Segundo a pesquisa, a meditação amenizou os sintomas de pacientes que sofriam com a colite ulcerativa.
Lígia Vasconcelos
No trabalho americano, pacientes que meditaram aprenderam a lidar melhor com o problema intestinal.
Foto: SolisImages/Thinkstock/Getty Images
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Na Universidade Rush, nos Estados Unidos, 55 portadores de colite ulcerativa, uma inflamação crônica no intestino, foram recrutados para realizar sessões semanais de meditação mindfulness por dois meses. Os voluntários receberam aulas de como praticar o método em casa e ficavam livres para se dedicar à atividade. Ao final da experiência, os pesquisadores foram investigar os efeitos do exercício mental sobre o corpo e o bem-estar dos pacientes. E constataram que, embora a técnica não suprima a inflamação intestinal, consegue, pelo menos, tornar mais suportáveis as crises deflagradas pelo distúrbio. "Os indivíduos aprendem a lidar melhor com a sua condição no dia a dia", resume a psicóloga Sharon Jedel, uma das autoras da pesquisa.
Meditação ganha, enfim, aval científico
Estudos sérios estão afastando as dúvidas que costumavam pairar sobre a prática e mostram que ela é extremamente eficaz no tratamento do stress e da insônia, pode diminuir o risco de sofrer ataque cardíaco e até melhorar a reação do organismo aos tratamentos contra o câncer
Tiago Cordeiro
Meditação: arma poderosa contra o stress ganha respaldo científico
(Thinkstock/VEJA)
Iniciada na Índia e difundida em toda a Ásia, a prática começou a se popularizar no ocidente com o guru Maharishi Mahesh Yogi, que nos anos 1960 convenceu os Beatles a atravessar o planeta para aprender a meditar. Até a década passada, não contava com respaldo médico. Nos últimos anos, os pesquisadores ocidentais começaram a entender por que, afinal, meditar funciona tão bem, e para tantos problemas de saúde diferentes. "Com a ressonância magnética e a tomografia, percebemos que a meditação muda o funcionamento de algumas áreas do cérebro, e isso influencia o equilíbrio do organismo como um todo", diz o psicólogo Michael Posner, da Universidade de Oregon.
A meditação não se resume a apenas uma técnica: são várias, diferindo na duração e no método (em silêncio, entoando mantras etc.). Essas variações, no entanto, não influenciam no resultado final, pois o efeito produzido no cérebro é parecido. Na prática, aumenta a atividade do córtex cingulado anterior (área ligada à atenção e à concentração), do córtex pré-frontal (ligado à coordenação motora) e do hipocampo (que armazena a memória). Também estimula a amígdala, que regula as emoções e, quando acionada, acelera o funcionamento do hipotálamo, responsável pela sensação de relaxamento.
Não se trata de encarar a meditação como uma panaceia universal, os estudos mostram também que ela tem aplicações bem específicas. Mas, ao contrário de outras terapias alternativas que carecem de comprovação científica, a meditação ganha cada vez mais respaldo de pesquisas realizadas por grandes instituições.
Hoje, os estudos sobre os benefícios da meditação estão concentrados em seis áreas.
Os benefícios da meditação
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Redução do stress
Meditar é mais repousante do que dormir. Uma pessoa em estado de
meditação consome seis vezes menos oxigênio do que quando está dormindo.
Mas os efeitos para o cérebro vão mais longe: pessoas que meditam todos
os dias há mais de dez anos têm uma diminuição na produção de
adrenalina e cortisol, hormônios associados a distúrbios como ansiedade,
déficit de atenção e hiperatividade e stress. E experimentam um aumento
na produção de endorfinas, ligadas à sensação de felicidade. A mudança
na produção de hormônios foi observada por pesquisadores do Davis Center
for Mind and Brain da Universidade da Califórnia. Eles analisaram o
nível de adrenalina, cortisol e endorfinas antes e depois de um grupo de
voluntários meditar. E comprovaram que, quanto mais profundo o estado
de relaxamento, menor a produção de hormônios do stress.
Este efeito positivo não dura apenas enquanto a pessoa está meditando. Um estudo conduzido pelo Wake Forest Baptist Medical Center, na Carolina do Norte, colocou 15 voluntários para aprender a meditar em quatro aulas de 20 minutos cada. A atividade cerebral foi examinada antes e depois das sessões. Em todos os pesquisados, foi observada uma redução na atividade da amígdala, região do cérebro responsável por regular as emoções. E os níveis de ansiedade caíram 39%.
Para quem já está estressado, a meditação funciona como um remédio. Foi o que os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos descobriram ao analisar 28 enfermeiras do hospital da Universidade do Novo México, 22 delas com sintomas de stress pós-traumático. A metade que realizou duas sessões por semana de alongamento e meditação viram os níveis de cortisol baixar 67%. A outra metade continuou com os mesmos níveis.
Resultados parecidos foram observados entre refugiados do Congo, que tiveram que deixar suas terras para escapar da guerra. O grupo que meditou ao longo de um mês viu os sintomas de stress pós-traumático reduzir três vezes mais do que as pessoas que não meditaram – índices parecidos aos já observados entre veteranos americanos das guerras do Vietnã e do Iraque.
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