Doenças cardiovasculares
Um grupo de profissionais pede que diretrizes alimentares enfatizem mais o açúcar que o sal no combate à hipertensão
Segundo os médicos, o açúcar dos alimentos processados é o vilão da hipertensão
(Thinkstock/VEJA)
Opinião do especialista
Luiz BortolottoCardiologista, presidente
do departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia
e diretor da unidade de hipertensão do Instituto do Coração (Incor).
Existem extensas evidências do papel do sal no desenvolvimento da hipertensão, assim como dos benefícios de reduzir o sal para diminuir a pressão. Isso está consolidado, apesar de criticado por alguns autores.
Quanto ao açúcar, começam a surgir evidências de que o excesso de frutose pode causar processos inflamatórios. Além disso, existe uma relação entre o consumo do açúcar e a obesidade, que é ligada à hipertensão. Logo, há fundamento em dizer que excesso de açúcar pode levar à hipertensão. O estudo que mais mostrou isso foi o que relacionou refrigerantes com maior risco de hipertensão.
No entanto, não há um estudo comparativo entre redução de sal e de açúcar e o impacto na pressão, e também nenhuma pesquisa avaliou a queda da pressão promovida pela redução do açúcar.
Para esse grupo de médicos americanos, a queda na pressão arterial proporcionada pela redução no consumo de sal é “relativamente pequena”, e há evidências de que consumir de 3 a 6 gramas de sal por dia faz bem à saúde, e de que ingerir de menos de 3 gramas é prejudicial ao organismo.
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No artigo, eles dizem que a maioria do sal da dieta é obtido por meio de comidas processadas, também ricas em açúcar. “O açúcar pode estar mais relacionado à pressão arterial do que o sódio. Evidências científicas, estudos populacionais e ensaios clínicos revelam que o açúcar, particularmente a frutose, é o protagonista do desenvolvimento da hipertensão”, escreveram os autores.
Xarope de milho — Os médicos condenam especialmente o xarope de milho, adoçante comum em sucos industrializados e refrigerantes. Eles afirmam que uma ingestão diária de mais de 74 gramas de frutose está associada com um risco 30% maior de ter pressão acima de 14 por 9, e 77% maior de ter pressão superior a 16 por 10. Uma alimentação rica em frutose também está relacionada à elevação do colesterol, altos índices de insulina e risco de síndrome metabólica.
Os autores enfatizam que o açúcar natural encontrado em frutas e vegetais não é prejudicial à saúde. Ao contrário, comer frutas e vegetais certamente faz bem ao organismo.
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