11.05.2014

Pé diabético pode se agravar rapidamente e causar amputação

Cuidados com os pés fazem bem e evitam problemas

foto especialista
  Endocrinologista e Metabologista - CRM 123579/SP


Assim que uma pessoa descobre que tem diabetes, alguns cuidados precisam ser tomados. Além do exame de fundo de olho para avaliação da retina e do exame de urina para dosagem de proteínas, também é essencial o cuidado com os pés.

O diabetes é uma doença que afeta os vasos sanguíneos, tanto os grandes quanto os pequenos. Nossos nervos, que podem ser entendidos como pequenos fios elétricos que vão transmitir informações de calor, dor, frio ou pressão para o nosso cérebro, precisam receber sangue com oxigênio para funcionarem bem. No caso do diabetes, existe uma diminuição do oxigênio que chega aos nervos através de pequenos vasos sanguíneos, e também ocorre a formação de um processo inflamatório, ambos levando ao mau funcionamento dos nervos.

Devido a este mau funcionamento, alguns pacientes terão perda da sensibilidade, geralmente nos pés e mãos, chamada neuropatia em bota ou em luva. Enquanto outros podem ter um aumento de sensibilidade, determinando dor ou queimação em determinadas regiões do corpo. No diabetes, vários nervos do corpo podem ser afetados, como o nervo de controla o esvaziamento do estômago, causando um quadro chamado de gastroparesia - ou seja, uma diminuição da força de contração do estômago.

Quando a neuropatia diabética acomete os pés, é chamada de pé diabético. Estima-se que cerca de 15% dos pacientes com diabetes vão desenvolver alterações nos pés, sendo a mais preocupante a formação de úlceras, pois elas podem progredir para amputação do pé ou perna.

Mas como isso acontece?


Com a perda da sensibilidade, o diabético passa a não sentir pequenos machucados nos pés, como os causados por um sapato apertado ou a costura de uma meia. Há casos extremos em que pacientes diabéticos não sentiram a formação queimaduras nos pés quando pisavam em um chão quente perto de piscinas. Os machucados são a porta de entrada para bactérias e, juntando a isso a dificuldade de cicatrização que faz parte do diabetes, o resultado muitas vezes pode ser a amputação devido a uma infecção local ou generalizada.

Os dados estatísticos são alarmantes: o diabetes é a causa mais frequente de amputações não traumáticas de membros inferiores, ou seja, amputações que não são por acidentes. Também se sabe que cerca de 85% das amputações são iniciadas pela formação de úlceras, e pior ainda, aproximadamente 14 a 20% dos pacientes com ulcerações serão submetidos a amputações.

Existe solução?


Sabemos que alguns diabéticos tem uma tendência maior de desenvolver problemas nos pés. Mas alguns fatores vão implicar em maior risco: níveis elevados de glicose e hemoglobina glicada, sinalizando ruim controle da doença, predispõem a mais complicações. A falta de cuidados com os pés também ocasiona problemas. É importante que o diabético tenha muita atenção ao cortar as unhas dos pés, mantenha-os aquecidos e protegidos sempre, além de escolher sapatos confortáveis.

Uma boa dica é ter no banheiro um pequeno espelho, que possa ser usado para ver a sola dos pés e entre os dedos, todos os dias após o banho. Caso apareçam micoses ou pequenas lesões, o médico precisará ser avisado. Ao tratarmos precocemente qualquer problema nos pés, evitamos as amputações e podemos mudar este cenário tão triste sobre o diabetes e os pés.

Referências:


http://www.endocrino.org.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-pe-diabetico/
http://www.diabetes.org.br/diabetes-baseado-em-evidencias/2094-avaliacao-do-pe-diabetico-no-brasil--analise-critica 



O que é Pé diabético?

O pé diabético é uma complicação do Diabetes mellitus e ocorre quando uma área machucada ou infeccionada nos pés desenvolve uma úlcera (ferida). Seu aparecimento pode ocorrer quando a circulação sanguínea é deficiente e os níveis de glicemia são mal controlados. Qualquer ferimento nos pés deve ser tratado rapidamente para evitar complicações que possam levar à amputação do membro afetado.
Pé diabético: pessoas com diabetes devem ter cuidados especiais

Prevenção

Prevenção

Os pés devem ser inspecionados diariamente à procura de pequenas feridas, bolhas, áreas avermelhadas, alterações nas unhas, proeminências ósseas e mudanças na forma dos pés. A inspeção deve necessariamente incluir a planta dos pés. Para realizar essa inspeção muitas vezes será necessário utilizar um espelho. Nos casos em que exista problema de visão é importante contar com a ajuda de outra pessoa.
pé diabético
Pé diabético apresenta manchas vermelhas e alterações nas unhas
Cuidado especial deve ser tomado na escolha do sapato, que deve ser macio, leve e moldado na forma dos pés.
Evite andar descalço ou com sandálias e chinelos; na presença de "dormência" nos pés deve ser mantido controle periódico com ortopedista.

Cortar as unhas - Foto Getty Images
Cuidados ao cortar as unhas

"Mesmo que as úlceras possam se manifestar também na sola e nas laterais dos pés, os dedos são a parte que mais corre risco e, por isso, os cuidados ao cortar as unhas é fundamental", explica a endocrinologista Hermelinda Pedrosa.

Segundo a especialista, o principal cuidado é não cortar os cantos das unhas de maneira arredondada. Esse hábito muito comum aumenta as chances de que a unha encrave, problema que pode progredir para uma úlcera. Também é importante lixar as unhas com cuidado, para que elas não arranhem os dedos quando começarem a crescer.

Além disso, em muitos casos, é aconselhado que o paciente não corte as próprias unhas, deixando essa tarefa para um enfermeiro ou podólogo especializado em pés diabéticos. "Quem deve dar esse tipo de conselho é o médico da pessoa", diz o especialista Frederico Marchisotti.

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