As crianças estão perdendo a
infância porque perderam o direito de ter um tempo livre para brincar.
Essa mudança cultural fará imensa diferença nos níveis de estresse e de
felicidade delas no futuro.
Segundo o pediatra e homeopata Moises Chencinski, “a pressão acadêmica sobre as crianças é mais intensa agora, mas elas também estão sobrecarregadas com atividades extracurriculares. Elas praticam esportes competitivos, são obrigadas a cursar aulas de música e de arte e a participar de atividades de sua comunidade, o que preenche completamente seus dias com eventos, compromissos”, diz o médico.
Em um artigo no The Independent, Peter Gray, pesquisador do Boston College e autor de um livro sobre o tema, defendeu a necessidade de mais brincadeiras não estruturadas para as crianças. Ele sustenta que algumas das mais importantes habilidades para a vida não são ensinadas na sala de aula. “A brincadeira é o veículo pelo qual as crianças aprendem a se relacionar com os outros, a resolver problemas e a controlar suas emoções”, diz ele.
“Eu não poderia concordar mais. Através da brincadeira as crianças aprendem a dominar seus medos, afirmar suas necessidades, processar e lidar com suas emoções e conviver com outras pessoas”, defende o Dr. Chencinski, membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
A seguir, Moises Chencinski enumera algumas das principais razões para que os pais reservem um tempo na agenda dos filhos apenas para “o brincar”:
01) Alívio do estresse
Brincar é uma oportunidade para as crianças processarem e trabalharem as emoções negativas com as quais se deparam ao longo do dia. As crianças trabalham todos os tipos de emoções quando absortas em brincadeiras não estruturadas. Elas podem começar a brincadeira estressadas, mas, uma vez imersas num mundo de imaginação, elas gradualmente liberam a tensão e restauram a sensação de calma.
02) Controle emocional
Crianças pequenas tendem a expressar sentimentos muitos exagerados e, muitas vezes, reagem antes que os pais tenham tempo sequer de processar o evento que desencadeou tais sentimentos. Através da brincadeira, as crianças aprendem a controlar seus impulsos e trabalhar com suas emoções. Elas aprendem a encontrar os gatilhos e a resolver potenciais problemas.
03) Melhora das habilidades de interação social
A brincadeira em grupo não estruturada é a melhor maneira de deixar as crianças trabalharem suas habilidades de interação social. Quando envolvidas em brincadeiras em grupo, as crianças têm de aprender a cooperar, resolver conflitos, ter empatia com os outros e a se relacionar com seus pares.
04) Promoção de uma resolução criativa de problemas
Uma criança pode memorizar as respostas às perguntas de matemática (e pode ainda memorizar as estratégias para resolver problemas difíceis de matemática), mas não pode memorizar maneiras de resolver problemas na vida real.
05) Promoção da aprendizagem
A grande ironia de aumentar a pressão acadêmica em detrimento da brincadeira desestruturada é que a brincadeira realmente promove a aprendizagem. A brincadeira é um estilo de aprendizagem mais natural para as crianças.
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