Síndrome que interrompe respiração durante o sono aumenta riscos de hipertensão, obesidade e doenças cardiovasculares.
Por Gerson Köhler
Os distúrbios do sono afetam aproximadamente 40% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Insônia, apnéia obstrutiva do sono, síndrome das pernas inquietas, bruxismo (ativação exagerada e repetitiva da musculatura mastigatória durante a noite), sono insuficiente e atraso de fase de sono são os problemas mais comuns. O ortodontista e ortopedista facial Gerson Köhler, que atua de forma interdisciplinar em doenças do sono, afirma que a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) é considerada, dentro do contexto da Medicina do Sono, um dos distúrbios mais graves da atualidade. “É um sério problema de saúde pública”,
O quadro se caracteriza pela obstrução total da respiração durante alguns segundos, a apnéia do sono, ou pela obstrução parcial da entrada e saída de oxigênio, hipopnéia. A SAOS está relacionada à obstrução das vias aéreas superiores e o principal sintoma são os roncos. “A SAOS é uma doença multifuncional, que possui várias causas associadas entre si e presentes no quadro clínico. As interrupções da respiração, que ocorrem várias vezes a cada hora de sono, prejudicam a saúde em geral e aumentam o risco de outras enfermidades”.
Problemas cardiovasculares, obesidade, dificuldades cognitivas e de concentração, ansiedade, redução significante da libido, sudorese noturna, dores de cabeça matinais (normalmente pelo bruxismo que ocorre durante o sono) e depressão são consequências da SAOS. “O sono é fundamental para a qualidade de vida e qualquer alteração na sua característica normal ou quantidade provoca danos à saúde. O sono representa o terço da vida que pode garantir ou não um organismo saudável nos outros dois terços”.
Hipertensão e obesidade estão relacionadas com a SAOS
De acordo com um estudo britânico da Universidade de Birmingham, publicado na revista médica Hypertension, da Americam Heart Association, os pacientes que sofrem com SAOS apresentam alterações funcionais nos vasos sanguíneos e 40% dos hipertensos tem apnéia. “Quando a respiração é interrompida, o organismo libera adrenalina e os vasos sanguíneos se contraem. O sangue precisa continuar seu trabalho e para conseguir circular nas vias estreitas, a pressão do líquido sanguíneo aumenta. Em longo prazo, ocorre o endurecimento das artérias, gerando doenças cardiovasculares”, afirma.
A obesidade está intimamente ligada a SAOS. A respiração possui um papel muito importante na alimentação, no sono e oxigenação do corpo. Repirar mal causa também - já durante a infância - problemas ortodônticos, que afetam a mastigação e favorecem a alimentação inadequada, aumentando o peso corporal. Além disso, quanto mais massa o corpo tiver, maior será o esforço para respirar, aumentando as chances dos distúrbios do sono se instalarem. “As doenças do sono surgem progressivamente e prejudicam a saúde aos poucos”, acrescenta Juarez Köhler, especialista em ortopedia facial e ortodontia.
Medicina do sono e odontologia combatem distúrbios do sono
O tratamento deve ser interdisciplinar, envolvendo especialistas de diversas áreas da saúde, como odontologia, medicina e fonoaudiologia. Existem basicamente três estratégias para tratar os distúrbios do sono, em especial a SAOS. “A apnéia pode ser tratada com intervenção cirúrgica, uso do CPAP – uma espécie de máscara que injeta ar por pressão positiva no nariz – e o uso de aparelho intrabucal, que projeta a língua para frente e abre a região da orofaringe que estava obstruída”,
Nilse Waltrick Köhler, fonoaudióloga e especialista em Distúrbios Miofuncionais e em Motricidade Orofacial da Köhler Ortofacial, observa que atualmente há a indicação de exercícios que normalizam o tônus muscular da base da língua e da musculatura da faringe. “Estes exercícios devem ser feitos em conjunto com outros tratamentos. Eles são importantes para manter a língua no seu posicionamento correto, evitando que ela obstrua a passagem do ar. Vários estudos científicos recentes - incluidos os da Escola Paulista de Medicina, da UNIFESP - comprovam a eficácia destes exercícios”,
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