Professores grevistas são retirados da Câmara à base de força
Um dos manifestantes afirma que até armas de choque foram usadas
Flavio Araújo
, Leandro Eiró
e Rodrigo Cabral
Rio - Policiais militares invadiram na noite
deste sábado a Câmara de Vereadores e retiraram à força os 200
professores em greve que desde quinta-feira ocupavam a Casa. Um docente
afirma que a PM usou até arma de choque para esvaziar o plenário. Do
lado de fora, bombas de gás e spray de pimenta foram jogados contra
grupo de manifestantes que tentaram impedir a ação. Ruas foram
interditadas.
“Chegaram batendo, nos arrastaram
para fora, senhoras foram esmagadas. Vi muitos colegas caídos, atingidos
por armas de choque. Se a PM disser que reagimos, é mentira”, acusou o
professor de Matemática Edson de Oliveira.
Houve tumulto quando a PM arrombou o cadeado da entrada da Câmara pela Rua Evaristo da Veiga
Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Cerca de 120 homens do 5º BPM e do
Choque chegaram à Cinelândia por volta das 21h, atendendo a ofício da
Casa pedindo ajuda para esvaziar o prédio. Um negociador tentou
convencer os profissionais a sair pacificamente, mas os docentes,
alegando que a PM não tinha um mandado de reintegração, resistiram.
Às 22h30, policiais arrombaram a entrada do
Palácio pela Rua Evaristo da Veiga, e 40 homens entraram. Um
manifestante atirou um sinalizador, o que gerou tumulto. Bombas de gás e
cabeças de negro foram detonadas. Marta Moraes, coordenadora do Sepe, afirmou que
a categoria vai processar o estado. “Não há liminar pra realizar essa
desocupação. Não é uma decisão da Justiça. É uma ordem autoritária. Não
vamos aceitar que a ditadura seja reinstalada. Vamos mostrar isso para
os nossos alunos”, reclamou.
PM arromba porta da Câmara do Rio para retirar manifestantes
Câmara enviou ofício à PM para que fosse feita reintegração de posse. Três foram detidos, segundo a polícia; sindicato diz que há 5 feridos.
Do G1, com informações da Globo News
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A Polícia Militar arrombou uma porta lateral da Câmara Municipal do Rio de Janeiro
na noite deste sábado (28) para retirar os professores que ocupavam o
local desde quinta-feira (26). Os professores disseram que foram
retirados à força e, de acordo com o sindicato da categoria, cerca de 20
pessoas teriam ficado feridas. A 5ª DP (Mem de Sá) confirmou a detenção
de três manifestantes, que foram liberados ainda na madrugada.
Professores contaram à GloboNews que os policiais agiram com violência e que muitos foram empurrados, o que resultou em ferimentos nas pernas e braços.
Desta vez, os policiais não usaram balas de borracha no confonto, mas
levaram um galão que expelia uma grande quantidade de gás de pimenta,
segundo a GloboNews.
Cerca de 20 professores foram ao Hospital Municipal Souza Aguiar para
serem atendidas. Segundo Rosilene Almeida da Silva, do Sindicato
Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), houve excesso de
truculência. Por volta das 2h, a Guarda Municipal tentou retirar as
barracas de manifestantes que estavam acampados próximo à Câmara, mas
recuaram, disse Rosilene.
O G1 tentou falar com a Polícia Militar para confirmar
as informações, mas não conseguiu contato. Em nota, a assessoria de
imprensa da PM disse que cumpriu o mandato de reintegração de posse. "O
comando da PM tentou durante todo o período de ocupação uma forma de
entendimento, mas não houve acordo, a PM cumpriu a determinação da
Justiça."
Houve confronto entre policiais e manifestantes na ação de desocupação
da Câmara do Rio (Foto: Paulo Araújo/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Desocupação
Os policiais chegaram por volta das 21h à Câmara Municipal. A PM foi
enviada depois de a casa enviar um ofício à corporação pedindo ajuda
para que fosse feita a reintegração de posse. A rua teve de ser
bloqueada.
Segundo nota da Câmara enviada na tarde de sábado, durante as quatro
vezes em que o local foi invadido, a postura tomada pela casa foi a de
buscar um diálogo democrático.
“Tentamos fazer com que os manifestantes, na época, entendessem que o
Legislativo não pode parar de funcionar. Hoje, não se trata de ocupação
pacífica e é clara a intenção de impedir o funcionamento da casa. A
Justiça já havia expedido mandato de reintegração de posse duas vezes,
nos casos das ocupações da casa ocorridos anteriormente. Desta forma, a
Câmara não necessita recorrer novamente à Justiça, pois possui
auto-executoriedade e poder de polícia para assegurar, como determina a
Constituição Federal, seu livre funcionamento”, informou, em nota, a
Câmara Municipal.
Professores da rede pública de educação votaram
por unanimidade pela manutenção da greve
(Foto: Janaína Carvalho/G1)
Em outro trecho da nota, a Câmara disse que enviou o ofício ao
comandante-geral da Polícia Militar para a "desocupação do Palácio Pedro
Ernesto por aqueles que utilizam a força para impor sua vontade, em
detrimento dos princípios democráticos". "Tais atitudes constituem
verdadeiro atentado ao estado democrático de direito, odioso
comportamento que a democracia se envergonha de oferecer e que não honra
a conduta dos representantes do Magistério, sempre respeitado pela
sociedade." Greve desde 8 de agosto
Os professores da rede municipal entraram em greve no dia 8 de agosto
e, após assembleia realizada na sexta-feira (27), na Cinelândia, ao lado
da Câmara Municipal, decidiram pela manutenção da paralisação e pela
continuidade da ocupação do plenário.
"Entramos em greve no dia 8 de agosto por uma educação pública de
qualidade. Temos uma pauta enorme que o governo nem sequer discutiu. A
proposta enviada à Câmara prejudica a carreira de todos os profissionais
da educação", afirmou Susana Gutierrez, coordenadora regional do
sindicato. Professores da rede pública de educação votaram por
unanimidade pela manutenção da greve.
"Queremos a retirada desse projeto de plano de cargo do prefeito. Ele
formulou a proposta de forma individual, não houve a discussão com o
sindicato, apesar de ele ter se comprometido a fazer esse debate com a
direção do sindicato antes de encaminhar para a Câmara. De posse desse
conteúdo, verificamos que esse plano não aponta para uma valorização da
categoria", afirmou a coordenadora do sindicato Ivanete Conceição.
Policiais foram chamados para fazer reintegração de posse (Foto: Leandro Eiró/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
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