O EFEITO MARINA NAS ELEIÇÕES 2014 e a crônica de uma morte não anunciada (mas perfeitamente lógica)
1/9/2014
O mais difícil sobre a Marina é separar o
seu caráter de boa pessoa com a sua política. Esta enorme dificuldade o
eleitor interioriza. Ele confunde boas intenções pessoais para o país
com as exigências da alta política e não está podendo enxergar as coisas
como elas realmente são.
Então vamos lá.
Para entender o paradoxo Marina da Silva é necessário colocar o Brasil no contexto político internacional. Ao fazermos isto a plataforma de ideias da Marina desaparece de repente.
Por quê? Porque retiraria o Brasil da rota de independência e de desenvolvimento!
Como assim?
As políticas domésticas de cada país dependem da Matriz Financeira que
ele adota para governar. Hoje, no mundo da interdependência, os elos das
parcerias são fundamentais. Depois disto, existem os blocos de países
afins quando há uma enorme disputa por supremacia entre a unipolaridade e
a multipolaridade. O Brasil é um dos atores da multipolaridade encabeçada pelo BRICS, e este é o bloco de países que está em ascensão com
uma nova e muito dinâmica Matriz Financeira que é diferente e única.
Esta Matriz Financeira bate de frente com a comandada pelo dólar que
está prestes a entrar em uma espiral inflacionária e ser eliminado das transações internacionais - os próprios criadores do Banco do BRICS estão tentando manter o dólar para que não desabe de repente prejudicando a todos. Esta nova Matriz Financeira também contrasta com séculos de domínio pela outra que está em franca decadência.
Mas qual é o perigo para o Brasil nestas eleições?
Se entram Marina ou Aécio é absolutamente certo que o Brasil não mais será um membro do BRICS (pelo menos ativo) mas voltará a ser novamente a escora do sistema do qual está saindo. Este
sistema necessita desesperadamente se agarrar em algo sólido para não
ir ao fundo. Ou seja, necessita continuar sugando o Brasil para existir.
Os seus operadores são os que estão por trás das campanhas de Marina e
Aécio para quando um dos dois entrar a governar novamente colocar o
Brasil dependente do capital rentista, o mesmo que o tem sufocado historicamente desde
o princípio do século 19. Ao passo que se Dilma conseguir seu segundo
mandato, o Brasil estará livre para seguir adiante com seus programas econômicos, sociais e ser um membro ativo na política do BRICS implementando o novo Banco de Desenvolvimento.
A politica interna de desenvolvimento,
baseada no equilíbrio político, econômico e social, está diretamente
ligada à política externa que depende da multipolaridade encabeçada pelo
BRICS e sua nova Matriz Financeira. Esta é a questão chave nestas
eleições que infelizmente está sendo embaralhada por questões internas
que por sua vez, não podem ser resolvidas sem que o país tenha condições
de manter a sua independência financeira
que se traduz em desenvolvimento e soberania. Uma coisa leva à outra
automaticamente. de modo que se um elo nesta corrente é quebrado nada
funciona e o país volta á dependência da qual está se livrando.
As propostas para a política doméstica de Marina tem uma sonoridade apreciável porque a
mídia que faz as vezes dos grandes interesses econômicos e financeiros
tem massacrado tanto Lula quanto Dilma e ambos os seus programas
econômicos e sociais que têm sustentado o país no curso de uma enorme
crise que assola o resto do mundo. Por
outro lado Marina não tem a mínima condição de sequer conceber uma
política externa. Esta será comandada DE FORA para servir aos interesses
que alinhavam toda a sua campanha. O máximo que ela pode fazer é tentar
uma novidade sem a mínima chance de sucesso desde que a consequência de
um governo seu é desestabilizar o Brasil para voltar ao que era.
Já Eduardo Campos foi assassinado não apenas para descarrilhar a campanha de reeleição de Dilma, mas para que não viesse em 2018 a ser o candidato que herdasse e desse continuidade ao processo de independência iniciado
por Lula, como ele próprio estava prevendo. Ou seja, Eduardo Campos
estava apenas lançando seu nome na arena em 2014 para tentar de fato
quando, talvez, a era Lula tiver chegado ao fim.
Mas o que representava Eduardo Campos em termos políticos realmente?
Ele era o sucessor direto da política realista, visionária e
nacionalista de Miguel Arraes. Portanto, quem entende, sabe ler os
acontecimentos.
Marcos Rebello (Consultor de Política Internacional, membro da comunidade diplomática do Brasil)
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