Como pesquisa não é urna, e sim uma tendência, há espaço para conter o crescimento de Marina e mostrar o que a candidatura dela de fato representa, desde que atuemos e lutemos com a experiência que temos em eleições, em vitórias e derrotas. Sabemos que a campanha não se resume a TV e rádio, muito menos aos debates. A prova disso é Marina Silva.
Marina, ao apresentar seu programa de governo, abriu um flanco para a crítica. Sua identificação com a política econômica tucana e seu conservadorismo religioso confrontam-se com temas caros à juventude e ao seu eleitorado das grandes cidades. A proposta de reforma política do PSB-REDE é um grave retrocesso político: coloca fim na reeleição, nas eleições a cada dois anos, no voto proporcional, esvazia os partidos e elimina as minorias da vida política institucional do país.
Sua imagem moralista fica frágil se confrontada com os rendimentos das palestras (R$ 1,6 milhão nos últimos anos) e a constituição de uma empresa para pagar menos impostos. Também com o uso do avião irregular do PSB, com seus apoiadores do Itaú e da Natura e com as alianças que o PSB fez nos Estados com a “velha política”.
Sua defesa radical do tripé macro econômico e da independência do Banco Central segue a cartilha do PSDB e na prática assume o modelo de crescimento neoliberal. Devemos, sem medo, confrontar os dois projetos de país e de crescimento, os dois projetos de reforma política e tributária, reafirmar nossa política de distribuição de renda, mercado interno, prioridade para a infraestrutura econômica e social, para o pré-sal, para a integração sul americana e para a democratização.
Mudança, com Dilma
Os fatos indicam que cresceu a vontade de mudança na sociedade brasileira, porém a maioria do eleitorado, como também mostram as pesquisas, enxerga em Dilma a candidata mais preparada – e com experiência – para as mudanças que o Brasil ainda tem pela frente, mesmo depois de todas as conquistas dos últimos três mandatos.
Isso indica que devemos continuar expondo as ações do governo e da presidenta, sem deixar de fazer a disputa política com as propostas de Marina e o que ela representa de fato. Mais política e mais propostas de mudança. “Futuro” é um conceito abstrato para a maioria dos cidadãos e eleitores, mas mudança é o sentimento nacional majoritário.
Política é confronto de ideias e propostas, de personalidades, de fatos. E luta política e social. Campanha é mobilização da militância e dirigentes, dos apoiadores na sociedade, das lideranças começando no nosso caso por Lula. A disputa nesse momento exige um esforço concentrado de todo partido e aliados, de todos os dirigentes e lideranças, de toda a militância a partir de um plano de trabalho com base nas pesquisas e na nossa realidade partidária e eleitoral.
É preciso reverter situação em São Paulo e consolidar no Nordeste
É preciso reverter a situação em São Paulo, manter o quadro em Minas, no Rio de Janeiro e na Bahia. Isso significa priorizar esses Estados. No Nordeste, o papel de Lula é ainda mais decisivo, e é onde temos nossa principal base social e eleitoral para crescer e compensar o resultado no Sudeste. O eleitorado de 2 a 5 salários mínimos precisa ser disputado no dia a dia da campanha e da TV.
A situação nos Estados nos é favorável, pois temos fortes campanhas no RS, AC, MS, PI, BSB, BA, MG, RJ e RR, aliados fortes no AM, PA, CE, RN e AL. Mesmo no PR, RO, SE e SC temos candidatos ao governo que não são do PT, mas apoiam Dilma. No ES, temos um candidato competitivo ao Senado, como em São Paulo e outros estados – RS, PE,PA, PB,BSB,RN,SE,GO. Nossos aliados disputam o Senado no AC, BA, AL, TO, MT, com campanhas fortes e competitivas que impulsionam a campanha presidencial nestes locais onde se concentra nosso maior problema e enfrentamos a maior rejeição, com uma campanha ainda em aquecimento.
Temos bancadas fortes e expressivas em termos eleitorais de deputados e senadores em todo país, prefeitos e vereadores que podem e devem nesses próximos 30 dias mobilizar nossa militância e suas bases eleitorais para reverter a atual tendência do eleitorado.
O desafio do PT agora
O desafio do PT nas próximas semanas é defender, na campanha no rádio e na TV, mas também nas ruas do país afora, os avanços e conquistas tão valiosos ao povo brasileiro, como a geração recorde de empregos, a manutenção da estabilidade econômica com a inflação dentro da meta e sobretudo o crescimento econômico com inclusão social da última década.
São essas conquistas que agora estão em xeque diante do mal disfarçado discurso neoliberal que domina o programa de Marina. Ela mostra certo desprezo pela destinação da riqueza do pré-sal para a saúde e a educação e acena com medidas que irão afetar a renda e o emprego do trabalhador. Marina, como se vê, se afastou dos ideais de quando tomou posse como ministra do presidente Lula e hoje ofusca o PSDB usando o próprio e velho receituário tucano para se opor a presidenta Dilma.
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