Câmara Metropolitana de Integração Governamental quer convencer governo a exigir espaço na via para o transporte público
Rio - A recém-criada Câmara Metropolitana de
Integração Governamental vai tentar convencer o governo federal a
incluir na licitação da nova concessão da Ponte Rio-Niterói a instalação
um espaço exclusivo para o transporte público, que pode ser um corredor
BRT ou até mesmo trilhos. A informação foi dada pelo coordenador da
Câmara e subsecretário estadual de Urbanismo, Vicente Loureiro, durante
debate realizado pelo Observatório da Mobilidade, do
DIA,
sobre soluções para a mobilidade da Região Metropolitana do Rio.
Concentração dos empregos prejudica a mobilidade
A solução para a mobilidade não pode estar desvinculada do planejamento urbano. A opinião é unânime entre os especialistas do debate, que apontaram a necessidade de distribuir os pólos geradores de empregos e serviços na Região Metropolitana. “Mais de 70% dos empregos metropolitanos estão na cidade do Rio. Sem reverter essa lógica, fica muito pesado para qualquer sistema de transporte dar conta do desafio de transportar essa gente toda”, afirmou Vicente Loureiro, explicando que é preciso desenvolver outras “centralidades” (pólos com empregos e serviços) em municípios da Baixada e da Grande Niterói.
O economista e urbanista da UFRJ, Mauro Osório, destacou ainda a disparidade dentro da capital, como a área da Barra e Recreio (AP-5), com 27% da população e 7,9% dos postos de trabalho, e o Centro (AP-1), com 37% do emprego e 4,7% dos habitantes. Ele defende políticas para o adensamento de moradias no Centro e incentivo à criação de trabalho na AP-5. “Tem de trazer mais moradia para a AP-1 do que estão fazendo na reforma da Zona Portuária. Na Baixada, acho que o que deve se levar é emprego e serviços e não mais população”, avaliou.
Outras fontes para financiar o transporte
Para o engenheiro Rômulo Orrico, da Coppe-UFRJ, um dos desafios para melhorar a mobilidade urbana na Região Metropolitana é diversificar a fonte de investimentos. “É um ponto chave saber como partilhar os investimentos em transporte público. Quem se beneficia desses investimentos deve pagar”, afirmou.
Para ele, os recursos para a ampliação da rede de transportes pode sair, em parte, do aumento dos impostos sobre quem tem carro, do setor imobiliário, que se valoriza com a infraestrutura, ou até da indústria.
Outro desafio lembrado por ele é a melhoria da gestão e planejamento de transportes na Região Metropolitana do Rio. “Quando uma enorme quantidade de ônibus entra totalmente vazia no Centro, vemos que existe uma lógica torta no planejamento dessa metrópole.”
PROJETOS
Trens e BRTs na Baixada
Entre os projetos mais urgentes para a mobilidade urbana da Região Metropolitana, os especialistas apontaram mais investimentos nos trens e a construção de corredores BRT na Baixada. “O trem precisa virar metrô na superfície. Não é só trens com ar-condicionado. Tem de ser linha segregada, estações novas. Estimamos que precisam mais R$ 800 milhões de investimentos”, afirmou Vicente Loureiro, ressaltando a importância da construção do BRT da Baixada, pela Via Light até a interligação com o Transbrasil, além de corredor exclusivo de ônibus na BR-040 e na Via Dutra, concessões federais. Ele ressalta ainda a ligação Estácio-Praça 15 do metrô.
Riley Rodrigues, da Firjan, lembrou ainda da importância da ligação tranversal na Baixada, chamada de Transbaixada, com corredor BRT ligando a BR-040 à Dutra. Ele se mostrou, no entanto, contrário ao BRT Transbrasil, que ligará Deodoro ao Centro. “Acho que nesse trecho da Avenida Brasil deveria ter um metrô, suspenso ou por túnel, que teria uma capacidade muito maior do que o BRT. Não se pode tirar uma faixa ali”, reclamou Riley. Mauro Osório, da UFRJ, também concorda com Riley sobre este projeto.
Rômulo Orrico, da Coppe da UFRJ, sustentou a defesa da implementação de um arco ferroviário, ligando a linha de Guapimirim até Itaboraí, onde está sendo instalado o Comperj. “Com isso, fecharia um arco em toda a Região Metropolitana com a Linha 3 do metrô.”
Reportagem: Cláudio de Souza e Paulo Maurício Costa
“Estamos conversando com o governo
federal, que detém a concessão da Ponte, para convencê-lo de que isso
seja exigido do novo concessionário. Esta é uma das primeiras missões da
Câmara (Metropolitana de Integração Governamental do Rio de Janeiro)”,
afirmou Loureiro. “A hora de se tentar garantir o espaço para o
transporte público na Ponte é agora”, ressaltou Rômulo Orrico, do
Programa de Engenharia de Transportes da Coppe-UFRJ, que defende a
instalação de trilhos na via para que a chamada Linha 3 do metrô, que
vai ligar Niterói a São Gonçalo, se conecte à rede metroviária carioca.
