2.29.2012

Maconha continua sendo droga mais consumida na América do Sul

Segundo relatório da ONU, 3% da população da região usou a droga em 2009, o que corresponde a cerca de 7,5 milhões de habitantes

Maconha: na América do Sul, o consumo da droga atinge 3% das pessoas entre 15 e 64 anos Maconha: na América do Sul, o consumo da droga atinge 3% das pessoas entre 15 e 64 anos (Doug Menuez/Thinkstock)
De acordo com relatório divulgado nesta terça-feira pela Junta Internacional de Fiscalização a Entorpecentes (Jife), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), a maconha continua sendo a droga mais consumida na América do Sul entre pessoas de 15 a 64 anos. Os dados do documento também mostram que a prevalência anual do uso da droga, em 2009, foi de 3% da população dessa região, o que corresponde a cerca de 7,5 milhões de habitantes. Em 2008, 3,4% da população consumiram a droga.
80% da maconha consumida e comercializada aqui no Brasil é produzida no Paraguai.(Jornal Nacional)   

Opinião do especialista

Ivan Mario Braunmédico do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP) e autor do livro Drogas – Perguntas e Respostas (MG Editores)

"Não nos surpreende que a maconha seja a droga mais consumida no Brasil e nos países vizinhos. O principal problema dessa droga, sem dúvidas, é a sua aceitação social. Essa característica aumenta o uso de qualquer substância. O cigarro já foi visto como algo positivo socialmente, mas hoje em dia não é mais. Além da aceitação social, o fácil acesso e o baixo custo da droga também contribuem para esse quadro.
Muitas pessoas se iludem em relação à maconha, afirmando que ela é benéfica à saúde e não faz tão mal quanto o tabaco. Não é verdade.  A maconha é tão maléfica quanto o tabaco, podendo provocar câncer, problemas cognitivos e respiratórios. Quebrar esses mitos sobre a droga é algo fundamental para prevenir seu consumo. E provoca dependência.
A cocaína, embora não seja tão consumida quanto a maconha, provoca efeitos comportamentais mais graves e mais aparentes."
No Brasil, segundo os novos dados, 20% da maconha consumida tem origem doméstica. A droga correspondente aos outros 80%, de acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), entra no país pelo Paraguai. O relatório ainda indica que, em 2010, as autoridades brasileiras apreenderam mais de 155 toneladas da droga.
Cocaína — O consumo de cocaína na América do Sul é maior do que a média global, afirma o documento. Dados de 2009 do Unodc mostram que, no mundo, entre 0,3% e 0,5% das pessoas de 15 a 64 anos usam cocaína. Na América do Sul, esse índice chegou a 1%, ou quase 2,4 milhões de pessoas, tendo sido maior na Argentina (2,6% - dados de 2006), no Chile (2,4% - dados de 2008) e no Uruguai (1,4% - dados de 2006).
O documentou indicou que a cocaína é a principal droga consumida por indivíduos que se submetem a tratamentos para problemas com substâncias químicas, além de ser a maior causadora de mortes relacionadas ou induzidas pelo abuso de drogas. A apreensão de cocaína na região, de acordo com o relatório, diminuiu de 2009 para 2012 em diversos países, incluindo Argentina, Colômbia, Equador, Uruguai e Venezuela.  No caso do Peru, a apreensão da droga aumentou quase 50%, passando de 20,7 toneladas em 2009 para 30,8 toneladas em 2010.
Em relação às áreas de cultivo ilegal de coca, o documentou indicou que, na América do Sul, elas diminuíram 6% de 2009 para 2010, quando ocupavam 154.200 hectares. Embora essa redução tenha sido significativa na Colômbia, não foi expressiva na Bolívia.
O Unodc e a Interpol estimam que o mercado ilícito global de cocaína movimente mais de 80 bilhões de dólares. Esse mercado sofreu grandes mudanças na última década: um exemplo disso é a diminuição da expressividade do consumo nos Estados Unidos, que, em 1998, chegou a representar 40% do mercado mundial da droga, e o aumento do abuso da droga na Europa.
Outras drogas — Em relação ao consumo de ópio (especialmente para uso não medicinal), os dados do relatório mostram que entre 0,3% e 0,4% dos sul-americanos, ou de 850.000 a 940.000 pessoas de 15 a 64 anos, fazem uso da substância. Os maiores índices foram observados na Bolívia, no Brasil e no Chile.

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