Clérigos acreditam que eles estão ‘presos a corpos errados’, o que deve ser ‘corrigido’ com cirurgias. Muitos fogem do país
Shabnam (nome fictício), psicóloga em
clínica estatal do país persa, contou que médicos são orientados a
dizer a gays que eles estão doentes e precisam de tratamento. Os
‘pacientes’ são encaminhados a clérigos, “para que sua fé seja
fortalecida”. A preocupação de especialistas é a de que pessoas que não
são transexuais — e sim homossexuais — estão sendo obrigadas a mudar de
identidade, o que deixa graves sequelas psicológicas.
Marie, 37 anos, deixou o Irã há cinco meses.
Ela nasceu e cresceu como menino, mas na juventude descobriu-se gay e
foi declarada por um médico como sendo “98% mulher”. Acabou acreditando
que precisava se operar. Após a cirurgia, porém, sentiu-se “fisicamente
danificada”. “Antes da cirurgia, as pessoas me viam e diziam: ‘Ele é tão
feminino’. Agora, ouço: ‘Ela se parece com um homem, ela é viril’. A
cirurgia não ajudou a reduzir os problemas. Pelo contrário. Estou
cansada da vida”.
Nascida menina no Irã, Donya, hoje com 33 anos, mantinha o cabelo raspado e usava bonés em vez de lenços. Policiais pediam sua identidade e, se notavam que era mulher, diziam para fazer operação.
“Eu estava sob tanta pressão que queria mudar meu sexo rápido”. Por sete anos, submeteu-se a tratamento hormonal que lhe engrossou a voz e lhe fez crescer pelos. Mas ao conversar com amigos que tinham se mudado para a Europa, mudou de ideia. “Eu aceitei que era lésbica e queria isso”. Ela fugiu e recebeu asilo do Canadá com seu filho, fruto de breve casamento.
Soheil, iraniano de 21 anos, foi outro que sofreu pressão. “Meus parentes me disseram que ou eu mudava de sexo ou iam me matar”. Ele chegou a ser mantido preso em casa. Na véspera da cirurgia, fugiu com ajuda de amigos, que lhe deram passagem aérea para a Turquia
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