Presidenta também criticou o uso da força para deter conflitos
A presidenta Dilma Rousseff fez nesta quarta-feira (24) o discurso de abertura da 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que ocorre em Nova York, nos Estados Unidos.
A quase 10 dias das eleições presidenciais no Brasil, nas quais caminha para a sua reeleição, Dilma destacou aos mais de 120 chefes de Estado e de Governo presentes no encontro os avanços em políticas sociais, educação e democracia durante seu governo e do seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
A mandatária também afirmou que o Brasil soube gerir os desafios impostos pela crise econômica de 2008, mas confessou que o colapso gerou impactos no crescimento do país. "Ainda que conseguimos resistir à crise econômica, ela também nos atingiu nos últimos anos", disse Dilma.
"É indispensável e urgente retomar o crescimento da economia global", destacou a presidente, apontando a conclusão dos trabalhos da Rodada Doha como uma das maneiras de incentivar a economia mundial.
Mantendo o discurso brasileiro em política externa dos últimos anos, Dilma também pediu mais participação dos países emergentes nos processos decisórios das instituições financeiras, como o Fundo Monetário Internacional (FMI). "Essas instituições correm o risco de perder sua legitimidade e eficiência", criticou a presidenta.
Nesse sentido, ela elogiou a atuação dos BRICS (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e citou a cúpula que ocorreu em julho, em Fortaleza. Na ocasião, os países assinaram um acordo para a criação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS, que deve atuar no financiamento de projetos de infraestrutura e sustentabilidade.
Sobre o tema da segurança mundial, Dilma criticou duramente o uso da força nas resoluções dos conflitos e afirmou que a ineficácia desta estratégia pode ser comprovada na questão palestina, "no massacre do povo sírio", nas tensões na Líbia, no Iraque e na Ucrânia. "A cada intervenção militar, não caminhamos para a paz, mas sim, para o acirramento destes conflitos", afirmou Dilma, pedindo uma reforma do Conselho de Segurança da ONU.
"O Conselho de Segurança tem tido dificuldades em resolver esses conflitos. É necessária uma verdadeira reforma do Conselho de Segurança", disse Dilma, citando a "paralisia e a inação" da entidade. Segundo ela, um "conselho mais representativo e legítimo pode ser mais eficaz" para resolver os grandes temas de segurança internacional.
Como exemplo da inércia do Conselho de Segurança, ela citou as divergências entre Israel e Palestina. "Esse conflito deve ser solucionado, e não precariamente administrado, como vêm acontecendo". Segundo Dilma, o aniversário de 70 anos da criação da ONU, celebrado em 2015, é uma oportunidade para pensar em reformas do conselho.
"O ano 2015 desponta como verdadeiro ponto de inflexão. Estou certa de que não nos furtaremos de cumprir com coragem e lucidez nossas responsabilidades alicerçadas na promoção da paz e no desenvolvimento sustentável", ressaltou.
Sobre o avanço do vírus ebola na África, Dilma afirmou que o mundo não pode "ficar indiferente" ao problema e garantiu que o "Brasil será inteiramente solidário" às iniciativas promovidas pela ONU.
Em seu discurso, a presidenta também citou a iniciativa do Brasil na promoção de marcos regulatórios para a Internet e relembrou o discurso que fez em 2013, na Assembleia Geral da ONU, logo após a divulgação dos casos de espionagem praticados pelos Estados Unidos.
O Brasil sempre abre o plenário da Assembleia Geral da ONU, já que foi a primeira nação a virar membro da entidade, em 1945.
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