Major diz que mil pessoas participaram da caminhada até a Sé.
Manifestantes pedem retorno dos militares ao poder.
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Em entrevista ao G1, o major da PM Genivaldo,
comandante da operação no local, disse que cerca de mil pessoas
participaram da Marcha da Família. O balanço foi feito cerca de 20
minutos antes de o grupo chegar à Sé e encerrar o ato. Já o Centro de
Operações da PM diz que 500 pessoas participaram da manifestação.Convocada pelo Facebook, o evento tinha 2,1 mil confirmações na rede social. Para a dona de petshop Cristina Peviani, de 51 anos, uma das organizadoras do evento, a nova Marcha reuniu cerca de 3 mil participantes e cumpriu o objetivo de "lembrar que existe família conservadora no Brasil".
Os manifestantes se concentraram na Praça da República e seguiram até a Praça da Sé, repetindo o mesmo trajeto da marcha original. Eles chegaram à praça por volta das 17h40, sem cruzar durante o trajeto com a "Marcha Antifascista", convocada para criticar aqueles que defendem a volta da ditadura.
Ibirapuera
Na Zona Sul, sete pessoas atenderam convite feito nas redes sociais para se reunir no Obelisco do Ibirapuera e levar uma carta ao aos militares pedindo a volta da ditadura. Eles foram recebidos na sede do Comando do 2º Região Militar.
O evento foi convocado como uma versão complementar da "Marcha da Família" convocada para o Centro da cidade. Na sexta-feira, 410 pessoas tinham confirmados presença através do Facebook. No total, 6,7 mil tinham sido convidados.
Fotógrafo ferido em ato na República.
(Foto: Marcio Pinho/G1)
Princípio de tumulto(Foto: Marcio Pinho/G1)
No centro, pouco antes de a caminhada começar, um homem foi hostilizado pelos manifestantes. Aos gritos de "Fora petista", ele foi retirado da concentração (veja vídeo acima). Também na concentração, um fotógrafo independente foi agredido. Outros fotógrafos que acompanhavam o ato disseram que ele foi atingido na cabeça por manifestantes.
Entre os apoiadores da nova "Marcha da Família", o analista de sistemas Lucas de Carvalho disse ser a favor de uma revolução civil, à qual se seguiria uma intervenção militar. "O Executivo, o Legislativo e o Judiciário já quebraram. A Constituição já caiu de podre", disse. Carvalho e vários outros carregam bandeiras azuis.
Um vendedor de softwares de 23 anos chamado Moisés afirmou que não pede uma ditadura militar, mas uma revolução em defesa de Deus, da pátria e da família. No entanto, exaltou o golpe de 1964. "Ninguém pediu o exército em 64. Na época teve uma intervenção lícita. A revolução foi gloriosa", disse.
Os manifestantes cantaram o hino nacional por volta das 16h. Depois, um dos organizadores, Bruno Toscano Franco, de 41 anos, convocou os manifestantes a iniciarem caminhada em direção à Praça da Sé. Eles caminham gritando "Fora PT", ou "não queremos eleição, queremos intervenção".
Outro momento de tensão foi quando o grupo passou diante do Metrô Anhangabaú e encontrou um grupo de pessoas com camisas da banda de rock Mettalica. Houve um princípio de confusão com manifestantes querendo cercar os roqueiros que se dirigiam ao Estádio do Morumbi, para show da banda marcado para a noite do sábado. Os participantes da marcha acharam que se tratavam de black blocks e chamaram o grupo de "lixo". Antes de haver agressões, os manifestantes perceberam o erro.
Integrante da Marcha ergue imagem de Nossa
Senhora Aparecida na frente da Catedral
da Sé. (Foto: Tatiana Santiago/G1)
ObjetivosSenhora Aparecida na frente da Catedral
da Sé. (Foto: Tatiana Santiago/G1)
Ao G1, Franco disse que a marcha surgiu da necessidade de mostrar a insatisfação “com tanto descaso, com tanta corrupção”. “A gente está cansado de viver num país em que a educação e outros serviços básicos não são no padrão Fifa”, disse. Outra motivação, segundo ele, é contar a história “verídica” do país e escondida nas escolas, na opinião do grupo. "[O presidente] João Goulart estava agindo de má fé contra o povo brasileiro, expropriando terras particulares, dizendo que era reforma agrária”, defende.
Desta vez, a ameaça comunista no Brasil é representada pelo PT. Franco cita o financiamento feito pelo BNDES para a construção do porto de Mariel em Cuba como uma prova da aproximação do governo Dilma Rousseff com os ideais comunistas. O porto foi inaugurado em janeiro com a presença da presidente.
Para Franco, a intenção do governo federal é transformar em um imenso bloco comunista a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Atualmente, doze países contando o Brasil compõem esse bloco que seria voltado à cooperação regional.
O fotógrafo atuou durante anos como aviador e é filho e neto de militares. Ele critica ainda a ausência dos valores da família e critica a defesa de criminosos por grupos de direitos humanos. “Onde estão os valores da família nesse país? Acabei de ter uma filha e não quero deixar esse país para a minha filha viver”, diz. Ele critica ainda a criação de um kit gay para discutir homofobia nas escolas.
A “Marcha da Família Com Deus pela Liberdade” ocorreu em 19 de março de 1964 e reuniu cerca de 500 mil pessoas. O ato começou na Praça da República e terminou na Praça da Sé, percorrendo no caminho a Rua Barão de Itapetininga, Praça Ramos de Azevedo, Viaduto do Chá, Praça do Patriarca e Rua Direita. A marcha foi convocada como uma resposta ao comício que o presidente João Goulart fez na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em 13 de março, quando defendeu suas reformas de base para um público de 200 mil pessoas. Os manifestantes eram contra o governo de João Goulart, pois temiam a implantação de um regime comunista no Brasil, e favoráveis ao golpe militar.
Ela foi organizada pela União Cívica Feminina, um grupo de mulheres com ligação com empresários paulistas. Segundo a historiadora Heloísa Starling, da Comissão Nacional da Verdade, a Marcha teve ainda apoio de setores da Igreja Católica e acabou se tornando o modelo para manifestações que começaram a ocorrer em diversas outras cidades.
Para a historiadora, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi a “face mais espetaculosa dos golpistas” em 1964. O ato e as manifestações em outras cidades que se seguiram fizeram parte de uma grande “frente social” que teve ainda participações de setores do comércio, imprensa e estudantes. “Era necessária essa mobilização popular para legitimar o golpe”, segundo Heloísa.
Quase duas semanas depois da Marcha, em 31 de março, o Exército mobiliza tropas e começa a tomada do poder. Em 11 de abril, o general Castello Branco é nomeado o primeiro presidente do período de ditadura, que durou 20 anos. O regime de exceção durou no país até o começo de 1985, quando o governo do general João Baptista de Oliveira Figueiredo foi sucedido por José Sarney (PMDB).
À época, Sarney era vice de Tancredo Neves, eleito pelo Colégio Eleitoral após o movimento Diretas Já. Durante a ditadura, opositores do regime foram exilados, presos, torturados e assassinados. Em 2012, a Comissão Nacional da Verdade foi instalada pela presidente Dilma Rousseff para apurar as violações aos direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar. A comissão tem até 16 de dezembro de 2014 para concluir os trabalhos.
Ainda na concentração, manifestantes exibiram cartazes. (Foto: Márcio Pinho/G1)
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