Pesquisa
Segundo autores da maior revisão já feita sobre o tema, médicos devem considerar rastrear tumores em pessoas que desenvolvem diabetes sem uma causa óbvia
Incidência de tumores de pâncreas foi maior após diagnóstico de diabetes
(Thinkstock)
Segundo Mehrdad Nikfarjam, especialista em fígado, pâncreas e vias biliares no Departamento de Cirurgia da Universidade de Melbourne, o câncer de pâncreas costuma ser descoberto em estágio avançado, quando é incurável. "Esse é um estudo importante que destaca para médicos e pacientes recém-diagnosticados com diabetes sem uma causa óbvia a importância de investigar câncer de pâncreas", diz.
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O estudo revelou que a incidência de tumores de pâncreas foi maior após o diagnóstico de diabetes e permaneceu elevada por muitos anos depois da descoberta. "A presença do diabetes continua a ser um fator de risco moderado para o desenvolvimento de câncer mais tarde na vida", afirma Nikfarjam.
Embora o número de casos de câncer de pâncreas seja relativamente baixo — no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), eles são responsáveis por 2% de todos os tipos de câncer e por 4% das mortes decorrentes da doença — a pesquisa sugere que os médicos devem considerar exames de rastreamento em pacientes diabéticos.
"Pode ser importante rastrear em todas as pessoas recém-diagnosticadas com diabetes, especialmente aquelas sem fatores de risco. Os exames também podem se estender a diabéticos de longa data", diz.
Guia de prevenção contra o câncer
Como controlar alguns dos principais fatores de risco da doença
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Álcool
Tipos de câncer que poda causar: Boca, esôfago, estômago, fígado, laringe, mama e pâncreas.
Como se prevenir: Evitar o consumo exagerado de bebida alcoólica, nunca ultrapassando duas doses ao dia.
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3 comentários:
Olá, não consigo visualizar as outras 5 dicas de como se prevenir do câncer de pâncreas....não encontrei nenhuma seta de prosseguir
Olá Rodrigo
Segundo o Instituto ONCOGUIA
Não existem diretrizes estabelecidas para a prevenção do câncer de pâncreas. Por enquanto, a melhor abordagem é evitar os fatores de risco.
O tabagismo é o fator de risco evitável mais importante para o câncer de pâncreas, sendo responsável por 20% - 30% dos cânceres do órgão.
Manter um peso saudável, ter uma dieta controlada e praticar atividades físicas também são importantes.
A relação entre o diabetes e o câncer
Sabemos que a diabetes é uma doença que pode gerar várias complicações em nosso organismo, como obesidade, problemas de cansaço e na visão. Porém, uma nova série de estudos indica que pacientes portadores de diabetes tipo 2 também têm uma propensão maior a adquirir certos tipos de câncer. Dr. Ariel Kann, oncologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, esclarece a relação desses dois diagnósticos combinados.
Quais são os tipos de câncer que pacientes com o tipo 2 do diabetes estão mais propensos a desenvolver?
Os estudos apontam que há um real aumento na incidência de câncer de pâncreas, hepatobiliar e endométrio na população com diabetes tipo 2. Há um leve aumento na incidência de câncer de cólon e reto, mama e bexiga. Existem, entretanto, fortes fatores que podem confundir esses estudos, pois muitos dos fatores de risco para ambas as doenças são compartilhados, como obesidade, redução da atividade física, dieta rica em gordura e pobre em fibras.
O motivo para pessoas com diabetes desenvolverem com maior facilidade alguns tipos de câncer ainda não está claro. Há dúvidas, inclusive, se isto decorre como efeito direto da hiperglicemia (alta taxa de glicose na corrente sanguínea) ou devido à resistência à insulina e consequente hiperinsulinemia (elevação da taxa de insulina no sangue). Uma hipótese é que muitas células malignas expressam receptores de IGF-1 (insulin-like growth factor 1) e o IGF-1, assim como a insulina, estão aumentados em pacientes diabéticos do tipo 2, sobretudo em obesos.
Existe alguma relação entre o diabetes tipo 1 e o câncer?
O diabetes tipo 1 é mais raro e há poucos estudos que avaliaram esta associação. O diabetes tipo 1 está relacionado à diminuição da produção de insulina pelas células beta pancreáticas e não está associado ao sobrepeso ou obesidade. Atualmente, baseado em estudos, não podemos dizer que o diabetes do tipo 1 leva a um aumento do risco de câncer.
Como é feito o tratamento de um paciente com diabetes que também é diagnosticado com câncer?
Há uma série de peculiaridades. Tanto na escolha das drogas (quimioterapia) quanto no manejo dos efeitos colaterais. A principal orientação quanto à alimentação é manter a regularidade, fracionar a dieta ao longo do dia e, junto à nutricionista, elaborar um cardápio baseado nas suas necessidades. Tanto para o diabetes quanto para o tratamento oncológico a atividade física é extremamente importante. Muitas vezes o endocrinologista precisa alterar as doses ou medicações para ajustes glicêmicos e esta interação entre as equipes é fundamental. A metformina, por exemplo, é uma droga antiga e muito útil no tratamento do diabetes que pode ser útil também no tratamento do câncer.
O controle glicêmico pode ser comprometido durante o tratamento oncológico? Como?
Pode, em vários aspectos. Inicialmente, pelo ganho ou pela perda de peso que pode ocorrer ao longo da doença e do seu tratamento. Além disso, uma série de medicações, principalmente os glicocorticoides (utilizados junto à quimioterapia para prevenir náuseas e alergia) costumam elevar os níveis de glicose. O stress, infecções e cirurgias também podem descompensar o controle glicêmico. Às vezes, algo simples como suspender o uso de metformina previamente a um exame de tomografia com contraste também pode comprometer o controle.
O tratamento na área de oncologia vem apresentando novidades recentes? Quais?
Sem dúvida. Nos últimos anos, assistimos a uma verdadeira mudança de paradigma no tratamento do câncer. Devido à heterogeneidade tumoral e à observação de respostas diferentes ao mesmo tratamento, muito se avançou no sentido de procurar alvos moleculares para cada tipo de tumor. Assim, caminha-se para individualização do tratamento. O aparecimento de drogas alvo, inclusive via oral, melhorou os resultados, facilitou a aderência e levou a aumentos da sobrevida com qualidade de vida. Muitas destas drogas alvo já estão na prática clinica e muitas estão em fases avançadas de estudo. O futuro é bastante promissor.
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