Bancos irão recorrer contra benefício dos poupadores
Febraban vai ao STF alegar que pagamento de juros de mora dos planos econômicos provocará danos à economia do país
Helio Almeida
Rio - A Federação dos Bancos (Febraban) vai
recorrer da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STF) a favor dos
clientes de poupança que entraram com ação alegando prejuízo dos planos
econômicos. Pela sentença do STJ, as instituições financeiras terão que
pagar juros de mora (de atraso de pagamento) dos últimos 21 anos sobre o
saldo dos clientes à época dos planos.
Um dos argumentos dos bancos é que o valor das
indenizações, que deve chegar a R$ 340 bilhões, pode provocar danos à
economia do país. A alegação é contestada pelo Instituto de Defesa do
Consumidor (Idec), que moveu a ação civil pública beneficiada pela ação
do tribunal.
Alexandre Tombini, presidente do BC
Foto: Reuters
“Os bancos vão interpor embargos de
declaração perante o próprio STJ”, informou a Febraban em comunicado. “A
Federação ressalta que a constitucionalidade das normas que instituíram
os planos econômicos depende de julgamento pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) e está confiante quanto ao mérito desta decisão”.
Para o Idec, o STJ demonstrou que não cederá à
pressão dos bancos ou do Banco Central. O órgão informou que a atenção
agora se volta para o STF, que deve julgar nos próximos dias, em caráter
definitivo, o direito dos poupadores à recuperação das perdas nas
poupanças. “Essa decisão vai além dos poupadores. Ela
discutiu a importância da ação civil pública como instrumento de acesso à
Justiça. Ela vale como milhões de ações individuais e será usada, por
exemplo, na discussão do reajuste dos planos de saúde”, disse a advogada
do Idec Mariana Alves Tornero. Caso a decisão do STJ fosse favorável aos
bancos, a dívida diminuiria de R$ 341,5 bilhões para R$
128 bilhões, nas contas da Febraban. O Idec alega, no entanto, que o
impacto do pagamentos dos juros será bem menor, beirando os R$ 8
bilhões. “Os bancos tentam aterrorizar os juízes
argumentando que o acesso ao crédito vai diminuir. Os lucros do setor
são enormes. O abalo ao sistema financeiro não é verdade”, afirma, a
advogada. “Estamos confiantes desde o começo. A Justiça sempre foi
favorável aos poupadores”, completou.
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