3.02.2012

Mudar com determinação

Famosos e anônimos deixam carreira promissora em segundo plano para buscar vida simples

Simone Tinti
Do UOL, em São Paulo

  • Ana Paula Arósio com o marido na pré-estreia de "Como Esquecer", último filme da atriz (7/10/2010) 
  • Ana Paula Arósio com o marido na pré-estreia de "Como Esquecer", último filme da atriz
Quantas vezes você já cogitou largar tudo para ter uma vida mais sossegada? Atitudes como essa costumam assustar quem acompanha a decisão, como aconteceu quando a atriz Ana Paula Arósio resolveu se afastar dos holofotes e viver uma vida tranquila com seu marido, Henrique Pinheiro, no interior de São Paulo. Depois de recusar convites para novelas, sua prioridade tem sido cuidar de seu sítio, o que causou o estranhamento, principalmente de quem sonha em ter uma vida glamourosa como a dos atores de TV.
No entanto, escolher uma vida mais simples não é exclusividade de pessoas famosas --talvez, cansadas da fama. É comum ouvir a história daquele executivo atarefado, por exemplo, que trocou um alto salário pela tranquilidade do campo. “A sociedade construiu a ideia de felicidade com base no sucesso profissional. Só que essa não é uma equação tão simples. Muita gente alcança o topo na carreira, ganha dinheiro, mas ainda assim não se sente feliz”, diz Janaína Ferreira Alves, professora de gestão de pessoas do Ibmec, no Rio de Janeiro.
No caso desses profissionais, a queixa principal não é a falta de privacidade, fator que costuma incomodar bastante os famosos. Para eles, a falta de tempo para se dedicar à família e ao lazer é a maior reclamação, somada à pressão que quem ocupa um alto cargo sofre e o nível de estresse que tudo isso gera. “O ideal é que a carreira seja apenas um meio para ser feliz”, afirma Janaína. Afinal, de nada adianta ter um bom salário se não é possível aproveitá-lo para viajar ou se divertir com amigos e família.
  • Arquivo Pessoal Entre Ilhabela e São Paulo, José Valério
    Macucci encontrou o caminho dele

José Valério Macucci fez a escolha de abandonar a correria há sete anos. Ele era executivo de um grande banco, mas, aos 45 anos de idade, não estava satisfeito com a pressão que a carreira exigia. Ao planejar a transição, ele se mudou de São Paulo para Ilhabela, no litoral, e passou a se dedicar à vida acadêmica. “Hoje, meu salário é menor, mas tenho o prazer de passar mais tempo com os meus três filhos e cuidar do meu jardim”, diz. Atualmente, ele se divide em morar na praia e dar aulas no Instituto de Ensino e Pequisa (Insper), em São Paulo.
Também especialista em gestão de pessoas, Macucci afirma que o que falta é cada um encontrar o seu próprio conceito de sucesso. “Será que é ter dinheiro e status? Geralmente, essa ideia é apenas uma imposição social”, diz.Tanto Macucci quanto Janaína percebem que há uma tendência entre a geração mais nova --principalmente a dos nascidos após 1980--, em prezar pela qualidade de vida. “Os jovens de hoje buscam um modelo diferente dos pais, que valorizavam muito o trabalho”, afirma Janaína.
Encontre o seu caminho
O ex-executivo José Valério Macucci encontrou o seu modelo em uma carreira acadêmica, ao invés de enfrentar a rotina estafante de um banco. Mas, nessa busca por uma vida mais satisfatória, cada pessoa tem a própria receita. Para Macucci, não importa qual seja o caminho, o planejamento é importante. “Você não precisa pedir demissão imediatamente. Reflita sobre o que deseja, entenda as razões que o estão levando a tomar essa decisão."
  • Arquivo Pessoal 
  • Desde que largaram os empregos, Sandra e
    Freitas viajam em um veleiro com as filhas
E, ao contrário do que muitos pensam, ter uma rotina mais tranquila não precisa ser sinônimo de uma vida pacata, sem grades emoções. Em 2003, Sandra Chemin, 41, e seu marido, Lucas Tauil de Freitas, 39, decidiram largar suas carreiras para viver a bordo de um veleiro. Na época, ela trabalhava em uma agência interativa, pioneira em internet, e ele era jornalista.
“Lucas tinha recebido o diagnóstico de uma doença grave e os médicos deram pouco tempo de vida para ele. Foram meses de angústia e, no final, o diagnóstico estava errado. Mas a transformação já havia acontecido, as nossas prioridades já eram outras, e a vontade de não deixar os sonhos para depois falou mais forte”, conta Sandra.
Muita gente estranhou a decisão do casal, então com uma filha pequena --Clara, hoje com 9 anos. “Nos achavam loucos por sair de bons empregos para morar a bordo e ficar fora do mercado pesava para a família. Mas logo superamos esse medo racional e passamos a ter muito apoio”, afirma. De lá para cá, a família ganhou mais uma integrante, Júlia, atualmente com seis anos, e, entre uma parada de quatro anos em Paraty, no Rio de Janeiro, já cruzou o canal do Panamá, conheceu as Ilhas Galápagos, o Caribe, além de outros locais do Pacífico.

Relembre outras famosas que também resolveram se afastar dos flashes

Lisandra Souto trabalhou em novelas como “Sinhá Moça” e “Meu Bem, Meu Mal”, mas parou de atuar depois de se casar com o jogador de vôlei Tande. Recentemente, ela disse que tem vontade de retomar a carreira de atriz.
Suzana Werner já foi atriz e modelo, mas largou a carreira e hoje se dedica à família. Atualmente, vive na Itália com o goleiro Júlio César e seus dois filhos, Cauet e Giulia.
Lidia Brondi ficou conhecida por seus papéis em novelas como “Tieta”, “Vale Tudo” e “Meu Bem, Meu Mal”. Depois desse último trabalho, largou a profissão e, alguns anos depois, tornou-se psicóloga.
 

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