entre
eles, Larissa, que se uniu à dupla e tornou-se uma das organizadoras.
Das primeiras reuniões do trio até hoje, já foram criados cinco grupos
no WhatsApp e três páginas no Facebook.
Eles também comemoraram a
tranquilidade da festa de ontem. De acordo com os organizadores, os
moradores do local não foram importunados. O som alto foi substituído
por violões. “Tem gente que leva cavaquinho, banjo e pandeiro para fazer
pagode, mas o volume é aceitável”, garante Thay. “Nosso objetivo é
apenas a diversão”, diz Felipe.
Reportagem de Leandro Eiró e Leandro Resende
Nenhum comentário:
Postar um comentário