Jovem paquistanesa e indiano foram laureados por esforços pela educação.
Entrega do prêmio aconteceu em Oslo, na Noruega.
O indiano Kailash Satyarthi e a paquistanesa Malala Yousafzay receberam formalmente nesta quarta-feira (10) o prêmio Nobel da Paz de 2014 dado aos dois em outubro por "sua luta contra a supressão das crianças e jovens e pelo direito de todos à educação".
A cerimônia aconteceu em Oslo, na Noruega. Os dois receberam a medalha dourada e o diploma do prêmio Nobel.
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"Uma jovem e um homem, uma paquistanesa e um indiano, uma muçulmana e um hindu, ambos símbolos do que o mundo necessita: mais unidade, mais fraternidade entre as nações”, disse o presidente do comitê do Nobel, Thorbjoern Jagland, antes da entrega do prêmio.
“Me recuso a aceitar que o mundo seja tão pobre quando o gasto global em armas em apenas uma semana é suficiente para levar todas as crianças à escola”, disse Satyarthi em seu discurso após receber o prêmio, antes da fala de Malala.
Ele criticou a cultura do silêncio e da passividade, e defendeu a noção de globalizar a “compaixão transformadora” para impulsionar uma marcha mundial contra a exploração, a pobreza e a escravidão de crianças. “Vamos democratizar o conhecimento, universalizar a justiça. Juntos, vamos globalizar a compaixão”, disse, lembrando outros ícones da luta por esses direitos, como Mahatma Gandhi, Nelson Mandela e Martin Luther King.
Satyarthi, que ajudou a salvar cerca de 80 mil crianças de trabalho forçado, às vezes por meio de confrontos violentos, manteve um comportamento discreto em Oslo e reconheceu ter sido ofuscado por Malala e seus admiradores.
"Eu perdi dois dos meus colegas", disse Satyarthi sobre seu trabalho. "Carregar o corpo de um colega que está lutando pela proteção de crianças é algo que nunca vou esquecer, mesmo quando sento aqui para receber o prêmio Nobel da Paz."
'Obrigada por me deixar voar'
"Vou continuar com esta luta até ver que todas as crianças podem frequentar a escola", disse Malala, uma defensora do direito à educação das mulheres, que virou símbolo mundial depois de sobreviver milagrosamente a um ataque armado dos talibãs.
"Vou continuar com esta luta até ver que todas as crianças podem frequentar a escola", disse Malala, uma defensora do direito à educação das mulheres, que virou símbolo mundial depois de sobreviver milagrosamente a um ataque armado dos talibãs.
"Eu conto a minha história não porque ela é única, mas porque não é", disse Malala. "Essa é a história de muitas meninas".
“Por que os países que chamamos de fortes são tão poderosos criando guerras, mas tão fracos para alcançar a paz? Por que dar armas é tão fácil, mas dar livros tão difícil? Por que construir tanques é tão fácil, mas construir edifícios é tão difícil?”, questionou Malala.
A jovem disse ainda que a educação é "uma das bênçãos da vida" mas também "uma de suas necessidades", e dedicou boa parte de suas palavras ao ataque que sofreu há dois anos pelos talibãs no Paquistão por defender a educação das mulheres.
"Tinha duas opções, uma era ficar em silêncio e esperar que me matassem. A outra era falar e depois que me matassem. Escolhi a segunda", disse.
"Não sou uma voz solitária, sou muitas. Sou Shazia, sou Kainat Riaz, sou Kainat Somro, sou Mezon, sou Amina. Sou 66 milhões de meninas que estão fora das escolas", disse em seu discurso, no qual citou o Corão e lembrou Martin Luther King e Nelson Mandela.
Malala destinará parte de seu prêmio, de US$ 1,1 milhão, para ajudar na construção de escolas através de sua fundação, sobretudo em sua região natal, no do vale do Swat.
Em seu discurso, Malala fez diversos agradecimentos, em especial a sua família. “Obrigado a meu pai por não cortar minhas asas, e por me deixar voar. Obrigado a minha mãe, por me inspirar, por ser paciente e por sempre dizer a verdade, o que acredito fortemente ser a maior mensagem do Islã.”
No momento em que Malala foi receber sua medalha, um jovem tentou posar na frente da paquistanesa com uma bandeira do México. Ele não mostrou sinais de violência e pareceu pedir que Malala falasse algo relacionado ao México antes de ser retirado do local pelos seguranças. Ele acabou sendo detido.
Luta pela educação
Satyarthi, de 60 anos, é um ativista de direitos das crianças na Índia e a menina Malala sobreviveu a uma tentativa de assassinato dos talibãs em 2012 por sua militância a favor da educação das meninas em sua região natal do noroeste do Paquistão.
Satyarthi, de 60 anos, é um ativista de direitos das crianças na Índia e a menina Malala sobreviveu a uma tentativa de assassinato dos talibãs em 2012 por sua militância a favor da educação das meninas em sua região natal do noroeste do Paquistão.
Com o prêmio, Malala, de 17 anos, se tornou a mais jovem ganhadora do Nobel, superando o cientista australiano-britânico Lawrence Bragg, que compartilhou o Prêmio de Física com o pai, em 1915, aos 25 anos. Em sua conta no microblog Twitter, Malala disse: "Obrigada por todo apoio e amor".
Depois de receber tratamento médico intensivo, Malala se mudou para o Reino Unido. Em 2013, ela recebeu o prêmio Sakharov para a liberdade de consciência, concedido pelo Parlamento Europeu.
Malala não estava sozinha quando foi baleada pelos talibãs por ter a ousadia de lutar pela educação. Duas outras meninas também foram atacadas quando iam para a escola de ônibus no Paquistão no dia 8 de outubro de 2012. Malala não se esqueceu delas. As amigas a acompanham na festa do Prêmio Nobel da Paz.
Shazia Ramazan, de 16 anos, e Kainat Riaz, 17, estão unidas no que elas chamam de "Missão Malala", o desafio de chamar a atenção do mundo para o direito de jovem meninas terem a chance de estudar.
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