Claudinei Monteiro, 27, caiu em uma fenda de 300 m
Enquanto aguarda para retornar a São Paulo nessa semana, ele falou com exclusividade ao Terra de uma lan house em Lima, por meio do Facebook, e disse que voltará para casa de ônibus, pelo Acre, pois não tem condições de pagar o bilhete aéreo. Sem telefone e com dificuldades para conversar com a família, ele deve chegar a Guarulhos em quatro dias."Fui ver as belas lagunas desse parque e, mais acima, havia geleiras. Sou teimoso e subi onde possivelmente as pessoas não vão. Quando era hora de voltar, já havia escurecido. Liguei minha lanterna e fui caminhando em um trecho ruim, de mato, pedra e descida. Avistei uma luz ao longe e fui em direção a ela, mas havia um buraco por onde corria água. Quando coloquei os pés, não imaginava a profundidade. Caí escorregando e ralando os braços. Perdi uma lente do óculos e fiquei por lá", contou Monteiro.
Ele disse que não perdeu a confiança em nenhum momento e que pensava o tempo todo na namorada, enquanto esperava por alguma comunicação: "O maior medo foi na queda, pois não sabia onde estava e nem quando ia acabar. Pedi ajuda a Deus para me livrar daquilo e só pensava na minha namorada, que está no Brasil. (...) Estava confiante, porque a estrada que eu avistava era um pouco movimentada. Eu acenava, gritava, pedia socorro, parecia até que algumas pessoas paravam."
Frio e sonhos
Com água e comida para três dias, além de poucos agasalhos, Monteiro protegia a cabeça com uma capa durante a noite e sonhava que estava sendo resgatado enquanto dormia. "Sonhava que as pessoas iam lá e havia um caminho para a cidade de Huaraz, mas quando acordava estava só, com frio e poucos recursos. Era triste", afirmou.
"Fiquei dois dias no mesmo lugar e depois me arrisquei, tentando uma saída, sem sucesso. Quando me encontraram, eu estava pronto para passar outra noite, havia me encolhido e deitado. (...) Foi uma alegria muito grande ver o policial, dei um abraço nele e disse 'gracias'! Fiquei muito feliz, me deram água, biscoitos e me trataram muito bem", completou. Ao ser localizado, ele ficou internado em um hospital da região e teve alta, indo a seguir para a capital.
Lição de vida
Em Cuzco desde 25 de dezembro, Claudinei Monteiro ficaria na região até o dia 27 de janeiro, mas antecipou o retorno depois do acidente e pretende encontrar a família logo. Segundo ele, o episódio foi uma lição de vida. "Acho que o susto foi bem maior para quem estava de fora, porém, sei que tenho de ser menos teimoso. Quero sempre mais, mais alto, mais longe, mais além. E isso nem sempre é bom", concluiu ele.
Autoridades peruanas e brasileiras mantêm ainda as buscas por Artur Paschoali, 19 anos, desaparecido no Peru desde 21 de dezembro. Seus pais viajaram à cidade de Santa Teresa, onde ele trabalhava havia três meses na região turística de Machu Picchu. Artur desapareceu após supostamente sair para tirar fotos da região seguindo a trilha do Caminho Inca.
Em 2012, o Ministério das Relações Exteriores recebeu 980 atestados de óbitos de brasileiros que residiam no exterior e perderam a vida das mais diferentes formas. O número é reunido pelas embaixadas e consulados espalhados pelo mundo e pode ser inferior ao dado real, já que se um brasileiro morrer longe de sua terra natal e nada for comunicado, ele não entrará na estatística oficial. Conforme o ministério, foram gastos R$ 2,2 milhões no ano passado com casos de desaparecimento, entrada negada em outros países, detenção em aeroportos, auxílio a doentes e assistência humanitária a presos, entre outros.
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