Maioria dos casos nem chega a ser denunciada, segundo a OAB
Para Vanuce Barros, presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ), muitos casos nem chegam à SDH. Ela estima que o número seria pelo menos três vezes maior.
Na avaliação da integrante da
comissão da OAB, a disparidade entre os casos oficiais e os não
denunciados ocorre porque a população não tem conhecimento da lei: “As
pessoas não sabem o direito que têm, nem que as denúncias podem até
culminar em prisões”. Além disso, segundo ela, é preciso ser feita uma
campanha de esclarecimento, para mostrar que é seguro denunciar e que o
serviço funciona. “Senão, as pessoas não dão prosseguimento ao caso”,
explicou.
A líder da comissão da OAB ainda relatou que,
em levantamentos feitos no Rio de Janeiro, foi constatado que a maioria
das vítimas é moradora de comunidades carentes e praticante de religiões
afro-brasileiras.
“Geralmente, as ameaças são feitas por traficantes ou por grupos religiosos. Assim, as pessoas ficam com medo”, lamentou Vanuce. Ela defende a obrigatoriedade da educação religiosa nas escolas, porém, sem abordagem exclusiva para uma crença específica, e capacitação dos docentes para a função.
De acordo com a SDH, cada ligação gera um relatório que serve de base para investigação. O serviço Disque 100 começou a operar em 2011, quando foram registradas três denúncias no Estado do Rio. Porém, no ano seguinte, o total saltou para 18 ocorrências.
No ano passado, as ligações oriundas de cidades fluminenses representaram 16,8% das 231 denúncias de todo o país, enquanto São Paulo respondeu por 21,64% deste total, com 50 registros. O balanço referente a 2014 será divulgado no início de 2015. O Disque 100 funciona gratuitamente. As ligações podem ser feitas tanto de telefones fixo quanto de celulares, de qualquer lugar do Brasil. O anonimato é garantido e não há limite para quantidade de queixas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário