"Por que o governo, por exemplo, ainda não foi atrás dos R$ 19,4
bilhões que 6,6 mil brasileiros depositaram em contas secretas no
HSBC da Suíça, outro assunto blindado na mídia?", questiona
o jornalista Ricardo Kotscho, sobre o ajuste proposto pelo ministro
Joaquim Levy; "Por que o pacote não tira de bancos e das grandes
fortunas?"; ele lembra ainda que o ajuste do presidente americano
Barack Obama seria 'bolivariano', se comparado ao que se faz no Brasil
bilhões que 6,6 mil brasileiros depositaram em contas secretas no
HSBC da Suíça, outro assunto blindado na mídia?", questiona
o jornalista Ricardo Kotscho, sobre o ajuste proposto pelo ministro
Joaquim Levy; "Por que o pacote não tira de bancos e das grandes
fortunas?"; ele lembra ainda que o ajuste do presidente americano
Barack Obama seria 'bolivariano', se comparado ao que se faz no Brasil
24 DE FEVEREIRO DE 2015 ÀS 16:07
Por Ricardo Kotscho
Que é necessário e urgente fazer um ajuste fiscal para colocar as contas
do governo em ordem, estamos todos de acordo. Não tem mesmo
outro jeito. Ninguém pode eternamente gastar mais do que arrecada,
nem a padaria da esquina, muito menos um país.
do governo em ordem, estamos todos de acordo. Não tem mesmo
outro jeito. Ninguém pode eternamente gastar mais do que arrecada,
nem a padaria da esquina, muito menos um país.
Por isso, reuniões e mais reuniões se sucedem freneticamente em
Brasília para garantir a aprovação no Congresso Nacional do pacote
fiscal embrulhado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, encomendado
pelo governo Dilma-2. O objetivo é economizar R$ 18 bilhões no orçamento
. E quem vai pagar esta conta?
Brasília para garantir a aprovação no Congresso Nacional do pacote
fiscal embrulhado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, encomendado
pelo governo Dilma-2. O objetivo é economizar R$ 18 bilhões no orçamento
. E quem vai pagar esta conta?
Tem três maneiras de se fazer isso: cortar despesas, aumentar
a arrecadação ou fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
O governo brasileiro optou pela primeira alternativa.
Vai tirar dinheiro dos benefícios sociais: abono salarial,
seguro-desemprego, pensão por morte e seguro-defeso
para pescadores artesanais.
a arrecadação ou fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
O governo brasileiro optou pela primeira alternativa.
Vai tirar dinheiro dos benefícios sociais: abono salarial,
seguro-desemprego, pensão por morte e seguro-defeso
para pescadores artesanais.
Nos Estados Unidos, o governo Obama, que não pode ser
chamado de bolivariano, fez exatamente o contrário: aumentou a
taxação dos lucros dos bancos e das grandes fortunas para aliviar
encargos da classe média que vive do seu trabalho.
chamado de bolivariano, fez exatamente o contrário: aumentou a
taxação dos lucros dos bancos e das grandes fortunas para aliviar
encargos da classe média que vive do seu trabalho.
Aqui nem se chegou a pensar nisso. É um assunto tabu tanto nos
partidos do governo como nos da oposição, que não apresentaram
até agora nenhuma alternativa para a proposta de Levy, que assume
o papel de Robin Hood ao avesso para combater a inflação e
fazer o país voltar a crescer.
partidos do governo como nos da oposição, que não apresentaram
até agora nenhuma alternativa para a proposta de Levy, que assume
o papel de Robin Hood ao avesso para combater a inflação e
fazer o país voltar a crescer.
Só para se ter uma ideia dos valores envolvidos neste pacote:
o valor total que o país vai economizar é R$ 2 bilhões menor
do que o lucro de um único banco, o Itaú, que no ano passado
embolsou R$ 20 bilhões, boa parte graças aos juros que o
próprio governo lhe paga.
o valor total que o país vai economizar é R$ 2 bilhões menor
do que o lucro de um único banco, o Itaú, que no ano passado
embolsou R$ 20 bilhões, boa parte graças aos juros que o
próprio governo lhe paga.
Nos últimos cinco anos, o Brasil gastou mais de R$ 1 trilhão
(sim, escrevi certo, é trilhão mesmo) em pagamento de juros
da dívida interna. O Itaú, como sabemos, é o principal concorrente
do Bradesco, o banco aonde foi recrutado o ministro Levy.
(sim, escrevi certo, é trilhão mesmo) em pagamento de juros
da dívida interna. O Itaú, como sabemos, é o principal concorrente
do Bradesco, o banco aonde foi recrutado o ministro Levy.
Por que o governo, por exemplo, ainda não foi atrás dos
R$ 19,4 bilhões que 6,6 mil brasileiros depositaram em contas
secretas no HSBC da Suíça, outro assunto blindado na mídia?
R$ 19,4 bilhões que 6,6 mil brasileiros depositaram em contas
secretas no HSBC da Suíça, outro assunto blindado na mídia?
Vários outros países mais abonados do que o nosso já fizeram
isso e recuperaram boa parte do dinheiro de origem suspeita que
não costuma pagar impostos. Não sabemos ainda nem quem
são os donos destas contas.
isso e recuperaram boa parte do dinheiro de origem suspeita que
não costuma pagar impostos. Não sabemos ainda nem quem
são os donos destas contas.
E, por falar em sonegação fiscal, outro tema proibido, será
que o ministro Levy já conversou com os procuradores da
Fazenda Nacional sobre o dinheiro que o país deixa de arrecada
por falta de fiscalização e da punição dos crimes nesta área?
que o ministro Levy já conversou com os procuradores da
Fazenda Nacional sobre o dinheiro que o país deixa de arrecada
por falta de fiscalização e da punição dos crimes nesta área?
Estudo produzido pelo sindicato da categoria, conforme denúncia
feita na noite desta segunda-feira no Jornal da Record News (ver link),
prevê que, em 2015, o cartel dos sonegadores deixará de
pagar à União mais de R$ 500 bilhões, ou seja, mais de 25
vezes o valor que o governo pretende economizar cortando benefícios sociais.
feita na noite desta segunda-feira no Jornal da Record News (ver link),
prevê que, em 2015, o cartel dos sonegadores deixará de
pagar à União mais de R$ 500 bilhões, ou seja, mais de 25
vezes o valor que o governo pretende economizar cortando benefícios sociais.
Diante destes números, enquanto o governo negocia com o
PMDB apoio ao pacote fiscal em troca de cargos no segundo
escalão, fica fácil responder à pergunta feita no título desta coluna.
PMDB apoio ao pacote fiscal em troca de cargos no segundo
escalão, fica fácil responder à pergunta feita no título desta coluna.
Por que o pacote não tira de bancos e das grandes fortunas?
Muito simples: são exatamente estes os doadores que, em
grande parte, financiam as campanhas eleitorais de todos
os partidos, desde sempre.
grande parte, financiam as campanhas eleitorais de todos
os partidos, desde sempre.
Isso explica também porque o novo presidente da Câmara,
Eduardo Cunha, defende com tanto ardor o financiamento
privado de campanhas, e o ministro Gilmar Mendes não devolve
o processo em que ampla maioria do Supremo
Tribunal Federal (6 a 1) já decidiu contra este poderoso
criatório de corrupção em todas as latitudes da vida nacional.
Eduardo Cunha, defende com tanto ardor o financiamento
privado de campanhas, e o ministro Gilmar Mendes não devolve
o processo em que ampla maioria do Supremo
Tribunal Federal (6 a 1) já decidiu contra este poderoso
criatório de corrupção em todas as latitudes da vida nacional.
O resto é pura hipocrisia.
Vida que segue.
Nenhum comentário:
Postar um comentário