Loureiro concorda que essa conexão
seria importante, mas não sabe se seria viável pelos altos custos do
projeto. Uma opção mais em conta seria um corredor exclusivo de ônibus,
como um BRT. “O importante é garantir um espaço na nova concessão da
Ponte para o transporte público. O tipo de transporte que será vai
depender de estudos e dos projetos a serem apresentados”, afirmou
Loureiro.
Riley Rodrigues, especialista em
competitividade industrial da Firjan, ressaltou, no entanto, que a única
obra já anunciada a ser incluída no edital é a construção de um acesso
direto da Ponte à Linha Vermelha. “É uma obra importante, que tira de
30% a 40% dos veículos que atualmente usam a Avenida Brasil.
Entretanto, deveríamos usar a mesma
estrutura a ser feita para se construir um acesso exclusivo ao Porto,
desafogando o tráfego de caminhões do ponto mais congestionado da
Brasil, que é a chegada à Zona Portuária”, afirmou Riley, que coordenou
estudo mostrando que o estado perdeu R$ 29 bilhões com os 130
quilômetros de engarrafamentos diários, só no ano passado.
A expectativa é de que o governo
federal licite a Ponte ainda neste ano, já que a atual concessão termina
em maio do ano que vem. As empresas interessadas têm até sexta para
entregar projetos que poderão ser incluídos no edital de licitação.
Concentração dos empregos prejudica a mobilidade
A solução para a mobilidade não pode estar desvinculada do planejamento urbano. A opinião é unânime entre os especialistas do debate, que apontaram a necessidade de distribuir os pólos geradores de empregos e serviços na Região Metropolitana. “Mais de 70% dos empregos metropolitanos estão na cidade do Rio. Sem reverter essa lógica, fica muito pesado para qualquer sistema de transporte dar conta do desafio de transportar essa gente toda”, afirmou Vicente Loureiro, explicando que é preciso desenvolver outras “centralidades” (pólos com empregos e serviços) em municípios da Baixada e da Grande Niterói.
O economista e urbanista da UFRJ, Mauro Osório, destacou ainda a disparidade dentro da capital, como a área da Barra e Recreio (AP-5), com 27% da população e 7,9% dos postos de trabalho, e o Centro (AP-1), com 37% do emprego e 4,7% dos habitantes. Ele defende políticas para o adensamento de moradias no Centro e incentivo à criação de trabalho na AP-5. “Tem de trazer mais moradia para a AP-1 do que estão fazendo na reforma da Zona Portuária. Na Baixada, acho que o que deve se levar é emprego e serviços e não mais população”, avaliou.
Outras fontes para financiar o transporte
Para o engenheiro Rômulo Orrico, da Coppe-UFRJ, um dos desafios para melhorar a mobilidade urbana na Região Metropolitana é diversificar a fonte de investimentos. “É um ponto chave saber como partilhar os investimentos em transporte público. Quem se beneficia desses investimentos deve pagar”, afirmou.
Para ele, os recursos para a ampliação da rede de transportes pode sair, em parte, do aumento dos impostos sobre quem tem carro, do setor imobiliário, que se valoriza com a infraestrutura, ou até da indústria.
Outro desafio lembrado por ele é a melhoria da gestão e planejamento de transportes na Região Metropolitana do Rio. “Quando uma enorme quantidade de ônibus entra totalmente vazia no Centro, vemos que existe uma lógica torta no planejamento dessa metrópole.”
PROJETOS
Trens e BRTs na Baixada
Entre os projetos mais urgentes para a mobilidade urbana da Região Metropolitana, os especialistas apontaram mais investimentos nos trens e a construção de corredores BRT na Baixada. “O trem precisa virar metrô na superfície. Não é só trens com ar-condicionado. Tem de ser linha segregada, estações novas. Estimamos que precisam mais R$ 800 milhões de investimentos”, afirmou Vicente Loureiro, ressaltando a importância da construção do BRT da Baixada, pela Via Light até a interligação com o Transbrasil, além de corredor exclusivo de ônibus na BR-040 e na Via Dutra, concessões federais. Ele ressalta ainda a ligação Estácio-Praça 15 do metrô.
Riley Rodrigues, da Firjan, lembrou ainda da importância da ligação tranversal na Baixada, chamada de Transbaixada, com corredor BRT ligando a BR-040 à Dutra. Ele se mostrou, no entanto, contrário ao BRT Transbrasil, que ligará Deodoro ao Centro. “Acho que nesse trecho da Avenida Brasil deveria ter um metrô, suspenso ou por túnel, que teria uma capacidade muito maior do que o BRT. Não se pode tirar uma faixa ali”, reclamou Riley. Mauro Osório, da UFRJ, também concorda com Riley sobre este projeto.
Rômulo Orrico, da Coppe da UFRJ, sustentou a defesa da implementação de um arco ferroviário, ligando a linha de Guapimirim até Itaboraí, onde está sendo instalado o Comperj. “Com isso, fecharia um arco em toda a Região Metropolitana com a Linha 3 do metrô.”
Reportagem: Cláudio de Souza e Paulo Maurício Costa
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