Estudo mostra que esse verdadeiro blockbuster das sessões de cinema concentra mais certos antioxidantes que frutas e verduras
Publicado em 05/09/2013
Reportagem: Thaís Manarini | Fotos: Alex Silva
Um punhado de milho, um fiozinho de óleo e uma panela no fogo... Voilà! Bastam alguns minutos - e muitos "pops" - para a combinação resultar em massas brancas, pequenas e bem macias: é a famosa pipoca. Vira e mexe no centro de acaloradas discussões, ela costuma ser acusada de ser um tanto quanto traiçoeira para a saúde. A presença de gordura e o fato de nos incentivar a extrapolar nas pitadas de sal estão entre as principais queixas. No que depender da ciência, entretanto, a má fama está com os dias contados.
É
que, se preparada corretamente isso significa não apelar para a
praticidade da versão de micro-ondas -, ela é uma explosão de
benefícios, informação reforçada por um estudo recente da Universidade
de Scranton, nos Estados Unidos. Segundo o time de cientistas, a pipoca
reúne mais certos antioxidantes que uma porção de frutas e verduras. O
que faz com que ela possa ser uma aliada ardilosa na guerra contra os
radicais livres, aquelas moléculas instáveis e perigosas que atacam as
células e provocam desastres que vão de envelhecimento precoce a
câncer.
A pipoca sai na frente
"Isso
se deve à diferença entre a quantidade de água encontrada na pipoca, que
é de 3 a 5%, e a detectada nos vegetais, que chega a 90%", informa Joe
Vinson, líder do trabalho. Na prática, esses valores revelam que, no
subproduto do milho, os compostos fenólicos - benditos antioxidantes! -
ficariam concentrados, enquanto nas outras classes alimentares eles
apareceriam mais diluídos. "A pipoca é o único snack formado 100% pelo
grão. Já os antioxidantes encontrados em outros produtos à base de
sementes integrais, por exemplo, são removidos ou sofrem degradação
durante o processamento."
Só para você saber - e
não morrer mais de raiva -, as substâncias protetoras da saúde estão na
casca, aquela capa que teima em ficar agarrada nos dentes. E, se o
milho que levar para casa der origem a uma pipoca naturalmente amarela
ou creme, bingo! Sinal de que a parte fofinha do alimento é ainda fonte
de carotenoides. "Essas substâncias também atuam como antioxidantes e,
no corpo, são convertidas em vitamina A", ensina a cientista de
alimentos Maria Cristina Dias Paes, da Embrapa Milho e Sorgo, em Sete
Lagoas, no interior de Minas Gerais. A transformação é ótima para o
sistema imunológico e para os olhos, que ficam blindados contra
degeneração macular relacionada à idade.
Parte por parte
Na
casca da pipoca também estão doses generosas de fibras, substâncias que
contribuem para a formação do bolo fecal. "Para eliminá-lo com maior
facilidade, é necessário aumentar o consumo de água", lembra a
nutricionista Viviane Piatecka, do Conselho Regional de Nutricionistas
da 3ª Região. O melhor é que o papel das fibras não fica restrito a dar
um empurrão ao funcionamento do intestino. Elas também são reverenciadas
por tornar a digestão mais lenta, prolongando, assim, a sensação de
barriga forrada - uma vantagem e tanto para quem quer derrubar o
ponteiro da balança.
Já na parte fofa e
geralmente branca dessa pequena notável fica guardado outro aliado do
organismo: o amido resistente. Ele passa praticamente intacto pelo
aparelho digestivo, só no intestino grosso é que micro-organismos da
flora o transformam em ácidos graxos de cadeia curta. "Ele deixa a área
mais ácida, favorecendo a proteção contra células cancerosas. Por isso, o
consumo de amido resistente tem sido associado à redução do risco de
tumores no órgão", detalha Maria Cristina, da Embrapa.
Pipocas perigosas
Mas
não vá achando que o sinal está verde para se entupir com a pipoca
vendida no cinema ou a industrializada para micro-ondas. Essas são
justamente as que merecem estar no banco dos réus. O recomendado para se
beneficiar das qualidades do alimento é prepará-lo na boa e velha
panela, com só um pouquinho de óleo para não formar uma verdadeira bomba
calórica. Se desejar, a gordura pode até ficar de fora da receita. "É
só colocar uma porção de milho em um saquinho como aqueles para pão e
vedá-lo na ponta. Depois, deixe por alguns minutos no micro-ondas",
instrui Eduardo Sawazaki, pesquisador do Instituto Agronômico de
Campinas (IAC). Está aí um lanche para ninguém botar defeito!
Receita de sucesso
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