Quanto tempo a gente perde na vida?
Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos inteiros.
Depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar, aí mais
tarde demora pra entender certas coisas, demora pra dar o braço a
torcer. Viramos adolescentes teimosos e dramáticos. Levamos um século
para aceitar o fim de uma relação, e outro século para abrir a guarda
para um novo amor, e já adultos demoramos para dizer a alguém o que
sentimos, demoramos para perdoar um amigo, demoramos para tomar uma
decisão. Até que um dia a gente faz aniversário. 37 anos. Ou 41. Talvez
48. Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto. E a gente descobre que o tempo não pode continuar sendo desperdiçado.
Fazendo uma analogia com o futebol, é como se a gente estivesse com o
jogo empatado no segundo tempo e ainda se desse ao luxo de atrasar a
bola pro goleiro ou fazer tabelas desnecessárias. Que esbanjamento. Não
falta muito pro jogo acabar. É preciso encontrar logo o caminho do gol.
Sem muita frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso. Tudo o que a
gente quer, depois de uma certa idade, é ir direto ao assunto.
Excetuando-se no sexo, onde a rapidez não é louvada, pra todo o resto é
melhor atalhar. E isso a gente só alcança com alguma vivência e
maturidade.
Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando, não esperam
sentados, não ficam dando voltas e voltas, não necessitam percorrer
todos os estágios. Queimam etapas. Não desperdiçam mais nada.
Uma pessoa é sempre bruta com você? Não é obrigatório conviver com ela.
O cara está enrolando muito? Beije-o primeiro.
A resposta do emprego ainda não veio? Procure outro enquanto espera.
Paciência só para o que importa de verdade. Paciência para ver a tarde
cair. Paciência para sorver um cálice de vinho. Paciência para a música e
para os livros. Paciência para escutar um amigo. Paciência para aquilo que vale nossa dedicação.
Pra enrolação...atalho.
Martha Medeiros
Martha Medeiros
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