Restaurante tradicional fechou; produtores relatam redução da demanda.
Atual geração cresceu vendo cães como animais de estimação. Associated Press
Funcionária mostra prato com carne de cachorro do restaurante Daegyo (Foto: Lee Jin-man/AP)
Homem brinca com seu cão em um 'dog cafe',
cafeteria que permite a entrada de cães na Coreia;
mercado pet cresce, enquanto consumo de carne
do animal diminui (Foto: Lee Jin-man/AP)
Mas a experiência com esse ingrediente consumido há séculos na Coreia
acaba de virar história. Daegyo, o famoso restaurante que ela abriu em
Seul em 1981, serviu seu último ensopado de cachorro nesta sexta-feira
(29). O fim do estabelecimento é um reflexo dos desafios enfrentados por
um tipo de negócio que não é nem legal nem explicitamente proibido
pelas leis da Coreia do Sul.cafeteria que permite a entrada de cães na Coreia;
mercado pet cresce, enquanto consumo de carne
do animal diminui (Foto: Lee Jin-man/AP)
As visões opostas sobre os cães como alimento e como animais de estimação coexistiram na história recente do país, alimentando uma controvérsia que se tornou mais incensada neste verão.
Defensores dos direitos dos animais protestam, conclamando as pessoas a não comerem o melhor amigo do homem. Os ativistas dizem também que alguns dos 2 milhões de cães que são consumidos na Coreia do Sul a cada ano sofrem dor e morte cruel.
"Há uma diferença geracional. Não temos clientes jovens”, diz Oh, que planeja reabrir seu restaurante servindo churrasco coreano de carne de boi. Os jovens sul-coreanos cresceram assistindo a programas de TV sobre criar filhotes, o que reduziu o apetite pela carne de cão, diz a chef.
Seu restaurante costumava servir 700 ensopados de cachorro por dia nos anos 1980. Atualmente, passou a servir menos da metade disso.
Tabu
A
chef Oh Keum-il, dona do restaurante Daegyo, mostra como cozinhar carne
de cachorro; estabelecimento que existe desde a década de 1980 vai
fechar (Foto: Lee Jin-man/AP)
Mesmo os jovens que comem carne de cachorro acabam não falando sobre
isso abertamente, de acordo com Moon Jaesuk, pesquisador de 32 anos que
gostava de comer esse ingrediente antes de se mudar para Seul. “Não é
fácil falar sobre comer carne de cão no meio de muita gente. É como
fazer uma piada sexual”, compara.Não há dados oficiais sobre a indústria de carne de cachorro, mas as pessoas que criam cães para vender sua carne afirmam que o consumo está em declínio. O açougueiro Shin Jang-gun afirma que o número de pedidos se reduziu à metade do que era. Ele mantém uma lista de cerca de 700 a 800 restaurantes em Seul, alguns clientes atuais e outros potenciais, e acredita que a lista tivesse 1.500.
O pai de Shin vendeu apenas carne de cachorro por várias décadas. Depois que ele herdou o açougue, em 2002, passou a trabalhar também com carne de cabra para compensar o declínio nas vendas da carne de cão. “Essa indústria não tem futuro a longo prazo. As novas gerações não comem com frequência”, diz Shin.
As diferentes percepções sobre os cães se tornam até motivo de tensão familiar. Kim Dongyoung, de 30 anos, diz que tem grandes discussões com seu avô sobre seu cão de estimação. “Sempre que ele vê meu cachorro em casa, ele diz que é do tamanho de um prato de sopa”, afirma Kim. Recentemente ela desistiu de comprar um apartamento quando descobriu que ficava no mesmo prédio de um restaurante que serve ensopado de cachorro.
Choi Young-im, secretário geral de um associação de criadores de cães, afirma que a carne de cachorro, que era a mais popular depois das de boi, porco e frango, foi ultrapassada pela carne de pato. Ele estima que sejam consumidos entre 2 e 2,5 milhões de cachorros na Coreia do Sul a cada ano.
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