Presidente diz que 'Brasil merecia a verdade' e chorou durante a cerimônia; coordenador do colegiado diz ter feito 'o possível'
Brasília - Ao receber nesta quarta-feira o
relatório final elaborado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), a
presidenta Dilma Rousseff precisou interromper o discurso emocionada ao
falar das famílias que perderam seus integrantes e que, sem o
conhecimento da história da ditadura militar, "sofreram e continuaram
sofrendo".
No relatório, composto de três volumes, dividido em 18 capítulos e tendo um pouco mais de 4,4 mil páginas, os integrantes da CNV contabilizaram a morte ou o desaparecimento forçado de 434 pessoas durante o regime militar. Os membros da CNV listaram, em detalhes, como ocorria a tortura na Ditadura e afirma que a estrutura de repressão não era ato isolado de poucos, mas uma política instituída pelo Estado.
Durante o pronunciamento sobre a entrega do relatório, o coordenador da CNV, o advogado Pedro Dallari, afirmou que o colegiado fez "o que estava ao nosso alcance e cumprimos o que a lei nos determinou".
Apesar de listar mais de 400 vítimas de atos de violação de direitos humanos, Dallari disse que "o hall de vítimas não é definitivo". Para Dallari, caberá, agora, a entidades da sociedade civil e Comissões Estaduais da Verdade "continuar e aprofundar essas investigações".
Dilma considerou que o relatório, além de esclarecer os fatos para os que sofreram diretamente os efeitos da ditadura, servirá para que os mais jovens, que nasceram após a redemocratização do país possam saber o que ocorreu.
"Agradeço àqueles que, com determinação e coragem, aceitaram testemunhar e contar suas histórias ou a história de parentes, amigos e companheiros, que viveram tempos de morte dor sofrimento e, por isso, grandes perdas. São gestos como esse que constroem a democracia", afirmou.
"Devemos isso não só a gerações como a minha que sofreu suas terríveis consequências. Devemos isso a maioria da população brasileira que, nascida após o final do regime autoritário, não teve acesso a verdade histórica", explicou a líder.
"A ignorância sobre a história não
pacifica, pelo contrario, mantém latente a mágoa, o ódio", disse a
presidenta Dilma ao receber o documento. Ao interromper o discurso, ela
foi aplaudida pelos que acompanharam a solenidade.
"Ele encerra uma etapa e a,o mesmo
temo, começa uma nova etapa, demarca um novo tempo", disse ela. A
presidente destacou que conhecer a verdade não significa "revanchismo",
característica alegada pelo então ministro da Defesa, Nelson Jobim, no
ano em que a Comissão foi criada.
O relatório final é resultado de dois
anos e sete meses de investigações da Comissão Nacional da Verdade
(CNV) sobre atos de violação de direitos humanos ocorridos durante os
anos de 1946 e 1988. Durante o evento, Dilma disse que o documento deve
servir como base para mais investigações e que o governo irá se debruçar
sobre o documento para viabilizar as recomendações sugeridas pela CNV.
Leia mais: Comissão da Verdade responsabiliza presidentes por crimes da ditadura
No relatório, composto de três volumes, dividido em 18 capítulos e tendo um pouco mais de 4,4 mil páginas, os integrantes da CNV contabilizaram a morte ou o desaparecimento forçado de 434 pessoas durante o regime militar. Os membros da CNV listaram, em detalhes, como ocorria a tortura na Ditadura e afirma que a estrutura de repressão não era ato isolado de poucos, mas uma política instituída pelo Estado.
Durante o pronunciamento sobre a entrega do relatório, o coordenador da CNV, o advogado Pedro Dallari, afirmou que o colegiado fez "o que estava ao nosso alcance e cumprimos o que a lei nos determinou".
"Em que pese as circunstâncias
difíceis, em nenhum momento deixou de haver um diálogo respeitoso entre
os entes do Estado Brasileiro", disse Dallari, em referência ao ministro
da Defesa, Celso Amorim. Isso porque, durante as investigações, em
vários momentos as Forças Armadas não disponibilizaram documentos ou
informações para a Comissão da Verdade.
Hoje ficou claro que a emoção da Presidenta Dilma Rousseff -que não pôde ser contida nem pelas formalidades do cargo que a obrigam a discursar em eventos públicos - significa,como dizia Augusto Frederico Schmidt, sempre citado peloJB: "Sofrer passa. Ter sofrido não passa nunca."
Mas também é um outro alerta para aqueles que nunca sofreram,e que talvez tenham tido participação no sofrimento dos outros, que a população sofrida é muito maior - no sentido político e econômico -
do que aqueles que nunca sofreram, por isso a presidenta foi reeleita
Não podemos provocar ou tentar o confronto com a população sofrida brasileira, a que sofre por razões econômicas e a que sofre por razões políticas. Nesta lição a Dilma é pós graduada e nunca permitirá o sofrimento dos mais necessitados em favor dos mais abastados.
Mas também é um outro alerta para aqueles que nunca sofreram,e que talvez tenham tido participação no sofrimento dos outros, que a população sofrida é muito maior - no sentido político e econômico -
do que aqueles que nunca sofreram, por isso a presidenta foi reeleita
Não podemos provocar ou tentar o confronto com a população sofrida brasileira, a que sofre por razões econômicas e a que sofre por razões políticas. Nesta lição a Dilma é pós graduada e nunca permitirá o sofrimento dos mais necessitados em favor dos mais abastados.
Nos dois 2 anos e 7 meses de
investigações, a CNV colheu aproximadamente 1,2 mil depoimentos em 20
unidades da federação. Ocorreram dezenas de diligências e uma extensa
pesquisa documental.
"Houve assim, uma preocupação metodológica
muito rigorosa para que o relatório fosse um documento relevante e
consistente para a sociedade brasileira. O relatório não representa o
início ou o deste tipo de investigação pela sociedade brasileira",
afirmou Dallari.Apesar de listar mais de 400 vítimas de atos de violação de direitos humanos, Dallari disse que "o hall de vítimas não é definitivo". Para Dallari, caberá, agora, a entidades da sociedade civil e Comissões Estaduais da Verdade "continuar e aprofundar essas investigações".
Dilma considerou que o relatório, além de esclarecer os fatos para os que sofreram diretamente os efeitos da ditadura, servirá para que os mais jovens, que nasceram após a redemocratização do país possam saber o que ocorreu.
"Agradeço àqueles que, com determinação e coragem, aceitaram testemunhar e contar suas histórias ou a história de parentes, amigos e companheiros, que viveram tempos de morte dor sofrimento e, por isso, grandes perdas. São gestos como esse que constroem a democracia", afirmou.
"Devemos isso não só a gerações como a minha que sofreu suas terríveis consequências. Devemos isso a maioria da população brasileira que, nascida após o final do regime autoritário, não teve acesso a verdade histórica", explicou a líder.
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