Ninguém
duvida que a transfusão de sangue salva hoje milhares de vidas
diariamente. De forma semelhante, células-tronco hematopoiéticas (do
sangue), isoladas a partir do cordão umbilical, também têm uso clínico
comprovado em diversas circunstâncias. Apesar do uso mundial e contínuo,
é difícil expandir as células-tronco do sangue fora do corpo humano.
Felizmente, um trabalho canadense publicado nesta semana na prestigiosa revista científica "Science" promete mudar essa realidade. Um grupo de pesquisadores conseguiu identificar uma molécula capaz de amplificar o número de células-tronco sanguíneas em laboratório. Ao modificar quimicamente essa molécula, o grupo conseguiu encontrar uma variante extremamente potente e eficaz. Esses dados prometem expandir o uso clínico dessas células num futuro próximo.
Atualmente, transplante de células-tronco hematopoiéticas halogênicos é a única forma de curar doenças sanguíneas graves, como leucemia. Mas de 30 a 40% dos pacientes não têm acesso a esse tipo de terapia por incompatibilidade genética com as células dos doadores. O transplante de células-tronco sanguíneas isoladas a partir do cordão umbilical oferece diversas vantagens, incluindo a baixa taxa de incompatibilidade genética e rejeição. Porém o número de células isoladas do cordão é relativamente baixo, limitando a aplicação clínica desse material em muitos casos. Aliás, essa tem sido uma das maiores críticas aos bancos de células-tronco de cordão umbilical.
Estudos anteriores já mostravam evidências de que as células-tronco do cordão poderiam ser amplificadas após transplante em animais imunodeprimidos, dando origem ao diverso e sofisticado grupo de tipos celulares que chamamos simplificadamente de sangue. Em laboratório, essas células mostravam capacidade de expansão reduzida e, na maioria das vezes, os protocolos de expansão eram conseguidos à custa da perda do privilégio imunológico. No trabalho da "Science" (Fares e colegas, 2014), os cientistas criaram um sistema artificial de expansão das células-tronco do cordão aonde foram testadas 5.280 drogas na esperança de encontrar alguma que conseguisse estimular o crescimento dessas células no ambiente controlado.
Uma delas funcionou. A droga conhecida como UM729 foi identificada e submetida a um aperfeiçoamento químico para gerar uma versão mais potente. Chegou-se a uma molécula artificial e optimizada, UM171, com atividade 20 vezes mais potente que a original. Além disso, pode-se dizer que ela é infinitamente melhor que qualquer outra molécula testada anteriormente, pois estimula especificamente a população de células-tronco e não outras células mais maduras, também presentes no sangue. A droga foi testada em modelos animais de transplantes pré-clínicos – as células-tronco humanas são injetadas em camundongos com deficiência na produção de células-tronco sanguíneas. A droga mostrou-se efetiva no quesito repopulação e repertório celular nos camundongos em ensaios a longo prazo, e sem efeitos colaterais aparentes.
A notícia boa deve realmente ser comemorada pelo potencial transformador. A expansão de células-tronco a partir do cordão umbilical pode ser uma alternativa viável a transplantes de células isoladas da medula, constantemente em alta demanda, por exemplo. Se o protocolo realmente funcionar em humanos e for assim tão simples de executar como descrito no trabalho, é capaz de transformar os atuais bancos de cordão-umbilical em pequenas fábricas de sangue. Isso, sim, seria uma contribuição gigantesca para a humanidade. Nada mal para uma molécula com o nome de UM171.
Felizmente, um trabalho canadense publicado nesta semana na prestigiosa revista científica "Science" promete mudar essa realidade. Um grupo de pesquisadores conseguiu identificar uma molécula capaz de amplificar o número de células-tronco sanguíneas em laboratório. Ao modificar quimicamente essa molécula, o grupo conseguiu encontrar uma variante extremamente potente e eficaz. Esses dados prometem expandir o uso clínico dessas células num futuro próximo.
Atualmente, transplante de células-tronco hematopoiéticas halogênicos é a única forma de curar doenças sanguíneas graves, como leucemia. Mas de 30 a 40% dos pacientes não têm acesso a esse tipo de terapia por incompatibilidade genética com as células dos doadores. O transplante de células-tronco sanguíneas isoladas a partir do cordão umbilical oferece diversas vantagens, incluindo a baixa taxa de incompatibilidade genética e rejeição. Porém o número de células isoladas do cordão é relativamente baixo, limitando a aplicação clínica desse material em muitos casos. Aliás, essa tem sido uma das maiores críticas aos bancos de células-tronco de cordão umbilical.
Estudos anteriores já mostravam evidências de que as células-tronco do cordão poderiam ser amplificadas após transplante em animais imunodeprimidos, dando origem ao diverso e sofisticado grupo de tipos celulares que chamamos simplificadamente de sangue. Em laboratório, essas células mostravam capacidade de expansão reduzida e, na maioria das vezes, os protocolos de expansão eram conseguidos à custa da perda do privilégio imunológico. No trabalho da "Science" (Fares e colegas, 2014), os cientistas criaram um sistema artificial de expansão das células-tronco do cordão aonde foram testadas 5.280 drogas na esperança de encontrar alguma que conseguisse estimular o crescimento dessas células no ambiente controlado.
Uma delas funcionou. A droga conhecida como UM729 foi identificada e submetida a um aperfeiçoamento químico para gerar uma versão mais potente. Chegou-se a uma molécula artificial e optimizada, UM171, com atividade 20 vezes mais potente que a original. Além disso, pode-se dizer que ela é infinitamente melhor que qualquer outra molécula testada anteriormente, pois estimula especificamente a população de células-tronco e não outras células mais maduras, também presentes no sangue. A droga foi testada em modelos animais de transplantes pré-clínicos – as células-tronco humanas são injetadas em camundongos com deficiência na produção de células-tronco sanguíneas. A droga mostrou-se efetiva no quesito repopulação e repertório celular nos camundongos em ensaios a longo prazo, e sem efeitos colaterais aparentes.
A notícia boa deve realmente ser comemorada pelo potencial transformador. A expansão de células-tronco a partir do cordão umbilical pode ser uma alternativa viável a transplantes de células isoladas da medula, constantemente em alta demanda, por exemplo. Se o protocolo realmente funcionar em humanos e for assim tão simples de executar como descrito no trabalho, é capaz de transformar os atuais bancos de cordão-umbilical em pequenas fábricas de sangue. Isso, sim, seria uma contribuição gigantesca para a humanidade. Nada mal para uma molécula com o nome de UM171.
*Foto: Wikimedia Commons
Nenhum comentário:
Postar um comentário