O GLOBO
LONDRES E ISTAMBUL — Apesar dos esforços internacionais para
localizar três adolescentes britânicas que viajaram para se juntar ao
grupo fundamentalista islâmico Estado Islâmico (EI), fontes da
Inteligência da Turquia afirmaram, neste domingo, que elas
cruzaram a fronteira para a Síria na sexta-feira.
Amira Abase e Shamima Begum, ambas de 15 anos,
e Kadiza Sultana, de 16, entraram em território sírio de carro,
e teriam ido para a cidade de Tal Abyad, controlada pelo EI.
— Elas foram vistas em Tal Abyad na sexta-feira.
Estavam viajando com um homem sírio em um carro particular.
Eles estavam usando cartões de identidade sírios
— contou uma fonte da Inteligência turca.
As três meninas, todas alunas da Bethnal Green Academy,
em Londres, tinham voado do Aeroporto de Gatwick
para Istambul na terça-feira, durante as férias de meio
de ano letivo, no inverno europeu.
Em dezembro passado, as menores chegaram
a ser interrogadas pela polícia, depois que uma amiga
delas, de 15 anos, foi para a Síria. A Scotland Yard insiste,
porém, que não havia qualquer indício de que as
três pretendiam seguir os passos dessa amiga.
O pai de Amira, Hussen Abase, de 47 anos, disse não
ter notado nada de estranho no comportamento da filha,
quando ela lhe falou que iria a um casamento.
Em vez disso, Amira seguiu para Gatwick.
— Ela não se atreveria a discutir uma coisa
dessas com a gente. Sabe qual seria a resposta
— contou Abase a jornalistas.
Utilizando uma conta no Twitter em nome de Shamima
Begun, alguém teria entrada em contato com
Aqsa Mahmud, uma mulher de Glasgow que embarcou
para a Síria no ano passado para se casar com um
combatente do EI. A família Mahmud condena
firmemente a decisão da filha e critica a falta de
ação das autoridades por permitir que outras
meninas sejam convencidas.
— Agora, ela (Aqsa Mahmud) está recrutando outras jovens
— criticou o advogado da família, Aamer Anwar, em entrevista
à rede BBC, neste domingo.
— E a família pergunta: o que estão fazendo,
exatamente, os serviços de segurança deste país?
Especialistas em contraterrorismo avaliam que cerca de
50 mulheres deixaram O Reino Unido rumo à Síria
para se juntar ao EI. A cada dia, surgem mais histórias
sobre as “noivas da jihad” nos tabloides britânicos.
Na tentativa de conter esse fluxo, uma nova lei permite reter
os passaportes de britânicos suspeitos de pretenderem
viajar para a Síria, ou para o Iraque.
os passaportes de britânicos suspeitos de pretenderem
viajar para a Síria, ou para o Iraque.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron,
já anunciou que planeja introduzir novas medidas,
como aumentar as revistas nos aeroportos, e pediu
às escolas e universidades que ajudem a identificar
os estudantes em risco de serem cooptados.
Os analistas advertem que também é necessário
dirigir os esforços contra a propaganda que chega pela internet.
Nessa mesma linha, a ex-ministra Sayeeda Warsi
— primeira muçulmana a integrar o governo britânico
até renunciar em protesto contra a política do Executivo
conservador em relação à Faixa de Gaza
— também alertou para o papel da internet na
radicalização dos jovens muçulmanos:
— Não se faz um terrorista em um dia.
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