Entrar
no mundo de uma pessoa que sofre qualquer tipo de desordem
mental constitui um desafio inimaginável para todas
as pessoas. Não conseguimos ter a mínima noção
de como uma patologia do tipo de uma esquizofrenia pode afetar
a vida cotidiana dessas pessoas. São verdadeiros heróis
anônimos os parentes e amigos que se dedicam a dar-lhes
toda a atenção que merecem, todo o carinho de
que precisam, todos os cuidados de que necessitam.
O
filme “Uma Mente Brilhante” nos apresenta a história
de uma pessoa que, apesar de toda a sua inteligência,
sofre as agruras de quem padece de um desses males. Seu caso,
verídico, ganhou ainda maior notoriedade pelo fato
do personagem central ser um dos grandes matemáticos
do século XX. Professor de tradicional universidade
norte-americana (Princeton), tendo participado de programas
governamentais durante a época da Guerra Fria e, já
com idade bastante avançada, tendo se tornado vencedor
da maior das honrarias concedidas a pesquisadores de várias
áreas, o prêmio Nobel.
John
Nash (em atuação brilhante do ator Russell Crowe,
indicado ao Oscar), se revela um grande matemático
desde a sua chegada à universidade. Talento reconhecido
pela instituição, pelos professores e, até
mesmo, pelos seus colegas (apesar da competição
e da inveja que reina entre alguns deles). Brilha com grande
intensidade pela genialidade nos cálculos tanto quanto
pelo estranho comportamento social. Mostra-se um verdadeiro
desastre com as garotas e, um tanto quanto arrogante perante
os colegas. Demora-se a se decidir quanto a que tese defender
a fim de valorizar-se nacionalmente. Desdenha dos trabalhos
de seus colegas por achar que não incorporavam novidades
ao estudo da matemática, sendo apenas ensaios acerca
de pontos já defendidos em obras anteriores. Não
quer ser igual a eles, pretende atingir o ápice, criar
algo original, próprio, que carregue sua assinatura
pessoal.
Nesse
momento podemos perceber, apesar de alguns indícios
de anormalidade quanto aos relacionamentos, que Nash, como
qualquer outro jovem intelectual (ou não intelectual)
pretende firmar-se a partir de uma descoberta que possa eternizar
seu nome. Vislumbramos nesse momento um pouco daquilo que
existe dentro de cada um de nossos alunos, uma luz de grande
intensidade, que quer se fazer notar, mas que não sabe
exatamente como ultrapassar as barreiras das nuvens.
Diferentemente de nossos alunos (tenho sempre a esperança de que eles nos surpreendam e nos façam morder a língua), Nash continuou durante seus estudos, de forma obstinada, atrás da fórmula que o levaria a celebridade. Acabou criando-a ao opor-se ao conceito clássico de Adam Smith a respeito da competição (entendida como forma de estímulo para o avanço rumo a um objetivo, a uma lucratividade). Nash elaborou um conceito em que o essencial seria a colaboração do grupo para que todos conseguissem chegar a algum lugar, a um certo objetivo, a um lucro final.
Diferentemente de nossos alunos (tenho sempre a esperança de que eles nos surpreendam e nos façam morder a língua), Nash continuou durante seus estudos, de forma obstinada, atrás da fórmula que o levaria a celebridade. Acabou criando-a ao opor-se ao conceito clássico de Adam Smith a respeito da competição (entendida como forma de estímulo para o avanço rumo a um objetivo, a uma lucratividade). Nash elaborou um conceito em que o essencial seria a colaboração do grupo para que todos conseguissem chegar a algum lugar, a um certo objetivo, a um lucro final.
Durante
seus anos de estudo teve sempre por perto um colega espirituoso,
muito diferente de si, de nome Charles (Paul Bettany), que
o estimulava constantemente, durante suas crises mais pesadas,
nas quais parecia querer se esconder de tudo e de todos. O
único que o compreendia nesses momentos era o bom e
prestimoso Charles.
Ao
terminar seu curso de matemática, reconhecido por suas
teorias e pelo brilhantismo na área, John Nash foi
convidado a trabalhar no MIT (Massachussets Institute of Technology),
o mais conceituado de todos os centros de pesquisa na área
de matemática e engenharia dos Estados Unidos, podendo
levar com ele dois de seus colegas (poderíamos imaginar
Charles como uma escolha óbvia, no entanto,...).
Além
de suas pesquisas, Nash foi convidado a dar algumas aulas,
o que, para ele, foi um verdadeiro martírio já
que as considerava perda de seu tempo e dos alunos também.
Outra atividade, dessa vez instigante e interessante, também
surgiu nessa mesma época. Foi aliciado para decifrar
códigos para o governo, evitando que importantes mensagens
soviéticas pudessem ser passadas através de
inocentes matérias publicadas em jornais e revistas
americanos para agentes russos infiltrados na América
do Norte. Em suas mãos estava o destino da nação,
ele poderia evitar a explosão de bombas nucleares nos
Estados Unidos.
Nesse
mesmo período, conheceu sua esposa, Alicia (Jennifer
Connely, numa bela atuação, premiada com o Oscar
de melhor atriz), uma linda jovem que se sente seduzida pelo
professor inteligente e bem sucedido. Marcante e decisiva
em sua vida, Alicia será seu anjo da guarda a partir
de então. A partir desse momento de suas vidas, revelam-se
os grandes dramas da esquizofrenia de Nash. Boa parte do que
imaginava estar fazendo e algumas das pessoas mais importantes
que viviam ao seu redor nem ao menos existiam.
Somente
sua própria força e inteligência, aliadas
a dedicação de sua esposa poderiam permitir
que ele superasse as adversidades e viesse a ter uma vida
normal, outra vez.
Em
um filme movimentado, que atravessa as décadas de 1950,
1960 e 1970, vemos um pouco do clima aterrorizante que tomou
conta dos Estados Unidos e do mundo por conta da Guerra Fria;
Sentimos a necessidade que temos de contar com o apoio das
outras pessoas, de sua solidariedade, mesmo quando nos achamos
altivos e auto-suficientes; passamos a entender um pouco melhor
o que significa estar do lado de lá de um autêntico
e intransponível “Muro de Berlim” que é
a esquizofrenia; entramos em contato com a teoria de Nash,
que de certa forma o auxiliou na superação de
suas crises (esforço bem sucedido graças ao
trabalho conjunto do próprio Nash, de sua esposa e
de alguns amigos).
Atuações
sensacionais de Crowe, Connely e Ed Harris (como Parcher,
o contato de Nash com as autoridades americanas no trabalho
de decodificar as mensagens russas) tornam o filme do diretor
Ron Howard um filme digno de ser visto. Principalmente por
nós, professores, que temos dificuldades com certos
“Muros de Berlim” que nos levam a algumas “guerras
frias” em salas de aula.
Ficha Técnica
Uma
Mente Brilhante
(A Beautiful Mind)
(A Beautiful Mind)
País/Ano
de produção:- EUA, 2001
Duração/Gênero:- 134 min., drama
Disponível em vídeo e DVD
Direção de Ron Howard
Roteiro de Akiva Goldsman
Elenco:- Russell Crowe, Ed Harris, Jennifer Connelly, Paul Bettany,…
Duração/Gênero:- 134 min., drama
Disponível em vídeo e DVD
Direção de Ron Howard
Roteiro de Akiva Goldsman
Elenco:- Russell Crowe, Ed Harris, Jennifer Connelly, Paul Bettany,…
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